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Vinhais Extreme um exemplo na formação de jovens ciclistas

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Ter, 14/11/2017 - 15:34


Fundada em 2011 a Vinhais Extreme (VE) tem-se afirmado no panorama regional do ciclismo e não só. Este ano a associação da capital do fumeiro estreou-se no duatlo e no triatlo. Uma aposta ganha em termos de resultados já que arrecadou o título por equipas do Circuito Regional Norte Jovem.

O flagelo indefensável dos refugiados, no romance Uma Bondade Perfeita, de Ernesto Rodrigues (com a qual o escritor vence o Prémio Pen Clube da Narrativa 2017)

O amor é forte. / Que coisa forte que é a loucura. / Porque a
loucura canta minada de portas. / Nós saímos pelas portas,
nós / entramos para o interior da loucura.

Herberto Helder (Cruz, 2004: 349)

 

O mundo dobra-se ao peso da injustiça.

(Rodrigues, 2016: 170)

 

O ato de ler a prosa de Ernesto Rodrigues implica, por parte do leitor, ter tempo, para ler devagar, demoradamente, pois, só assim, como lembra Herberto Helder, no poema “Para o leitor ler de/vagar”, o leitor apreenderá os temas, os motivos e as ideias que enformam as obras literárias.
Sem dúvida que Ernesto Rodrigues, quando escreve, tem em mente, não o protótipo do leitor atual, mas, pelo contrário, um lente que “descanse” na lentidão da leitura, como única via de fruir e de apr(e)ender a palavra do escritor.
Nos tempos hodiernos marcados pela vertigem alucinante da (des)informação e da “inexistência de tempo”, este autor exige-nos a tranquilidade de espírito, a leitura atenta e demorada, como um meio libertador da angústia presente. Por conseguinte, o romancista, numa atitude de pertinácia perseverante, consciente e intrépida, convoca o leitor para uma leitura reflexiva, num ambiente de silêncio difícil de encontrar na atualidade, como assevera George Steiner: “o silêncio tornou-se um enorme luxo. Os jovens têm medo do silêncio”. E acrescenta: “o que vai acontecer às leituras sérias e difíceis?” (Steiner, 2011).
Ernesto Rodrigues tem, pois, plena consciência do “sacrifício” que pede ao leitor, intuindo, ainda, as mesmas dificuldades elencadas por Steiner, ao afirmar: “quanto à literatura pesada, deixá-la ficar. Dá dores de cabeça e cansa os músculos”. Pois “as linhas prenhes de prosa derreiam boas intenções” (p. 67).
Para o intelectual francês, “a literatura escolheu o domínio das pequenas realizações pessoais”. Ora, pelo que já se afirmou acima, a postura do autor de Uma Bondade Perfeita não corrobora essa prática, mas, pelo contrário, numa atitude completamente antagónica, não desiste de interrogar a sociedade, questionando-a, com o fito de levar o leitor à autognose.
Uma Bondade Perfeita é, à semelhança da anterior produção romanesca do autor, uma obra fortemente estruturada, onde a trama é pensada de forma holística, para que o mais ínfimo pormenor ocupe e sustente de forma harmoniosa a estrutura global do romance.
O livro encontra-se dividido em duas partes: I – “A NOITE DO CONVENTO”; II – “A VIRGEM E O MENINO”. A primeira subdivide-se em três capítulos, obedecendo rigorosamente à mesma estrutura interna. O número que abre cada capítulo apresenta uma breve contextualização do mesmo, a que se seguem quatro entradas devidamente intituladas. A segunda parte apresenta mais um capítulo, funcionando o quarto como desenlace.
