Qui, 09/12/2021 - 17:38
O “Chave na Mão” foi lançado há um ano e meio mas ninguém manifestou interesse em vir povoar um dos 165 concelhos de baixa densidade
O programa “Chave na Mão” deixa-nos perante uma realidade que às vezes custa engolir: parece que é o cabo dos trabalhos atrair residentes para o Interior. Em vigor desde Maio de 2020, é isso mesmo que os resultados do programa nos dizem.
Criado para incentivar residentes de municípios de forte pressão urbana a mudar-se para os territórios de baixa densidade, o “Chave na Mão” não teve nenhuma manifestação de interesse. Destinado a pessoas com casa própria nas grandes cidades, sobretudo na região de Lisboa e do Porto, não seduziu absolutamente ninguém em mais de um ano e meio.
Apesar de ser um Programa de Mobilidade Habitacional para a Coesão Territorial, o “Chave na Mão” não foi levado a cabo pelo ministério com parte do nome, o da Coesão Territorial. Ainda assim, já que é uma medida de valorização do Interior, Isabel Ferreira, secretária de Estado entregue a esta pasta, prestou alguns esclarecimentos. Antes de mais, a governante sublinhou ao Jornal Nordeste que, quando se lê uma informação destas, “fica um pouco a ideia que as medidas pensadas para o Interior não tiveram procura”, o que “é totalmente errado”. A secretária de Estado da Valorização do Interior assumiu que o que se pode daqui reter é que o programa, anterior a este Governo, “se não teve procura é porque não está bem desenhado”.
Assim, Isabel Ferreira, vincou que “é preciso pensar novas medidas”, neste âmbito. O Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, que lançou o programa, pagaria a renda pela habitação que seria deixada para trás, sendo que o proprietário continuaria na posse do imóvel e deveria receber dinheiro que permitisse cobrir os custos de vida num dos territórios de baixa densidade em que escolhesse viver. Isabel Ferreira adiantou ainda que já se começou a trabalhar de outra forma para que as pessoas dos grandes centros urbanos venham para o Interior. “Já criámos um grupo de trabalho, que se chama ‘Habitar no Interior’, coordenado pela secretaria de Estado da Habitação, mas onde eu e outras entidades estamos, precisamente para que se pense nas políticas de habitação no Interior”, vincou, avançando que, brevemente, será dado a conhecer o relatório que resulta dessa reflexão.
Ao Jornal de Notícias, o Instituto de Habilitação e Reabilitação Urbana justificou a falta de adesão ao programa com o contexto pandémico. Esclareceu ao jornal que a medida entrou em vigor no “período mais premente de confinamento”, o que “poderá justificar que ainda não tenham sido recebidos pedidos”.
Jornalista:
Carina Alves