Hotéis da região vazios na passagem de ano devido às restrições pandémicas

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Ter, 04/01/2022 - 11:38


Se passagem de ano era sinónimo de casa cheia e boa facturação para os hotéis e alojamentos locais, a pandemia veio trocar as voltas aos empresários da região

No final de Novembro, o Governo aplicou medidas restritivas de combate à covid-19 e perto do Natal as restrições foram ainda maiores. Para permanecer num hotel ou estabelecimento de alojamento é necessário apresentar teste negativo à covid-19 e certificado de vacinação, o que levou ao cancelamento de muitas reservas. Assim que foram anunciadas as novas medidas, os cancelamentos começaram sucessivamente até que os hotéis da região ficassem praticamente vazios. Nalguns casos, nem sequer chegou a haver marcações para a passagem de ano. Devido aos cancelamentos, os estabelecimentos de alojamento viram-se obrigados a cancelar a programação de passagem de ano. Foi o que aconteceu no hotel São Lázaro, em Bragança, um dos maiores hotéis da região, onde neste momento a taxa de ocupação é de 3%. “Todas as reservas que tínhamos foram canceladas, depois as pessoas começaram a marcar aos poucos. Não para o réveillon, mas pessoas que vêm trabalhar”, disse o gerente. Marcel Silveira fala em prejuízos, em relação ao ano anterior, de 150 mil euros, e nem sequer compara com os anos antes da pandemia. Alguns clientes parecem ainda não estar a par das medidas aplicadas e segundo o responsável muitos ainda não estão vacinados contra a covid-19 e outros não apresentam teste negativo à chegada. No Grande Hotel Dom Dinis, em Mirandela, houve clientes que chegaram a não reservar quarto, porque não quiseram fazer o teste de despistagem. “Já nos tem acontecido as pessoas chegarem aqui ao balcão, pedimos o teste ou para fazerem o teste aqui e as pessoas vão embora. Isto está a afastar um bocado os clientes, porque há pessoas que não querem fazer”, afirmou o responsável, Rui Patatas. As 100 reservas marcadas para a passagem de ano neste hotel também foram todas canceladas. “Tínhamos o hotel cheio, com reservas, e de um momento para outro desapareceram todas”, disse, salientando uma perda de “largos” milhares de euros. Rui Patatas admite que é “complicado” gerir o hotel nesta situação e até manter o negócio. “Isto é muito mau. Estes últimos dois anos têm sido muito maus. Ou isto melhora, ou então vai ser muito mau”, lamentou. Em Macedo de Cavaleiros, no hotel Muchacho, o cenário é idêntico. Num ano que tem sido uma “montanha russa” para o negócio, nesta época, também não passou ileso ao cancelamento de reservas. “As pessoas não estão muito para andar a fazer testes constantemente e aquilo que eu sinto é que como é tudo muito rápido e as pessoas não sabem muito bem o dia de amanhã então nem estão para marcar”, referiu o proprietário do estabelecimento. Segundo Duarte Pinto, as medidas restritivas não vêm em boa altura, visto que a passagem do ano era sinónimo de facturação. “Era sempre uma boa altura para facturar, nem tanto no Natal, porque é um bocado mais com a família, mas durante a passagem de ano nós tínhamos sempre uma boa ocupação e nós estamos a menos de metade do que era expectável em condições normais”, afirmou. Durante o ano, o hotel teve uma quebra de 40%. Alguns alojamentos locais nem sequer chegaram a abrir tendo em conta a evolução da pandemia e as novas normas. Junto à fronteira, em Miranda do Douro, nem os espanhóis procuram os alojamentos nesta altura. “As reservas este ano têm sido sempre em cima da hora, mas agora não há reservas, não há gente, não há ninguém”, frisou Paula Domingues, proprietária de um alojamento local, admitindo que as restrições em Dezembro prejudicaram o negócio. Os empresários falam de prejuízos avultados e alguns nem concordam com as medidas implementadas e mostram-se revoltados com a situação.

Jornalista: 
Ângela Pais