Conferência debateu desafios da Europa
ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES
Se já é Assinante, faça o seu Login
INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL
Qui, 03/05/2018 - 10:15
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 03/05/2018 - 10:15
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 03/05/2018 - 10:09
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 03/05/2018 - 09:58
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 03/05/2018 - 09:41
Se já é Assinante, faça o seu Login
Qui, 03/05/2018 - 09:34
Anualmente, no dia 5 de maio, a Direção-Geral da Saúde comemora o Dia Mundial da Higiene das Mãos, de acordo com o projeto da Organização Mundial de Saúde “WHO Save Lives”, cuja linha orientadora é: “Lave as Mãos: Salve Vidas”. Este dia internacional destina se a chamar a atenção da população e dos profissionais de saúde para a importância da higienização das mãos, com o objetivo de melhorar as boas práticas a nível dos cuidados de saúde.
O comissário Bartolomeu Gomes da Cruz procurou nos livros paroquiais de Carção o assento de batismo de João Oliveira, mas não encontrou. Foi à cadeia de Bragança onde estava presa Ana de Oliveira, (1) sua irmã, e esta lhe disse que João nascera por 1657, “em um lugar junto à vila de Mansilha de las Mulas, termo de Leão - Castela”, onde seus pais viveram alguns anos, no tempo da guerra da Restauração. Dele ficou ainda o seu retrato físico: “alto de corpo, grosso, cara morena, grande, redonda, olhos correspondentes a ela, cabelo negro, crespo e curto”. E ficou a memória de ter sido o único cristão-novo de Carção relaxado em estátua, no auto da fé celebrado em Coimbra em 17.10.1694.
António de Oliveira, e Catarina de Leão foram seus pais. O casal residiu em Izeda (2) e a família repartia-se ainda por Vimioso, Carção e Argozelo, indo, mais tarde, aumentar a emigração para Castela. De regresso à pátria, António Oliveira fixou-se em Carção, onde foi “obrigado do açougue”.
Em Carção se criou o pequeno João Oliveira que depois casou com Catarina Lopes ou Pires e ali assentou morada, dedicando-se à criação de sirgo e fabrico de seda. E tinha também uma criação de sirgo na aldeia de S. Martinho do Peso, termo da vila de Penas Roias, atualmente do concelho de Mogadouro, onde assistia às temporadas, especialmente no verão, acaso por ali haver maior abundância de alimentos.
Na sequência das denúncias de celebração “pública” do Kipur em Carção, nos anos de 1688 e 1689, bem como das noticiadas “missas” judaicas celebradas pelo seu primo Domingos, também João Oliveira e Catarina Pires, sua mulher, foram mandados prender pela inquisição de Coimbra, em 21.5.1691. A ordem foi dada ao comissário da inquisição Bartolomeu Gomes da Cruz que dessa honrosa missão encarregou o padre Ciríaco Annes, da vizinha aldeia de Santulhão. (3)
Planeou o padre Ciríaco proceder às referidas prisões na igreja, no decurso da missa do domingo, 17 de junho. Prendeu apenas a mulher, já que ele não estava. Disse-lhe aquela que João tinha ido buscar folha de amoreira para os bichos, mas que à tarde regressaria a casa. Não esperou o abade. Meteu-se a caminho da vila de Algoso e ali, deixou a prisioneira, entregue ao juiz de fora. Meteu-se depois a caminho, em busca de João. Foi encontrá-lo no caminho entre Algoso e Campo de Víboras, em sítio “ermo e despovoado”. Vinha conduzindo uma égua carregada com sacos de folha de amoreira.
Astuto, o abade cumprimentou-o e pediu que fosse indicar-lhe o caminho para a aldeia de Matela. Anuiu o criador de sirgo, certamente a custo, pois tinha de voltar para trás. Andaram a distância de um tiro de pistola e João, depois de apalpar os bolsos, disse que perdera o lenço e que tinha de voltar atrás a procurá-lo. Aceitou o padre, tentando nele inspirar confiança. Porém… breve topou que Oliveira se distanciava e não voltaria. Antes cortou as cordas da carga e deixou cair os sacos de folha, montando a égua e pondo-se em fuga pelo monte. Espicaçou o padre a sua égua, em perseguição do fugitivo, que apanhou. Envolveram-se então em luta feroz, corpo a corpo.
