Furtos de azeitona e castanha afectam agricultores da região

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Ter, 19/12/2023 - 11:16


Amadeu Cidres foi um dos agricultores lesados. Tem o seu o olival em Izeda e queixa-se de lhe terem apanhado grandes quantidades de azeitona

A semana passada ficou marcada por vários furtos na região de castanha e azeitona.

12 búlgaros detidos por furto de castanhas

Oito produtores de castanha, em Vilar de Peregrinos, no concelho de Vinhais foram furtados. A GNR deteve, no passado sábado, 12 pessoas, de nacionalidade búlgara, que estarão envolvidas nos furtos. Os suspeitos estavam acompanhados por seis crianças. As autoridades apreenderam 16 sacos de castanhas, cada um com cerca de 30 quilos. No mesmo dia, acabaram por ser libertados. Esta segunda-feira, foram presentes a tribunal, para conhecerem as medidas de coacção.

“Metade do olival apanhado”

Depois dos furtos de castanhas, surgem os furtos de azeitona. A campanha já começou e em Izeda, no concelho de Bragança, há agricultores que se queixam de lhes estarem a roubar a azeitona. Um dos lesados é Amadeu Cidres. Tem entre 15 a 20 hectares de olival e no início da campanha reparou que alguma azeitona já tinha sido apanhada. “Fui apanhar a minha azeitona e encontrei metade do olival apanhado. Umas pessoas que andavam junto ao meu olival viram umas pessoas de etnia cigana à azeitona”, contou, acrescentando que apanharam cerca de “600 quilos de azeitona”, o que significa “700 ou 800 euros”, uma vez que este ano está a ser paga a “1,2 euros”. Mal se apercebeu do furto, o agricultor chamou a GNR e apresentou queixa. Amadeu Cidres diz que não é o único a ser roubado. Na aldeia há mais agricultores a queixarem-se, mas “têm receio de falar com medo de represálias”. “A população está a ver com uma certa apreensão, devido à impunidade que há. Há uma inacção, mesmo das autoridades. As pessoas também já têm alguma idade e não estão para se chatear e têm medo. Até porque pensam que não vale a pena, porque ninguém faz nada. Mas se ninguém fizer, eles continuam a fazer cada vez mais e acho que temos que defender o que é nosso”, frisou. Para o produtor, as autoridades deviam desenvolver uma acção de fiscalização, como acontece com a castanha. E uma vez que já há queixas de furtos, considera que deveria haver patrulhamento. Caso contrário, terão que ser os agricultores a pôr mãos à obra. “Ou nós nos vamos organizar e vamos ter que vigiar os nossos alivais ou as autoridades têm que tomar outras medidas”, afirmou indignado. Amadeu Cidres comunicou a situação ao presidente da junta de freguesia. Rui Simão confirma que houve queixas de agricultores, no final do mês passado, e que no seguimento das queixas, criou ainda um “edital público”, que afixou em vários locais da aldeia, onde “avisava os infractores de que era expressamente proibido apanhar azeitona em modo de rebusco, que é o aproveitamento depois dos donos fazerem a apanha, a não ser depois do final da campanha, que será lá para o dia 15 de Fevereiro, ou se tiverem autorização expressa dos proprietários”. “Comuniquei ainda aos agricultores que sempre que encontrassem alguém apanhar a azeitona ilegalmente, que comunicassem ao posto da GNR”, acrescentou. Rui Simão admitiu ainda que chegou a ver uma “família de etnia cigana” a apanhar azeitona de um olival que é propriedade privada e que não lhes pertence. O presidente da junta falou ainda com o comandante do Posto da GNR de Izeda que “garantiu que a partir daquele momento a patrulha da GNR estaria sempre disponível para ir aos locais onde houvesse pessoas apanhar azeitona de forma ilegal, desde que para isso fossem alertados para o facto”. No entanto, o autarca disse que, até agora, nunca viu o carro patrulha da GNR nos olivais, até porque “estão com muitas dificuldades de militares no posto”. “O posto chega a ter durante a noite um militar de plantão, por isso terá também alguma dificuldade em fazer essa vigia”, afirmou. No entanto, Edgar Mazeda, da GNR de Bragança, disse, ao Jornal Nordeste, que o Comando Territorial de Bragança tem “militares suficientes”.

Distrito é “seguro” mas crimes contra a Guarda e burlas aumentam

Desde 1 de Janeiro até 30 de Novembro, o Comando Territorial da GNR de Bragança registou 2356 crimes. O ano passado, ao longo do ano todo, foram registados 2364, ou seja, menos 8 crimes que o ano passado, mas o mês de Dezembro ainda não está contabilizado. Foram detidas 456 pessoas em 2022 e 402 durante os 11 meses de 2023. Ainda assim, leva a prever que os níveis de criminalidade sejam idênticos aos do ano passado. De acordo com Edgar Mazeda, da GNR de Bragança, “não se verificam grandes variações”, o que significa que a situação está “estável” e dentro dos “padrões normais” para a região. No entanto, verificou-se um aumento significativo de Ofensas à Integridade Física. O ano passado, foram registados 159 crimes desta ordem, mas este ano, já foram registados 226, ou seja, mais 67. Edgar Mazeda desvalorizou este aumento, dizendo que “não é muito significativo” e acredita que há mais crimes, porque a população está mais sensibilizada para apresentar queixa. Outro dos crimes que teve um aumento foi o de “Contra a Guarda”, ou seja, de 47 registos o ano passado, passou para 56 este ano. “Um ligeiro aumento”, visto que “nove crimes em todo o distrito, não é muito significativo”, na opinião de Edgar Mazeda. Quanto às burlas, também se verificou um aumento deste tipo de crime. Em 2022, foram registados 163 e este ano 190. “As burlas são um fenómeno de consequência da nossa globalização e depende das pessoas que apresentam queixa. Se as pessoas estiverem mais sensibilizadas para os crimes da burla, vão apresentar mais queixas e isso contribui inevitavelmente para o aumento deste tipo de crimes”, explicou o guarda. Por outro lado verificou- -se uma diminuição dos crimes contra a vida em sociedade, das quais se destacam os crimes de incêndios florestais e os crimes de condução com taxa de álcool acima do 1,2 g/l. Verificou- -se uma diminuição de 148 crimes. Para Edgar Mazeda deve-se a “uma diminuição significativa no âmbito dos crimes de incêndios florestais”, graças à “capacidade preventiva da própria GNR”e às “condições climatéricas”. Ainda assim, salientou que a região é segura. “O distrito de Bragança trata- -se de um distrito bastante seguro. Os números estão estabilizados, não há grandes variações em relação aos anos anteriores”.

Destacamento de Intervenção da GNR

A GNR tem agora um Destacamento de Intervenção. Tem sede em Bragança, mas actua em todo o distrito. Para já tem apenas 10 operacionais, mas o número pode “duplicar” no próximo ano. Segundo a GNR, este grupo de militares vai estar melhor preparado e terão mais formação, permitindo mais “mobilidade” e “eficiência” na actuação. O objectivo é “fazer face a um novo tipo de criminalidade, crimes contra a guarda, contra a população, ofensas à integridade física”. A Guarda prevê que esteja a funcionar em pleno já no próximo ano.

Jornalista: 
Ângela Pais