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Quase poema… ou das memórias do nordeste

Ao fim da tarde regressamos à casa das nossas memórias, dum tempo onde todos os sonhos eram possíveis materializáveis nas prendas dum Cristo antiquíssimo que todos os anos nascia à beira do nosso Presépio pobre, construído à imagem e semelhança da pobreza da nossa aldeia transmontana.
Vamos acender lume que aqueceu mil invernos para esquecermos a geada e a neve buraqueira que cobre as telhas velhas que abrigaram muitas gerações.
Já matamos o porco, fizemos as alheiras, os chouriços, os salpicões e os butelos. Salgamos os presuntos e gastamos as noites à espera que o calor da lareira seque o fumeiro que será o aconchego de muitos dias.
Esta noite não veio ninguém para a nossa velada e ainda sobrou meia alheira que assamos em lume brando. Por isso, aqui estamos às voltas com os nossos pensamentos, pensando esta terra brava onde os homens obrigam as fragas a dar trigo, azeite, vinho, como quem troca suor pelos melhores produtos da natureza.
O Nordeste transmontano é sem dúvida esta rusticidade de têmpera velha, onde o tempo parou avaro duma cultura ímpar, cheia de mitos, de lendas, dum saber fazer ancestral onde o milagre da mão tece o linho, fia a lã, molda o barro, coze o pão.
Ligamos a televisão e o mundo é grande e orgulha-se do conhecimento científico, das novas tecnologias, do poder da engenharia genética. Os ricos combatem outros ricos e os pobres continuam a ser cada vez mais pobres. Contemplamos o Planeta sentados no escano da nossa casa, onde o nosso avô dormiu regalado no aconchego da manta velha, e sem saber porquê temos saudades de nós, temos saudades desta Terra a Nordeste que tem que preservar o passado e ao mesmo tempo conquistar o futuro.
Fala-se muito em desenvolvimento sustentado e ainda bem, pois temos que travar um certo crescimento saloio que nos envergonha, que transforma o nosso espaço urbano, cheio de riquezas arquitetónicas, numa amálgama de cimento, de prédios sem alma na ausência do vagar do pedreiro que morreu e levou consigo a delicadeza de afagar as pedras.
Contudo, este relicário transmontano não pode ser o último reduto para estudo duma antropologia que tragicamente vem participar na morte anunciada duma cultura que resiste, dolorosamente, à avassaladora cultura de massas. O Nordeste tem que renascer das cinzas e não podemos assistir serenamente à morte de tantas aldeias, onde há casas, fontanários, caminhos, mas onde o último habitante partiu há muito e para sempre.
O Distrito de Bragança está a atravessar uma profunda crise de sobrevivência e contudo quando lemos determinadas teorias ficamos com a impressão que ainda é aqui que encontramos a dignidade perdida da humanidade, porque existem sinais de esperança, de que ainda é possível encontrar o homem ético capaz de viver em sociedade.
Pela constatação de alguns paradigmas sociais, parece-nos que a nostalgia dum paraíso perdido regressa aos horizontes das nossas vidas. Sonhamos de novo com o homem comunitário, que não se reduz ao sonho perdido das aldeias de Rio de Onor, ou Guadramil, mas que finalmente tem a dimensão da permanência no nosso quotidiano. Para este homem comunitário o bem-estar da sua comunidade está em primeiro lugar e o seu próprio bem-estar é relegado para segundo plano.
Remexemos memórias e de novo encontramos o homem solidário, respeitador dos valores, das crenças, dos mitos, que em comunidade administra a sua propriedade e em comunidade define regras de comportamento e perspetivava o desenvolvimento em função de padrões comunitários.
Contudo, quando olhamos para a sociedade contemporânea onde impera um capitalismo liberal, no pior sentido do conceito, onde o dinheiro se sobrepõe ao homem, onde há cada vez maior pobreza e maiores riquezas, onde existe a exploração do homem e o apelo ao consumismo é constante, ficamos com dúvidas se o homem comunitário das nossas memórias transmontanas não será um paradigma perdido.
Mas, acreditamos que, é necessário agarrar a esperança, nem que seja a última esperança para que o homem transmontano ainda possa viver numa região de velhos comunitarismos, com dignidade e com moralidade.