O título da primeira parte remete o leitor para a grande analepse, narrada pelo frade ex-jornalista Filodemo, que concilia, de forma inteligível, os segmentos narrativos. O da segunda remete o leitor, auxiliado pelas imagens da capa, para a problemática central do romance, o drama dos refugiados. Assim, só próximo do final da obra se dá o (re)encontro entre mãe e filha separadas à nascença. Este enleio, segundo pensamos, poderá corroborar a opção do autor pelo Amor/Bondade que, como lembra a epígrafe de Herberto Helder, luta perenemente contra o Mal/Loucura.
A escrita do autor é pautada por um despojamento assinalável, muito próxima da poesia, musa que o autor também venera, cingida ao essencial, reduzida apenas ao osso. Aliás, esta ars narrativa é defendida e cultivada por outro grande vulto da literatura, também transmontano, José Rentes de Carvalho.
Salientamos, ainda, a recuperação da técnica queirosiana de utilizar os verbos com um significado diferente, alargando, assim, o campo semântico dos mesmos. Este recurso permite, também, realçar a cáustica ironia, marca indelével do autor, que valora esteticamente o texto. Vejamos alguns exemplos: “um silêncio roçou” (p. 33); “mas algumas províncias ainda rezingavam” (p. 114). E, por fim: “hienou ela” (p. 186).
O processo narrativo assenta na analepse (cf. Reis e Lopes, 1996: 29), como se deduz das palavras iniciais do romance, pronunciadas por Clemente: “— quero contar como fui convidado a matar minha mãe” (p. 9). Este repto é aceite pelo frade/Filodemo também ele narrador, “peguei na história, cujo fim estava por horas” (p. 10). E “agora, conto eu” (p. 134).
Deste facto resulta que, em termos diegéticos, no romance são audíveis duas vozes. Quem comparece no convento é Clemente (p. 20), com o propósito de salvar a mãe, Alcina, acusada e presa injustamente. Com esse desiderato, expõe o que viu ao frade/Filodemo. Este, por sua vez, passa a narrador apoiado nas revelações de Clemente, na primeira parte da obra, e no caderno de Ágata, na segunda, “a letra irregular do diário conta a sua via dolorosa” (p. 87).
O tempo cumpre no romance uma função axial. O cronológico abrange 38 anos de 1972 a 2010, como lemos na epígrafe, qual epitáfio tumular, inicial da obra.
O psicológico, associado, em particular, à grande violência, tanto física como mental, a que as personagens são expostas, facilita ao leitor a compreensão das forças, que se digladiam continuamente no romance: o amor/bondade e o ódio/maldade.
O tempo da intriga é condensado, à semelhança do que acontece na tragédia grega e no drama romântico, em apenas 8 dias, ou seja, de 22 de fevereiro a 1 de março de 2010. O argumento começa às “sete horas de uma noite fria, sexta-feira, 5 de Março de 2010” (p. 9). Ato contínuo, Clemente e Filodemo desenrolam, em flashback, a trama narrativa até ao epílogo: “na missa de sétimo dia por alma de Ágata, em 8 de Março de 2010, Indira e Clemente misturavam lágrimas” (p. 194).
A frieza das relações humanas, minadas pela desconfiança, indiferença e intolerância pessoal e coletiva, atravessa a narrativa, onde o silêncio propicia a introspeção. Pois, como menciona Steiner, “apenas o silêncio nos ajuda a encontrar o essencial em nós”.
O silêncio, por vezes, é maculado pela presença dos outros, “dirigindo-se ao bar, onde lhe punham à frente, em silêncio sujo, sanduíche de presunto e um copo de leite” (p. 16). O silêncio, alimento do espírito, é associado ao nutriente corporal (sanduíche), “após o que, transportava a sua dose de silêncio para a banca de jornais e lia os títulos” (p. 16).
