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A VISÃO (e o resto)

Desde há dez anos que a Fundação Champalimaud atribui o Prémio da Visão no valor de um milhão de euros no que é o maior prémio mundial nesta área. É conhecido nos meios científicos como o Nobel da Cegueira. Inicialmente apresentado nos jardins do mosteiro dos Jerónimos, transferiu-se para o belíssimo anfiteatro que a Champalimaud tem em Algés, com vista para a foz do Tejo proporcionando expetáculos de grande beleza. Este ano cumpriu a tradição com um ecrã gigante em pleno Tejo de onde surgiu, qual tritão, André Gago declamando o Mostrengo de Fernando Pessoa acompanhado à guitarra portuguesa em diálogo com uma pequena orquestra clássica que tocava no topo leste e com um grupo de percussão que marcava o ritmo no cume poente. A cerimónia do décimo aniversário trouxe como novidade ser a primeira patrocinada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e isso não foi de menos, como se verá.
Leonor Beleza abriu, cumprindo a tradição e repetindo uma história encantadora que já tinha contado numa edição anterior com a justificação de estarem na assistência dois dos seus protagonistas e que não resisto a partilhar. Este casal lusitano fez uma longa viagem pela Índia em scooter levando sempre visível a bandeira nacional. Pararam num local remoto, no sul, junto a um restaurante de estrada em cuja esplanada um velho indiano estava sentado. Despertou-lhe a atenção a bandeira verde e vermelha ostentada pelos forasteiros e, apontando para ela, começou a falar algo que estes não entendiam. Um tradutor ocasional, permitiu-lhes um breve diálogo. O que o velho dizia era muito simples: sabia bem de que país era aquele símbolo pois fora devido ao financiamento vindo de lá que ele podia agora ver. O primeiro beneficiário do Prémio Visão foi o Instituto Indiano Atavind Eye Care System que tem como maior finalidade erradicar a cegueira evitável. Tem a sua ação nas zonas rurais junto de pessoas sem recursos, tendo sempre o cuidado de explicar aos seus utentes a fonte dos financiamentos que proporcionam os tratamentos, gratuitos para quem não os pode pagar.
A curiosidade sobre a forma como Marcelo iria marcar a diferença, não saiu defraudada. Começou por garantir que o seu nome não era precedido por qualquer título universitário o que tem especial significado naquele lugar povoado, é certo pela nata da sociedade lisboeta mas, igualmente, pela elite dos cientistas que exercem em terras lusas. O anterior foi sempre anunciado como Professor Aníbal Cavaco Silva. Estando presente seria óbvio que Marcelo não o iria ignorar. Como iria tratá-lo? Com a argúcia que lhe é reconhecida dirigiu-se ao seu antecessor e a Ramalho Eanes, também presente,  tratando-os por “Presidente”. Não deixou, contudo de deixar uma subtil alfinetada quando, perante a emocionada Maria Luisa Champalimaud, anunciou a condecorção a título póstumo de António Champalimaud, lamentando que a “República” não tivesse já reconhecido o gesto generoso do filantropo. Independentemente dos juízos sobre a carreira profissional do empresário assumindo claramente que ele próprio no passado o elogiara algumas vezes e criticara algumas outras.

