Sex, 28/01/2011 - 11:45
A população de Lagoa, no concelho de Macedo de Cavaleiros, considera a criação de um Centro de Noite ou de Lar de Terceira Idade a maior necessidade da aldeia, assim como a mais urgente.
A localidade já dispõe de um Centro de Dia, com a valência de apoio domiciliário (com refeições e higiene das habitações), um equipamento com o qual os habitantes estão muito satisfeitos e que consideram muito útil. Para além de ajudar os mais velhos, também permitiu a criação de quatro postos de trabalho, o que possibilitou que várias mulheres pudessem permanecer na terra.
Todavia mantém-se o problema dos idosos que ficam sozinhos durante a noite. A instituição particular de solidariedade social tem cerca de quatro dezenas de utentes, 20 em regime de centro de dia e outros tantos na valência de apoio ao domicílio. “Faltava um serviço para de noite, eu estou só, trazem-me a comida a casa, mas quando for ainda mais velha se calhar já não posso tomar conta de mim. Também há algumas pessoas acamadas que precisam de outro tipo de apoio”, referiu Alcides Neves, uma septuagenária.
A população considera que se justifica a criação de um Centro de Noite ou de um Lar, porque a aldeia é das maiores do concelho de Macedo de Cavaleiros, mas tem muita população idosa, muitos deles a residir sós. “Assim podíamos ficar cá na terra, não era preciso ir à procura de um lar fora daqui”, acrescentou a idosa.
Segundo o Jornal Nordeste apurou apesar da construção de um local para a pernoita dos seniores ser uma das maiores reivindicações da população, a curto prazo não há nenhum investimento previsto nesse sentido.
Aldeia grande, mas com poucos habitantes
A localidade já perdeu a escola primária e o infantário. As crianças são transportadas para Morais, uma aldeia vizinha. Uma perda que é lamentada pelos populares, que dizem que agora têm um campo de jogos bonito e moderno, no entanto não há quem o utilize.
É opinião unânime entre os habitantes que Lagoa é uma terra rica e com muitas potencialidades para a agricultura, sobretudo para a oliveira, existindo dois lagares de azeite, um deles comunitário. “Não se vê ninguém na rua porque ainda andam muitos na apanha da azeitona. Cá há muito azeite”, referiu Alcides Neves.
O termo da localidade é atravessado por dois rios, o Sabor e o Azibo, e por uma ribeira. Quem lá vive tem orgulho na terra e destaca o património construído, como a igreja matriz e quatro capelas, bem como as duas antigas fontes de mergulho. De interesse é também o património natural, uma vez que perto de Lagoa, a caminho do rio Sabor, há algumas ocorrências geológicas interessantes, tais como os Gnaisses de Lagoa, rochas com mais de mil e cem milhões de anos, e a Descontinuidade de Conrad, em que colocando a nossa mão sobre ela, mais de trezentos milhões de anos separam o nosso dedo mindinho do nosso indicador.