A crítica à justiça e à forma de a exercer serve de pano fundo ao romance, “os poderes da capital, que se esgadanhavam na reforma de uma justiça que ninguém via: justiça e reforma” (p. 27).
O jornalismo é-nos apresentado como presa dos grupos económicos, destituído da sua nobre missão de informar. “O jornalismo inventa quanto pode. Distraído, não explica. Ou deixa-se levar com duas cantigas pelo grupo económico” (p. 27).
Por fim, registamos a hipocrisia humana face às guerras intestinas que, tanto em 2010 como no presente, devastam as nações e mergulham milhares de refugiados no abismo:
“tanto sacrifício para um fim trágico, no fim de uma guerra esquecida, perdida para a humanidade em cada Afeganistão, que se esvaía, éden para os encenadores do mal, como inevitáveis eram seus «danos colaterais»: aviões aliados massacravam civis. Vigorava o «fogo amigo», demasiado «amigo», ali. As autoridades arribavam desde a véspera, segundo hierarquias e horas de maior audiência; a oposição ao governo vociferava, à distância, para repórteres sedentos, enquanto o olhar sobrevoava poças vermelhas; operadores de câmara eram apanhados em serviço, alguns interpelavam um céu fechado…” (p. 73).
Perante este retrato, que mais palavras se poderão usar para descrever os horrores da guerra, a dissimulação dos governantes, a parcialidade e a teatralidade dos meios de comunicação, a não ser, uma vez mais, as do próprio autor: “«Ele não tinha princípios; tinha fins.» Não: antes de mais, a maldade era um meio. O mal pelo mal deliciava o seu homem” (p. 76).
Uma breve palavra sobre os dois textos citados no romance. O de Séneca (p. 57) justifica o título do livro, corroborado pelos ícones da capa, que recorre às palavras do filósofo latino, e remete o leitor para o amor, a bondade e a perfeição, na aceção de Eça. Refira-se, ainda, que estes matizes já estavam plasmados na carta 34, do livro IV (cf. Séneca, 1991: 125, 126).
O outro intertexto presente na obra é retirado do texto bíblico, Génesis, 6: 5-6 (p. 63), onde se lê que Deus se arrependeu de criar o homem. Se o texto de Séneca justifica e legitima a bondade de várias personagens da obra, a citação bíblica remete o leitor para a maldade, o ódio e o desrespeito pelas normas sociais, personificados na personagem Menigno.
Sendo um truísmo afirmar que se compreendem melhor os tempos modernos lendo os clássicos, onde a magnificência e a crueldade humana se cristalizaram, não é menos verdade que em Uma Bondade Perfeita o ser humano tem uma oportunidade singular para se confrontar com os dois paradigmas (bem/mal) que regem a humanidade e, deste modo, fazer uma opção consciente.
Enfim, tudo depende do arbítrio do ser humano, porque, como escreveu outro clássico, Sófocles, no primeiro estásimo da tragédia Antígona, “Muitos prodígios há; porém nenhum maior do que o homem” (1987: 52).
Este prodígio da natureza vive, ab initio, como joguete, nas mãos destas duas forças primordiais, sendo que esta dicotomia abala, ininterruptamente, a natureza humana. Cabe, pois, a cada pessoa saber agrilhoar uma e alforriar outra. São vários os exemplos literários onde a bondade prevalece. O mesmo acontece em Uma Bondade Perfeita, onde o bem triunfa, lembrando-nos a sentença de Virgílio “Amor omnia vincit” (Bucólicas, 10, 69).
Terminamos com a derradeira proposição da mencionada carta de Séneca: “Não segue o caminho da verdade aquele cujos atos discordam do que afirma”. Ora, a postura de Ernesto Rodrigues tem mostrado que o termo coerência não é, para ele, uma palavra vã, tanto cívica como literariamente.
 