A história foi contada com todo o colorido pelo próprio padre e repetida por seus amigos e correligionários como o padre da vila de Algoso. Saboreiem um pouco da sua prosa:
- Tanto que viu que o dito padre se vinha chegando a ele, puxou da espada, requerendo-lhe que se fosse embora, que o deixasse; e com esta deliberação se apeou o dito padre puxando de uma catana que trazia e investiu e estiveram por espaço de meia hora brigando, tirando-lhe muitas estocadas (…) e lhe tirou a espada da mão e tratou de o prender com umas cordas, de pés e mãos, para melhor segurança… (4)
Devia ser forçudo e destemido o abade. Ou teria o Oliveira algum escrúpulo em o trespassar à espada? Facto é que, estando o padre a atar-lhe as mãos e os pés, João Oliveira ripou de uma navalha e “com ela lhe deu duas facadas, uma por baixo da teta esquerda, e penetrante, de sorte que por ela saía a respiração e outra da mesma parte, junto ao quadril; e vendo-se ele dito padre mortalmente ferido…”
Terminou a luta com o Oliveira a deixar no sítio o chapéu, a casaca, a espada e a sua bainha, enquanto o padre pegava na dita espada e, com a mula pela rédea, incapaz de montar, e se dirigia para a estrada. Logo apareceu um homem de Campo de Víboras, com um jumento carregado com duas “saqueadas” de pão que ali deixou para montar o abade no jumento e levá-lo à vila de Algoso onde foi assistido por um cirurgião, pois “vinha todo extravasado de sangue” – no dizer do pároco de Algoso.
Obviamente que de tudo se fez mais tarde um inquérito, com o padre Ciríaco a fazer uma descrição dramática dizendo que apenas queria “um confessor para se confessar e dispor de sua consciência por entender que poucas horas tinha de vida”. João Oliveira, por seu turno, foi visto passar pelo sítio da Fonte do Ladrão, picando a égua e dizendo: “anda égua dum cabrão, para me livrares desta ocasião”. Ali foi conhecido por uma tal Reyna que andava segando para Domingos Vaz, a quem contou que “o conhecera muito bem, indo a cavalo em uma égua vermelha, sem capa, nem chapéu, nem espada (…) e lhe disse que ia para Sendim”. Na verdade não tomou o caminho de Sendim mas o de Uva e Palaçoulo, onde o avistaram também, internando-se depois em Castela.
Claro que a inquisição sempre foi muito generosa para os seus fiéis servidores e, por isso, logo que a notícia do caso chegou a Coimbra ordenaram os inquisidores ao comissário Bartolomeu da Cruz (5) “que da parte desta mesa o busque, significando-lhe o nosso sentimento e mandando-lhe acudir com os cirurgiões mais peritos e médicos necessários e medicamentos que uns e outros lhe receitarem e o familiar Manuel Cardoso de Matos (6) concorra com o dinheiro necessário e a seu tempo mandaremos satisfazer o que se houver gastado”. Em resposta, diria o padre Ciríaco que “beijava os pés de Vossas Senhorias pela honra que lhe deram e que se achava já muito melhorado e livre de perigo e a ferida quase sã; e oferecendo-lhe todo o dinheiro que quisesse para satisfazer aos cirurgiões e mais gasto, o não quis aceitar”.
E pouco mais temos a dizer sobre o consequente processo instaurado a João de Oliveira, pelo tribunal do santo ofício de Coimbra, concluído com a sua condenação à morte, queimando-se a sua “estátua”. Logicamente, a “bandeira” com o seu retrato foi pendurada na igreja da terra de sua morada e seria a única que ali ficou depois do célebre roubo dos sambenitos de Carção, de acordo com o testemunho de Maria Cordeira, dizendo:
- Eram muitos, chegavam da parte da epístola até ao altar de Santo António e da outra parte ainda estava um que era de João de Oliveira que queimaram em estátua, que foi o que deu as facadas no padre Ciríaco de Santulhão e foi este que mais tempo ficou na parede da igreja, pois não tinha parentes no lugar. (7)
Notas:
1-Certamente que Ana de Oliveira estava na cadeia de Bragança à espera que se organizasse a leva de prisioneiros para Coimbra. ANTT, inq. Coimbra, pº 1244, de Ana de Oliveira.
