Cancro gástrico

PUB.
O cancro gástrico (ou do estômago) é o quinto cancro mais comum no mundo, sendo mais prevalente nos países orientais. Em Portugal, a incidência é quase quatro vezes superior à média europeia, com particular relevância no norte do país.

É a segunda maior causa de morte relacionada com o cancro em todo o mundo.

Portugal conta com o maior número de mortes por cancro do estômago da União Europeia, e é o 6.º país a nível mundial.

Esta doença oncológica afeta mais homens que mulheres e tende a surgir após a quinta década de vida.

Existem vários tipos de cancro do estômago:

- Adenocarcinoma – é o cancro de estômago mais frequente, representando cerca de 95% do total. Neste tipo de cancro a origem das células é o epitélio;

- Linfoma do estômago – tem origem nas células de tecido linfóide, glóbulos brancos do estômago;

- Sarcoma do estroma gastrointestinal (GIST) – cancro dos tecidos da parede do estômago que não são nem epitélio nem músculo. É um tumor do tecido conjuntivo.

 

Quais as causas e fatores de risco?

Não há nenhuma causa direta para o aparecimento do cancro gástrico. Existem diversos fatores de risco, que, tal como o nome indica, aumentam o risco de cancro gástrico, mas não significa que se venha a ter a doença.

 

Os fatores de risco mais frequentes são:

- Infeção por Helicobacter pylori – alguns estudos sugerem que a bactéria constitui um importante fator de risco para o desenvolvimento do cancro do estômago;

- Inflamação do estômago, gastrite crónica, em especial a gastrite atrófica (associada a um tipo de anemia chamada perniciosa);

- Alteração do epitélio do estômago para um epitélio parecido com o do intestino, chamado metaplasia intestinal;

- Presença de pólipos do estômago, seja no contexto de polipose familiar sejam como evento isolado.

- Antecedentes familiares – ter um parente de primeiro grau (pai, mãe ou irmãos) que tiveram cancro do estômago. A herança genética é responsável pelo aparecimento de 8-10% dos cancros do estômago.

- Ter uma alimentação rica em alimentos fumados e pobre em vegetais e fruta; estudos recentes sugerem que os alimentos grelhados e os churrascos podem aumentar o risco de cancro do estômago;

- Ingestão de alimentos que não foram armazenados e preparados de forma adequada, nomeadamente os alimentos conservados por fumeiro, secagem, salga ou vinagre;

- Idade – o cancro do estômago é mais comum em pessoas com mais de 55 anos;

- Ser do sexo masculino – o cancro do estômago tem uma incidência duas vezes superior nos homens face às mulheres;

- Raça – o cancro do estômago é mais comum na raça negra do que na branca

- Tabagismo – os fumadores apresentam duas vezes mais cancro gástrico comparativamente aos não fumadores

- Consumo de sal.

 

Quais os sintomas?

Na fase inicial, a maioria dos cancros gástricos não provocam qualquer sintoma, e quando provocam são normalmente inespecíficos.

Alguns dos sintomas iniciais mais comuns são:

- Indigestão ou desconforto gástrico;

- Enfartamento depois de comer;

- Discreta náusea;

- Perda de apetite;

- Sensação de queimadura (pirose).

Alguns dos sintomas em fases mais avançadas do cancro do estômago:

- Sangue nas fezes;

- Vómitos;

- Perda de peso sem razão;

- Dor gástrica;

- Icterícia;

- Acumulação de líquido na cavidade abdominal (ascite);

- Dificuldade em engolir.

 

Como se diagnostica?

Perante a suspeita de cancro gástrico é necessária a realização de endoscopia alta e biópsia da lesão encontrada. Confirmando-se a existência de um cancro gástrico, o doente deve fazer exames de estadiamento (para saber o estado de evolução do tumor).

 

Como se trata?

Tendo em conta o estadiamento da doença, a equipa clínica multidisciplinar escolherá o melhor tratamento. A maioria dos doentes terá indicação para cirurgia (que pode ser realizada através da boca (via endoscópica), por pequenas incisões na pele (laparoscopia) e “de barriga aberta” (laparotomia). Em determinados casos de cancro gástrico será necessário efetuar quimioterapia (antes da cirurgia, depois da cirurgia ou em ambos os momentos). Alguns casos poderão também ter indicação para radioterapia.

Prof. Doutora Mónica Bagueixa

Médica Especialista em Medicina Geral e Familiar no Centro de Saúde de Mirandela II

Unidade Local de Saúde do Nordeste