Vendavais - As fronteiras

No mundo tanto das ideias como dos países ou dos comportamentos humanos, há fronteiras que muitas ultrapassam e outros querem ultrapassar ao mesmo tempo que muitos se preocupam em as defender a todo o custo.
Quando o homem andava pelos montes e vales e a Terra era um simples paraíso onde não havia fronteiras, as preocupações limitavam-se em conseguir o sustento para os próximos dias. Não era coisa fácil, mas era constante o problema que ocupava as mentes dos primeiros homens. Não é menos importante hoje a mesma inquietação, mas já o desassossego é menos intenso. A fronteira, embora ténue, marca a linha entre a saciedade e a fome ou a morte.
Outras fronteiras existem bem mais marcantes nos dias de hoje em todas as vertentes. Não me refiro somente a fronteiras físicas, pois se essas são delimitadas politicamente, outras situam-se no patamar da consciência e da responsabilidade ou mesmo da ética, seja ela psicológica ou de teor diferente.
Confrontamo-nos diariamente com situações deste género que nos parecem cada vez mais objeto de críticas profundas e de reparos indispensáveis. As fronteiras do razoável são frequentemente ultrapassadas e pouco se faz para inverter as situações. Limitamo-nos a desabafar vitupérios e a dizer que “este mundo está a ficar louco”! E mais não parece!
Os meios de comunicação social enchem os títulos com enormes paragonas onde nada pulula a não ser o desastre, a morte, o assassinato, o ataque gratuito, a ameaça. Tudo no limite do que seria desejável, tudo muito para além do razoável ou do possível.
Felizmente, ainda há fronteiras que, ao ultrapassar nos dão uma imensa alegria e satisfação. Não são passíveis de sanções ou críticas, antes pelo contrário. Foi o caso, por exemplo de termos ganho o campeonato europeu de Futsal, derrotando a Espanha e tornando-nos, pela primeira vez, campeões da Europa da modalidade. Ultrapassámos uma fronteira difícil, mas conseguimos. Para a Espanha, a notícia surgiu quase em rodapé dizendo que eram subcampeones europeus de futsal! Sobre Portugal, nada. A fronteira está lá. Ténue, no limite, mas está. Eu compreendo que os espanhóis não tivessem gostado de perder tão importante troféu, mas a nós deu-nos uma alegria imensa e a única fronteira que está em causa é somente a de nos tornarmos pela primeira vez campeões europeus e não por termos derrotado a Espanha, pois se tivéssemos derrotado na final qualquer outro país, a alegria seria a mesma. A fronteira é a que separa a vitória da derrota e nada mais.
Mas há fronteiras que nos metem medo quando ultrapassadas. Por exemplo a da Coreia do Sul. Os jogos olímpicos de inverno que decorrem na Coreia do Sul, levaram a que, por uma qualquer razão que é desconhecida, se permitisse que a Coreia do Norte participasse com alguns atletas e que a irmã do ditador Kim ultrapassasse a fronteira que os separa. Para um país que ameaça com uma guerra nuclear e que não acata as recomendações internacionais perante os desmandos que comete, não seria espectável uma tal atitude que nos remete para uma desconfiança extraordinária. Claro que, com um pouco de boa vontade, eu até sou levado a considerar que esta atitude vem embrulhada numa tentativa de reconciliação não só com o parceiro do Sul, mas também com a comunidade internacional. Na verdade, estando a sentir-se absolutamente estrangulado economicamente e tendo ao seu lado, com muita condescendência, a China, Kim tenta através do desporto, fazer uma jogada de mestre e livrar-se do peso enorme que o avassala. Ultrapassar a fronteira do inimigo irmão, pode relança-lo para uma outra fronteira, a da possibilidade de uma paz económica com os que lhe negam a abertura necessária da sobrevivência. A necessidade a tudo obriga. Resta-nos saber se o presidente dos EUA consegue também ele, ultrapassar a fronteira do desejável e do razoável, não atirando mais achas para uma fogueira que já está demasiado quente. De Trump não se espera grande coisa, pois se alguém ultrapassa todas as fronteiras e mais algumas, é ele. Uma coisa, para já marca o ultrapassar desta fronteira sulcoreana. O facto de ficar o convite para o presidente do Sul visitar a Coreia do Norte. Será que Seul vai aceitar? Possivelmente sim, num esforço de manter a paz tão necessária na região, mas se a tensão abrandar não significa que o problema existente esteja resolvido ou que as fronteiras voltem a ser abertas e facilmente ultrapassadas.
Mas as fronteiras do razoável continuam a ser pisadas e abusadas por muitos de nós seja no aspeto político ou até no nosso querido futebol. Aqui tudo acontece a começar pela fronteira do recente VAR e dos presidentes dos clubes. Uns queriam e já querem, outros não queriam e já querem. Ninguém se entende. Pelo meio, uns perdem e e outros ganham, com VAR ou sem VAR. Simplesmente pelo facto de que ainda há árbitros que conseguem ver as fronteiras entre o que é real e o que é uma autêntica farsa. Simplesmente fronteiras.

Resultado pesado

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Ter, 13/02/2018 - 16:43


A equipa barrosã valeu-se da inspiração de Baba Sow. O ponta de lança senegalês fez hat-trick e carregou os comandados de José Manuel Viage para a vitória. 

Mirandela vence e chega-se aos lugares cimeiros

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Ter, 13/02/2018 - 16:34


É o melhor registo dos alvinegros esta temporada. A formação treinada por Rui Borges vive dias tranquilos, nas últimas seis jornadas soma um empate e cinco vitórias. A última por 1-0 frente ao Merelinense, na jornada 20 do Campeonato de Portugal.