Que salve a Democracia quem pode!

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Não é de agora: a democracia corre perigo em Portugal! Correu perigo durante a vigência da chamada I República, que sucedeu à Monarquia, entre a Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910 e o golpe estado de 28 de Maio de 1926, a que se seguiram a Ditadura Militar, a Ditadura Nacional e o Estado Novo por fim. Voltou a correr perigo logo após ter sido refundada em 25 de Abril em 1974, quando o PCP tudo fez para implantar em Portugal um regime soviético, irmão de sangue do que reinava na URSS e outras forças da mesma igualha lançaram a Nação na mais insana anarquia. Foi o famigerado PREC de má memória, que só terminou em 25 de Novembro com a reposição (pela força das armas, note-se bem!) de um regime que se pretendia genuinamente democrático, justamente liberal e representativo. Regime que, embora liberal (eventualmente em excesso), vem demonstrando à saciedade não ser representativo nem estar formatado para impedir que forças espúrias, obscuras umas, expostas outras, paulatinamente desvirtuem a democracia e desgracem o Estado. Justo foi pensar que Portugal, com a abertura ao mundo que a democracia facultava, o fim das guerras ultramarinas e a forte alavanca política e económica da Comunidade Europeia, se converteria num país modelar. Debalde! A corrupção, o nepotismo e a incompetência, valendo-se dos partidos como trampolins, infestaram todas as instâncias do Estado, a dívida pública disparou, as bancas rotas sucederam-se e as desigualdades acentuaram-se. Situação que não melhorou, antes pelo contrário, com o estabelecimento da denominada ´“geringonça” liderada por António Costa, sob a égide de Marcelo de Sousa. Os escândalos banalizaram-se, a autoridade democrática passou a ser enxovalhada, o controle governamental do Ministério público acentuou-se e a dívida pública acercou-se do ponto sem retorno, mesmo antes da crise pandémica ter eclodido. A democracia desfalece e Portugal definha. As ameaças à democracia não partem, porém, de tropas amotinadas, de melícias de esquerda ou de direita que planeiem tomar de assalto São Bento ou Belém, muito menos de um qualquer André Ventura mais patriota. Vêm, isso sim, da governança incompetente, do domínio do Estado pela alta finança, da corrupção impune e das mentiras governamentais. Estão implícitas nos discursos de Marisa Matias e Ana Gomes que não escondem os seus tiques maoistas e estalinistas, paradigmáticos da esquerda totalitária, quando declaram não respeitar a vontade do povo expressa democraticamente, se não for do seu agrado. Felizmente os chavões fascistas, xenófobo ou racista com que pretendem obstar à mudança, parecem não atemorizar os portugueses. Paradoxalmente, o Regime, embora se reclame de representativo, só sobrevive porque os portugueses são constrangidos a abster-se de votar. Convém lembrar que o actual PR foi eleito, em 2016, com menos de 25% dos eleitores inscritos. O mesmo é dizer que apenas mereceu a confiança expressa de 1 em cada 4 portugueses e que mais de metade não votou. Resultado que, tudo leva a crer, se agravará nas eleições presidenciais em curso. A abstenção traduz, acima de tudo, o desencanto popular, constituindo a mais grave doença da democracia. Mais baixo não poderá descer porque a democracia o não suportará. Que salve a Democracia quem pode! Certo é que só o povo a pode salvar.

Henrique Pedro