Ter, 18/11/2008 - 10:55
O artista trabalha numa pequena oficina instalada na aldeia de Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, uma terra de artesãos e empresas ligadas à cutelaria e tanoaria.
Francisco Cangueiro considera-se um “autodidacta”, já que o gosto em fazer peças esculpidas em madeira surgiu quando era criança. Actualmente, há esculturas do artesão espalhadas um pouco por toda a Península Ibérica.
“ A minha dedicação ao artesanato começou com uma paixão antiga. Comecei a brincar e a actividade depressa se tornou num caso sério, dedicando-me a tempo inteiro ao artesanato”, frisou o artesão.
Longe vão os tempos em que Francisco Cangueiro trocava a escola pelo artesanato, tal o entusiasmo em confeccionar as suas canetas e lápis. “No tempo de liceu faltava às aulas para ir à procura de ponta de madeira de freixo para fazer esferográficas. Depois vieram outros objectos de pequena dimensão. Deixei os estudos, e agora esta é a minha forma de vida”, conta o artífice.
A sua experiência no mundo empresarial começou numa das mais conceituadas fábricas de cutelaria de Palaçoulo. No entanto, Cangueiro depressa se apercebeu que tinha de ter a sua própria empresa e, em 1990, dá inicio à actividade de artesão/ empresário por conta própria.
Artesão/empresário quer construir um novo pavilhão para aumentar a produção
O artista apresenta-se como um empreendedor e tem em mente ampliar o espaço onde trabalha. Para tal aguarda que seja criada uma pequena zona industrial em Palaçoulo, onde quer construir um novo pavilhão para poder aumentar a produção de peças artesanais.
Francisco Cangueiro garante que o mais importante no seu trabalho é a pureza dos objectos manufacturadas. “ No artesanato não há duas peças iguais, apesar das técnicas serem praticamente as mesmas que se utilizavam antigamente, tal como a qualidade dos materiais”, argumenta.
Actualmente, Cangueiro não tem mãos a medir. Os trabalhos produzidos esgotam num instante e, por vezes, tem dificuldade em satisfazer todos os pedidos. Mesmo assim, faz os possíveis e os impossíveis para criar as peças encomendadas pelos clientes.
“Nada é impossível. Até faço objectos por medida, como por exemplo Ceias de Cristo, canivetes, foles, estatuária, brasões ou qualquer outro trabalho esculpido em madeira da região ou exótica”, explicou o artesão.
No entanto, as cutelarias representam a maior produção, com elegantíssimos cabos esculpidos em materiais nobres, como é o caso de patas de animais de caça, dentes de javali, cornos de veado ou marfim.