Projeto de Saúde Infantil acompanha famílias no domicílio

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O desenvolvimento saudável das crianças desde que iniciam o seu crescimento é uma prioridade para a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste. Para reforçar o apoio na área da Saúde Infantil surge agora o projeto “Crescer com Saúde no Nordeste”, que pretende detetar problemas em idades precoces e acompanhar as crianças e as suas famílias no domicílio.

O projeto “Crescer com Saúde no Nordeste” tem como principal objetivo potenciar a referenciação de crianças, dos 0 aos 3 anos, com possíveis alterações no desenvolvimento psicomotor, nos Centros de Saúde que integram a ULS Nordeste, garantindo o acompanhamento das crianças e das suas famílias no domicílio.
Este projeto, da iniciativa de profissionais de Enfermagem da área de Saúde Infantil e Pediatria do Centro de Saúde de Vila Flor e do Centro de Saúde de Mirandela I e da Unidade Hospitalar de Bragança, visa reforçar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância, um programa a nível nacional que envolve entidades da área da Saúde, da Educação e da Segurança Social, que têm o objetivo comum de referenciar crianças dos 0 aos 6 anos.
A ULS Nordeste, que já é parceira do programa a nível nacional através das Unidades de Cuidados na Comunidade, pretende agora identificar um maior número de casos que necessitam de acompanhamento em idades precoces, ou seja, dos 0 aos 3 anos. No Olho Clínico desta semana, as enfermeiras especialistas na área da Saúde Infantil e Pediátrica da ULS Nordeste, Lúcia Pinto e Natália Silva, explicam quais são os benefícios que este novo projeto, premiado pela Missão Sorriso, vai trazer para as crianças do distrito de Bragança.

Referenciação precoce

A deteção precoce das situações que necessitam de acompanhamento é uma das vantagens da implementação deste projeto. “Verificou-se que a referenciação para a equipa de intervenção precoce acontecia muitas vezes tardiamente, com idades superiores a 3 anos, feita na maioria das vezes pelas escolas. Desta forma, pretende-se reforçar o papel da Saúde na deteção precoce e no acompanhamento da criança/família no domicílio, nas crianças dos 0 aos 3 anos”, salienta a enfermeira Natália Silva.
Nos últimos três anos, foram acompanhadas 347 crianças/famílias no distrito de Bragança, pelo Sistema Nacional de Intervenção Precoce. No entanto, ainda há crianças subdiagnosticadas face a necessidades de desenvolvimento em alguns concelhos do distrito de Bragança.
O projeto “Crescer com Saúde no Nordeste” irá uniformizar a referenciação, através da aplicação de kit`s de apoio à consulta de Saúde Infantil, que passarão a estar disponíveis em todos os Centros de Saúde do distrito de Bragança. “Estes kit`s são jogos para as crianças demonstrarem as suas capacidades psicomotoras. Atualmente, a avaliação é feita de uma forma empírica, perguntando aos pais o que os filhos conseguem fazer, e os profissionais seguem uma determinada tabela para a avaliação do desenvolvimento”, explica a enfermeira Lúcia Pinto.
A profissional de saúde adianta, ainda, que “há estudos que dizem que esta avaliação clínica isolada deteta 30 por cento das crianças com problemas de desenvolvimento, em contraste com os instrumentos de rastreio que estão padronizados pela UNICEF, e que têm uma sensibilidade e especificidade entre os 70 e 90 por cento na identificação destas situações”. “Esta foi a nossa preocupação, por um lado, melhorar as consultas através do fornecimento de equipamento às equipas e, por outro lado, fazer com que esta deteção seja feita o mais precocemente possível, para que as equipas possam intervir”, salienta a enfermeira Lúcia Pinto.

Acompanhamento de proximidade

Este projeto vai permitir ainda fazer um acompanhamento de proximidade dos casos referenciados. “A intervenção é privilegiada no domicílio, adaptando a intervenção às necessidades da criança e da própria família. Para isso, vamos adquirir duas viaturas, possibilitando que os profissionais possam ir ao encontro dessas crianças/famílias nas suas próprias casas”, realça a enfermeira Lúcia Pinto.
O trabalho em equipa é fundamental para responder às necessidades de cada um dos casos referenciados, com atuação multiprofissional e interdisciplinar nos diferentes Centros de Saúde que integram esta ULS.
Para que as crianças com problemas de desenvolvimento psicomotor possam ser referenciadas pelas equipas de Saúde, a enfermeira Lúcia Pinto apela aos pais para não faltarem às consultas de vigilância, cumprindo o Programa Nacional de Vigilância de Saúde Infantil e Pediátrica. “Além de virem às consultas, sempre que tenham alguma dúvida em relação ao seu filho ou ao nível do papel parental devem recorrer à equipa de Saúde de família. A ULS Nordeste tem os programas implementados para benefício dos seus utentes”, acrescenta a profissional de saúde.
Também a enfermeira Natália Silva reforça a importância de uma intervenção precoce nos casos em que o desenvolvimento psicomotor pode estar comprometido. “Quanto mais cedo se iniciar a intervenção e o acompanhamento, maior é a probabilidade de nós resolvermos o problema dessa criança”, sublinha a enfermeira da ULS Nordeste.
O prémio da Missão Sorriso, no valor de 21.158 euros, vai permitir adquirir os kit`s de avaliação do desenvolvimento para todos os Centros de Saúde do distrito de Bragança, bem como as duas viaturas que vão permitir desenvolver o trabalho de proximidade.
A equipa multidisciplinar que irá integrar o projeto está nesta fase em formação, prevendo-se a sua implementação no terreno no mês de junho.