class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-171267 node-type-noticia">

            

Tosquiadores sem fronteiras

Qui, 28/05/2009 - 16:36


José Costa, 44 anos, é o mestre de um grupo de jovens tosquiadores que, depois de terminarem a campanha em Trás-os-Montes, procuram mais trabalho em Espanha.

Depois dos rebanhos da Terra Quente e do Planalto, estes homens vão para o país vizinho, onde percorrem centenas de quilómetros para tosquiar, de forma mecânica, nas zonas de Alcanices, Puebla de Sanábria, Zamora e, até, Benavente.
Esta aventura teve início há seis anos, altura em que os tosquiadores portugueses viram em Espanha uma oportunidade para rentabilizarem a sua arte. “Vimos que havia aqui grandes rebanhos, começamos a vir, constatamos que era rentável e desde então vimos todos os anos”, realça José Costa.
O Jornal NORDESTE encontrou o grupo de tosquiadores do distrito de Bragança em Almendra, uma localidade na zona de Zamora, onde a criação de gado é uma das principais actividades. O dia começa cedo e prolonga-se até os homens terminarem a tosquia de todas as ovelhas do rebanho. “São cerca de 800 ovelhas. Ficam todas prontas hoje”, acrescenta José Costa.
Às 4 da tarde, Ramiro Preciso já tinha tosquiado mais de 130 animais, um número que pode aumentar ou diminuir consoante as facilidades ou dificuldades impostas pelas próprias ovelhas. “O número varia entre os 150 e os 200 animais. Se a lã estiver limpa é rápido, agora se tiver terra ou estiver melada é mais complicado e derrama a lâmina”, afirma Ramiro Preciso.

Criadores de gado da vizinha Espanha elogiam a rapidez dos tosquiadores portugueses

Com o suor a escorrer pela cara, os tosquiadores demoram entre 1 a 2 minutos a tirar a lã a cada ovelha, um trabalho árduo que se reflecte na saúde. “Os primeiros 8 dias são complicados, a partir daí o corpo habitua-se. É preciso o tosquiador adaptar-se ao animal, o material cortar bem e ganhar posições, para atenuar as dores nas costas”, revela Fernando Pires.
O gosto em lidar com animais é um requisito para quem decide seguir esta arte e passa cerca de seis meses a tosquiar ovelhas. “Quando trabalhávamos só em Portugal, a campanha decorria entre Fevereiro e Abril. Agora, em Maio vimos para Espanha e andamos cá até finais de Junho”, acrescenta José Costa.
No país vizinho, esta actividade torna-se mais rentável, visto que os rebanhos variam entre as 800 e as 1000 ovelhas, ao passo que em Portugal os maiores rebanhos não ultrapassam as 150 cabeças. Mas, se antes esta zona de Espanha não tinha tosquiadores suficientes para tirar a lã a tantos animais, agora os espanhóis voltam a dedicar-se a esta arte para fazer face à crise. Mas, os portugueses continuam a ser preferidos. “São trabalhadores e bons companheiros”, acrescenta Manuel Salas, um tosquiador natural de Fronfria (Alcanices), que se junta a este grupo.
Por sua vez, o criador de gado Felipe Luís, que já faz a tosquia com portugueses há 8 anos, mostra-se satisfeito com o seu trabalho.
Na próxima edição, o Jornal NORDESTE dá-lhe a conhecer o destino tradicional da lã no distrito de Bragança, através do testemunho de Arminda Veiga, uma fiadeira que resiste na vila de Argozelo.