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Os fumadores de Vale de Salgueiro

Ter, 13/01/2009 - 11:57


Mais uma vez, Vale de Salgueiro, no concelho de Mirandela, acolheu a celebração dos Reis. Esta é uma tradição tão antiga que nem as pessoas mais idosas se recordam da sua origem, que aparece associada à dança da “murinheira”, de origem celta, e ao estranho hábito de colocar toda a população a fumar.

Pequenos e graúdos reúnem-se nesta data para fumarem cigarros. Homens, mulheres e, até, crianças de colo participam nesta tradição, sendo que são os próprios pais a comprar os maços de tabaco aos filhos. Contudo, depois da noite do dia 5, acabou a fumaça.
A celebração dos reis começa, assim, na tarde do dia 5 do primeiro mês de cada ano, em que o rei, acompanhado da sua corte e dos gaiteiros, percorre a aldeia, transportando sacos e cabaças, cumprimentando todos os habitantes e deixando em cada casa tremoços e vinho.
As pessoas juntam-se no largo onde uma monumental fogueira vai ardendo no combate ao rigoroso frio trasmontano. Quando o rei chega da sua visita, um faustoso jantar é servido a toda a população, sempre ao som da música festiva dos gaiteiros que, mesmo quando estes estão a comer, não pára. Quem vai dando por terminado o repasto, desfruta do animado baile popular, onde se dança, também, a murinheira à qual, apenas, os resistentes e melhores dançarinos chegam ao fim.
Esta tradição, de origem Celta, é dançada em roda por casais, primeiro a passo, para depois se ir acelerando até passadas de dança picada de braços abertos bem esticados, com as pernas a trocarem-se no bater bem ritmado.
Quem se cansa vai saindo, sendo que o par vencedor é o que resiste a dançar sozinho. Uma situação que é repetida vezes sem conta.

Reis fazem a ronda pela aldeia, onde visitam as habitações

Já na manhã do Dia de Reis, o rei volta a visitar todas as casas da aldeia, mas agora para receber o tributo dos súbditos. Segue-se a missa e o rei encontra-se com todos os jovens no fundo da igreja, donde sai para comungar acompanhado do seu escolhido.
O novo rei ajoelha-se e recebe a hóstia com a coroa que o seu antecessor tira para a colocar, sob forte aplauso, na cabeça do sucessor.
Terminada a eucaristia, tem lugar a procissão à volta da igreja que termina na casa do novo coroado, onde servem vinho e bolachas. Segue-se o cortejo da corte do antigo rei, que leva, novamente, a coroa na cabeça, até sua casa onde oferece um almoço caprichado.
Depois do repasto, pela tarde e alta noite, a murinheira volta a ser a estrela e alegria de Vale de Salgueiro.
E todos os anos, sem interrupção, os jovens de vale de Salgueiro vão-se sucedendo uns aos outros no reinado por um ano com a responsabilidade de manter, bem viva, esta tradição que faz regressar por dois dias todos os nascidos na terra nesta grande festa que é, indubitavelmente, um pólo de amizade e união.