2-Em Izeda viviam também os pais de Domingos Oliveira, que foi relaxado, conhecido como o “rabi de Carção”. – NORDESTE, Jornal nº 1117, de 10.4.2018. Catarina de Leão apresentou-se voluntariamente na inquisição de Coimbra em 30.9.1667 – ANTT, inq. Coimbra, pº 6421, de Catarina de Leão. ANDRADE e GUIMARÃES – Carção Capital do Marranismo - Associação Cultural dos Almocreves de Carção, Associação CARAmigo, Junta de Freguesia de Carção e Câmara Municipal de Vimioso, 2008.
3-IDEM, pº 2173, de Catarina Pires, a Lebrata, de alcunha. Saiu condenada em confisco de bens, cárcere e hábito perpétuo, no auto da fé de 17.10.1694.
4-IDEM, pº 9411, de João de Oliveira.
5-Bartolomeu Gomes da Cruz era natural de Caminha, reitor da colegiada da igreja de Santa Maria de Bragança. Foi-lhe passada carta de comissário do santo ofício em 1689 – ANTT, Habilitações, mç. 2 doc. 51.
6-Manuel Cardoso de Matos, boticário, morador em Miranda do Douro, casado com Maria Rodrigues, obteve carta de familiar do santo ofício em 1676 – ANTT, Habilitações, mç. 27, doc. 623.
7-IDEM, pº 7503, de Tomás Lopes.
Recorda a D. Maria Antónia, que já conta 101 primaveras, os tempos onde, através da porta deste forno comunitário majestoso, eram cozidas as peças moldadas pela sua mãe, e outras louceiras a laborar neste ofício, na freguesia de Pinela. Com saudade, ainda vislumbra de madrugada o seu pai carregando a mula com pratos, panelas, cântaros, cantarinhas, púcaros e barrinhões rumo à Feira da Torre Dona Chama que dista em cerca de 46km.
A utilidade da louça era de tal ordem que, na década de 1950, encontravam-se em atividade centros oleiros nas aldeias de Vila Boa de Carçãozinho, Paredes e principalmente Pinela. Nesta última, existiam seis louceiras (D. Maria Carolina Caravela, D. Eufêmia de Jesus, D. Laura Caravela, D. Encarnação dos Anjos, D. Felicidade Afonso e D. Maria de Cândida Afonso). Além das lides da casa, estas Mulheres ainda regavam as suas hortas e ajudavam os seus maridos quantas vezes o fosse necessário. A olaria colmatava os poucos tempos livres, e permitia contribuir para o equilíbrio financeiro destas famílias que vendiam as suas produções nos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Vinhais, Vimioso e Mirandela.
Na década de 1970, o distrito de Bragança já só conta com dois centros oleiros. O primeiro no Felgar (Moncorvo) e o segundo, em Pinela (Bragança).
Em 1980, esta Tradição já só subsiste, no concelho de Bragança, através da D. Maria de Cândida Afonso conhecida como “pichorra”. O seu legado cumula agora com o de todas as louceiras, mulheres das suas casas, e Mães partidas para a Jerusalém Celeste.
Um estereótipo onde, entre a pobreza e o sacrifício, sobressaem a resistência e resiliência, aliado ao amor pela criação, pelo desejo de ser útil, e de servir destas mulheres transmontanas.
Foram com mãos duras, firmes, mas com toque macio, que se moldaram utensílios e autênticas peças de arte utilitárias. Nesse entretanto, foi com o “jeito” e paciência que estas mulheres aproveitavam para voar nos seus sonhos e mergulhavam nos seus pensamentos mais íntimos, enquanto os seus corações exprimiam, através das suas mãos, as vontades do subconsciente.
Com abril em caminho e maio a chegar, recordamos este passado com a mesma saudade que a D. Maria Antónia pois como ela, vimos a Tradição transmutar em tradição. A modernidade transformou o barro em porcelana, os carros de bois em automóveis, a produção artesanal em indústria mecanizada, automatizada e sujeita a um mercado cada vez mais globalizado e de massa.