Do calçar

Repetiu-se o desconcerto do ano passado. Honrei um convite de envernizamento social. Há quem fure, penetre, mova mundos e fundos de modo a farandolar uma horas, raramente gasto tempo em tais passadiços de corte e costura linguístico de exibição de roupinhas cintilantes, sapatos tacão de agulha e quejandos. Às vezes tem de ser. Enrolo o corpo em roupa a condizer, calço sapatos confortáveis. Prefiro os resistentes Sebago.
No ano ido arregalei os olhos a fim de melhor apreciar os chinelos nos pés de estimado amigo, o efeito colhido levou-me a soltar chiste sonoro: “esses chinelos lembram os dos carteiristas, silenciosos e aptos a fugas rapidíssimas!”. Dos sorrisos passámos às gargalhadas quando um ministro do governo passista chegou até nós trazendo nos pés chinelos idênticos, só diferiam na cor do pano.
Desta feita dois dos convivas arrastavam chanatos, não eram outra coisa, lembrei-me de imediato dos lastrados nos pés de reformada profissional da mais antiga profissão do Mundo residente na Boavista (Bragança), a qual dava um toque de classe aos seus porque um deles tinha redondo buraco a permitir ao dedão mostrar-se revelando unha de luto pesado.
A diferença centra-se nos materiais empregues, no lustroso feérico pelo efeito do Sol e das luzes, mas não passam de chanatos, de luxo, chanatos apenas. Um dos visados galhofava acusando-me de terrível conservador, só faltou comparar-me ao Botas de Santa Comba, que tinha o pé boto.
O melhor surgiu depois, rapazão do aparato revisteiro cor-de-rosa exibia a torto-e-a-direito sapatos cujas solas eram vermelhas benfiquistas, tanto as mostrou, que só o receio de enfadar o anfitrião impediu-me dizer ao pimpão para dependurar os sapatos nas orelhas, pois não sendo de abano à Rodrigues dos Santos, não eram ratadas.
Fora do quadrado colorido dos comentários misturados em tem-te em pé e bebidas refrescantes, o visto revela quão grande foi a transformação no vestir e calçar dos portugueses nos últimos quarenta anos, longe vão os tempos (ainda bem) das socas abertas e fechadas, dos socos cravejados de brochas e bota de atanado a defenderem os pés da maioria da população que até aos anos sessenta do século passado em grande parte andava descalça.
Agora ninguém se espanta ao ver luzir faiscantes sapatilhas em pessoas de avançada idade, agora ninguém se benze quando partes generosas dos corpos se revelam nas ruas e cafés, pois bem, para a história da estupidez autocrata ficou a ordem de prisão do estudante de Vinhas, a mando da mulher do governador civil de Bragança. Para a história da bacoquice os olhares de inveja e estultícia de gente tida como assisada ao contemplar o casacão/sobretudo de couro verde e gola farfalhuda de pele, bem vestido pelo Fernando Tozé, no seu regresso de Londres, já no dealbar dos anos setenta.
Enquanto permaneci na velha urbe brigantina, já detentor de fundos a possibilitar tal, calçava sapatos segundo as indicações do Sr. Vitorino (o Vitorino) alma-mater da Sapataria da Moda. Além de atilado vendedor, o Vitorino também conseguia meter na ordem um menino gordo, possuído da doença de S. Vito, (traquina), em permanente desassossego, sobrinho neto do Senhor Alberto Rodrigues.
O menino era parente de formosa rapariga, mal ela assomava à janela do segundo andar do prédio da Sapataria, recolhia olhares admirativos e cobiçosos de homens e rapazes de todos os talantes, sem suficiente talento para a conquistar. O menino cresceu, enveredou pela carreira política, tem sabido manter-se na bancada central. Chama-se Pedro Pinto.
Entre sandálias abertas, à romana, os turistas adoram-nas, é vê-los sentados rente ao Tejo a tirá-las e a enfiarem o indicador de uma das mãos nos intervalos dos bípedes no fito de coçarem o sebo, e os usuais sapatos de atacadores, perpassa cromática miríade de artefactos chamados calçado, a jorrar mais-valias tão necessárias ao revigoramento da economia portuguesa.
O primeiro-ministro foi a Milão participar na sofisticada e extravagante Feira Mundial do calçado. Fez bem. Quanto mais exportarmos melhor. A competição é feroz, especialmente vinda do Brasil. O caso das havaianas rasas.
Num espaço do El Corte Inglês vendem-se havaianas ao modo de pãezinhos nas padarias. Não lhe vejo diferenças relativamente aos chanatos, pior, são ruidosas no arrastar, obrigam-nos a fixar calosidades pintalgadas de surro negro.
Os meninos pobres das aldeias escondiam-nas no pó acumulado nos caminhos. Descalços recebiam frescura enterrando os pés nos torrões desfeitos pelo sol abrasador.
Nunca devemos esquecer as agruras suportadas pelos nossos ancestrais, não nos caem os parentes à lama por causa disso.
Bertoldos sem vergonha têm vergonha do mau passadiço dos pais e avós. Desavergonhados!

Raid agrícola por terras da Lombada

Ter, 13/09/2016 - 09:51


A ninguém passa pela ca­beça o fenómeno do amor e amizade da família do tio João. No início deste mês o nosso Chico Cubo, artista do povo no acordeão e órgão, comemorou as suas bodas de ouro de vida: 50 anos. Ofereceu um jantar a cerca de 80 pessoas, no pavilhão multiusos de São Julião de Palácios. Parte desse grupo era da família do tio João, pessoas que andaram muitos quilómetros, desde Murça, Carrazeda de Ansiães e de al­gumas aldeias do concelho de Bragança.

Setembro, sangue e cinzas

Ter, 13/09/2016 - 09:34


No nosso hemisfério o mês de Setembro ainda é tempo de festa, de fartura de frutos que perfumam os ares e nos concedem instantes de eternidade, quando lhes mordemos a polpa e de promessas de vinho novo, esse néctar que as olímpicas criaturas nos revelaram, valorizando a liberdade e autonomia, que

King of Portugal regressa a Vimioso

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Qua, 07/09/2016 - 11:30


Vimioso prepara-se para receber a edição deste ano do King of Portugal (KOP). A competição produzida à imagem do conhecido desafio “The King of The Hammers” dos EUA começa no dia 14 deste mês e termina três dias depois, no dia 17.

Bronze e prata para Mirandela

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Qua, 07/09/2016 - 11:27


Catarina Dias, Ana Pinto e Paulo Branco, atletas do Ginásio Clube Mirandelense, arrecadaram medalha de prata e bronze ao serviço da Selecção Nacional de Kickboxing de Juniores no campeonato do mundo da Wako, que terminou no sábado em Dublin, na Irlanda.