Com abril em caminho e maio a chegar, vislumbramos a célebre Feira das Cantarinhas. Um certame secular que contribuiu e contribui, ainda hoje, para o desenvolvimento económico do Concelho de Bragança. Se outrora as louceiras escoavam nelas as suas produções para fins utilitários, assistimos hoje à transmutação desta cantarinha para um artefacto decorativo com profundo significado cultural e emocional.
A Tradição transmuta em tradição através das mãos da última oleira (D. Julieta Alves) da freguesia de Pinela que, através da sabedoria transmitida pelas suas antepassadas, mantém viva a chama das suas memórias, honrando o compromisso de perdurar a mestria deste ofício em via de extinção. Felizmente, este ano, não faltarão na feira as tradicionais cantarinhas.
Dir-me-ão que a tradição já não é o que era. Pois bem, não será preferível vê-la transmutar do que extinguir-se? - Eu prefiro.
Entendo ser dever dos Municípios, das Juntas e Uniões de Freguesias e principalmente das populações valorizar, proteger e procurar ser o recetáculo da Tradição sob pena desta sumir juntamente com as memórias dos nossos antepassados. Se uma das grandes questões existenciais assenta sobre o facto de nos questionarmos donde vimos, não descuremos o facto de sabermos quem fomos e, consequentemente, quem somos.
Com abril a caminho e maio a chegar, o dia da Mãe na esquina espreita. Com ele, e para todas as Mães que, como as louceiras de outrora moldaram com Amor e educação retratada pelas suas mãos gastas, firmes mas ao mesmo tempo macias, os seus filhos. Ousemos dirigir-lhes um profundo agradecimento e reconhecimento, onde quer que estejam, pelo verdadeiro significado da palavra: Mãe.
Alex Rodrigues
Bibliografia:
- Francisco Manuel Alves – Memórias Arqueológico-históricas do distrito de Bragança, 1938.
- Belarmino Afonso – A cerâmica artesanal no distrito de Bragança, sua diversidade e extinção global, 1982.
- Artes e tradições do nordeste – Exposição (Catálogo), Mirandela, 1987.
Qua, 02/05/2018 - 16:37
Olá familiazinha!
Já entrámos em mais um mês de 31. É o quinto do ano e tempo de puxar bem pelo lombo. Além disso, Maio é o mês das flores e dedicado a Maria.
A Primavera já nos trouxe o Verão e no fim-de-semana passado, voltou a trazer o Inverno. Por isso também se voltou a fazer cinza.
Recordam-se de vos falar na Ana Beatriz, de cinco anos? Depois da operação, o nódulo foi extraído e parece que tudo voltou à normalidade. Entretanto tem falado para o programa, para mostrar a sua gratidão a todos quantos pediram por ela. Quem também nos deu conta da sua preocupação foi o nosso tio Sebastião José Eira Velha, de Cernadela (Macedo de Cavaleiros), visto que a sua neta, de 24 anos, está entre a vida e a morte, depois de ter sofrido um enfarte. Claro que a nossa família não se esquecerá dela nas suas orações e oxalá que em breve vos possa dar boas notícias.
Na passada semana, além do nosso tio Francisco Gomes, de Santalha (Vinhais), que comemorou um século de vida, também estiveram de parabéns a tia Maria Vieira (66), de Seixo de Ansiães (Carrazeda de Ansiães); o tio Fernando Correia (77), de Zava (Mogadouro); a tia Maria Lúcia (60), de Pinelo (Vimioso); o tio Óscar (40), de Couto de Ervededo (Chaves); a tia Sofia Machado Castro (56), de Sendim (Miranda do Douro); o tio Gualter, de Agrochão (Vinhais); a tia Justina Ferreira (81), de Grijó de Parada (Bragança) e, por fim, o filho da tia Maria da Perna Gorda, de Castelãos (Macedo de Cavaleiros), que veio ao mundo há 44 anos, à hora e no dia da revolução dos cravos. Parabéns a todos e que continuem a festejar a vida connosco.
Neste número vamos falar das “hortas postas” e homenagear o nosso tio centenário e também relembraremos as tradições do primeiro dia de Maio, que ainda se mantêm em algumas das nossas localidades.
A Base das Lajes traz-me de imediato à memória a célebre cimeira que carimbou a polémica e injustificada decisão de invadir o Iraque que fomentou e potenciou a escalada do radicalismo islâmico cujos efeitos nefastos estão ainda a atormentar-nos e a infernizar o dia a dia da atualidade. Dos participantes nessa reunião de má-memória, começa a ocupar-se o tempo, com o esquecimento que a história reserva a muitos dos seus menores atores e a irrelevância crescente dos que não souberam dar adequada dimensão às oportunidades que lhes foram disponibilizadas. Do terreiro ocupado pelas tropas americanas na Praia de Vitória, há agora que cuidar da contaminação ali perpetrada ao longos dos muitos anos de ocupação militar. E já não seria pouco para tão mitigadas “compensações”. Há, contudo, neste acordo de parceria com o outro lado do Atlântico, um “pequeno pormenor” em que o displicente interesse norte-americano pode, mais uma vez, representar um sério e grave prejuízo para os interesse lusitanos e para os superiores interesses nacionais.
Entre outros, um dos resultados das trapalhadas, incompetência e submissão ao poderoso loby das armas, do presidente Bush-filho, foi a infame prisão de Guantanamo, que o mesmo se encarregou de fazer ocupar por vários acusados, justa ou injustamente, de atos de terrorismo, fosse na sua execução, conceção ou cooperação. Não tenho pretensão de julgar quem quer que seja, muito menos, quem foi preso ilegalmente e mantido em cativeiro de forma desumana, mesmo que assumindo que possam ter cometido todos os crimes que lhe são imputados. Contudo tal não me pode impedir de ter as minhas convicções. Tenho para mim que a maioria dos ocupantes do presídio americano em solo cubano são radicais islâmicos ou porque já o eram quando ali foram retidos ou porque se radicalizaram fruto da revolta contra os seus captores e da convivência com muitos extremistas.
Barack Obama foi eleito a prometer encerrar a célebre prisão. O máximo que conseguiu foi dispersar parte dos prisioneiros por países amigos. Companheiros, desde o referido almoço da ilha Terceira em que o nosso primeiro-ministro de então resolveu ser anfitrião em nome e a mando do dirigente ianque, tocou-nos em sorte receber um dos encarcerados a quem foi concedida a “libertação”. Em agosto de 2009 foi acolhido em Portugal, Moammar Badawi Dokhan, capturado em 2002, sob a suspeita de pertencer à Al-Qaeda do Afeganistão. Desde então reside no nosso país, vigiado de perto pelas autoridades policiais portuguesas. Foi uma dor de cabeça para o DCIAP receoso que o sírio pudesse protagonizar alguma ação terrorista quando da visita do Papa a Portugal no ano passado levando em boa conta a revolta pela situação em que se encontra, revelada pelo próprio, numa entrevista ao Diário de Notícias.
Confio que o patrulhamento das autoridades policiais será eficaz, sem deixar de referir o custo acrescido da vigilância especial que lhe é dedicada. Não quero crer que possa haver um atentado no território português levado a cabo pelo ex-preso. O custo da possível perda de vidas é de um valor incomensurável, não havendo forma de o medir pelo que nem me atrevo a equacionar.
Contudo a simples existência de um possível gérmen de uma célula terrorista pode, só por ser possível, como esta é, configurar um prejuízo de uma dimensão enorme! Portugal atravessa uma fase positiva de desenvolvimento quer ao nível económico quer, sobretudo, ao nível de emprego. Um dos principais motores é, sem qualquer dúvida, o turismo. É verdade que temos bom tempo, simpatia, boa comida e bom acolhimento. Sempre tivémos. Não houve acréscimos significativos nem em termos absolutos, nem relativos. Aconteceu que muitos dos destinos tradicionais perderam ou viram diminuir drasticamente a segurança para pessoas e bens, enquanto que em Portugal se manteve. E esse sim é, provavelmente, o maior e mais precioso ativo lusitano. Perdê-lo ou diminui-lo teria consequências dramáticas!