NÓS, TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS António Fernandes Videira (V. Flor, 1566 – 1624 Relaxado)

Em dois processos que lhe instauraram se diz que ele era natural de Vila Flor, mas ele próprio dizia ter nascido no Porto, pelo ano de 1566. Batizado com o nome de António Fernandes Videira, era filho de Manuel Fernandes Videira, de Torre de Moncorvo e de Beatriz Cardoso (Baeça), do Porto. (1) Nesta cidade passou uns 6 ou 7 anos de sua juventude, porventura iniciando-se na vida de tratante. Casou com Filipa Rodrigues, filha de Lançarote Rodrigues.
Em outubro de 1602, foi preso pela inquisição de Coimbra, em cujas celas passou 29 meses. Saiu depois de abjurar de seus erros, beneficiando do perdão geral de 1605. (2) Por Vila Flor terá continuado até ao fim da década, fazendo viagens de negócios por Espanha, nomeadamente por Madrid, Granada, Pego e Baeza. Daquelas partes trazia sedas, sobretudo, as quais vendia no reino. Veja-se um pequeno exemplo:
- Morando em Vila Flor, no ano de 1606, veio a Aveiro com uma carga de tafetás, veludos e outras sedas, as quais havia despachado na alfândega de Bragança e a meteu na dita alfândega da vila de Aveiro…
Mas a terra trasmontana seria já demasiado estreita para as ambições comerciais de António Videira e, por 1611, o casal estabeleceu morada na cidade do Porto, ao Padrão de Belmonte. O tratante de Vila Flor afirmava-se já como um grande mercador e logo tomaria também o título de rendeiro. E não eram umas quaisquer rendas que ele arrematava, mas de grossos cabedais, daquelas que exigiam mais de 4 contos de réis à cabeça, como eram as rendas da Chancelaria e as do peixe.
Também os horizontes, os parceiros e os produtos comerciais mudaram, acrescentando rotas marítimas com ligação ao Brasil, de onde recebia caixas de açúcares que depois vendia para Castela e países do Norte da Europa. Resumindo a sua atividade, uma testemunha diria que António Videira “cobrava o dinheiro das sisas e despachava barcos”.
No seio da endinheirada burguesia Portuense, Videira afirmava-se como empresário de sucesso, a avaliar pelas relações mantidas com membros das famílias Pina, Tovar, Cunha, Isidro, Preto, Vila Real, Espinosa… (3)
No ano de 1618 a cidade foi varrida por um furioso vendaval lançado pela inquisição. Mais de 100 grandes mercadores, ourives, banqueiros, rendeiros… a elite da burguesia portuense foi arrastada para as celas de Coimbra. A ponto de, contra as normas, António Videira ter ficado no mesmo cárcere de seu tio Domingos Henriques e de outro mercador do Porto, explicando os inquisidores:
-Por serem mais os presos daquela cidade que os aposentos dos cárceres, era forçoso que alguns estivessem juntos. (4)
E tão atulhados de papéis estavam os notários que, estando um ano e meio preso em Coimbra o nosso biografado, nenhum auto foi acrescentado ao seu processo. Apenas o inquisidor Barreto de Meneses escreveu umas notas no seu caderno, as quais foram depois transcritas para o processo organizado em Lisboa, explicando-se ali:
- Por serem muitos os presos e os notários mui ocupados…
Sim, que em Março de 1620, António Videira foi transferido para os Estaus onde todo o processo se desenrolou. A começar pelo inventário de seus bens, o qual tem um extraordinário interesse para o estudo do desenvolvimento urbanístico de Vila Flor onde ele tinha duas casas de dois sobrados, com quintal e um pedaço de tapado e mais uma casa térrea com um lagar na Rua que vai para a Fonte; outras casas sobradadas na Rua Nova, “com portas para ambas as ruas e saída sobre o muro do concelho”; tinha mais umas casas térreas na Rua da Portela e ao S. Martinho. Fora de Vila Flor, tinha uma casa servindo de tulha ou armazém em Foz Tua e uma casa sobradada em Braga, cidade onde tinha também o contrato da Chancelaria.
De propriedades agrícolas citamos a Quinta da Barquinha, com uns 7 hectares, um souto ao Arco, um olival e um tapado ao Vale de Maria Farinha e outro ao Grilo, que levava 50 alqueires de semeadura. Tinha mais umas herdades em Samões e umas oliveiras em Vilarelhos.
Obviamente que o grosso de seus dinheiros andava investido contratos, letras e demandas por dívidas, sendo o fidalgo Manuel de Sampaio um dos grandes devedores. Investimento maior no comércio, tendo em trânsito para o Brasil quantidade de fazendas, pregaria e ferragem, contra encomendas de açúcares em vários barcos, com os cabedais necessários entregues a vários mestres de navios, que nunca se devem meter os ovos todos no mesmo cesto.
Escusado será dizer que as denúncias de judaísmo choveram sobre ele. (5) De contrário, durante os quase 6 anos que esteve preso, Videira não denunciou ninguém, antes apresentou contraditas bem credíveis, como alguns juízes reconheceram na sentença. E quando constatou que não adiantava provar que era bom cristão nem as contraditas relevavam, ensaiou uma defesa eminentemente jurídica e teológica. Vejamos as suas próprias palavras:
- Sendo presas as ditas pessoas que ele réu aqui pôs expressas e declaradas (…) por culpas que delas havia, a justiça as obrigou a jurar (…) e lhes foi dado juramento se eram cristãs, disseram que sim, sendo falso (…) e cada uma delas, depois de terem jurado e ratificado nos ditos juramentos, confessou andar apartado da nossa santa fé católica e serem judeus havia anos, por onde ficaram perjuros, de modo que a seu testemunho se não deve dar fé.
Assim tratadas de perjuras todas as testemunhas, Videira, pôs em causa a seriedade de dois inquisidores de Coimbra. Um deles, chamado Gaspar Borges de Azevedo, tio afim do meirinho Diogo Monteiro, de Torre de Moncorvo a quem o seu irmão Diogo Fernandes dera bofetadas e espancara. O outro era Simão Barreto de Meneses, que o Videira acusava nos termos seguintes:
- Nas audiências e admoestações que fazia aos presos (…) lhes fazia tanto medo e ameaças e os tratava com tanto rigor nas palavras, que andavam assombrados (…) e o dito senhor Simão Barreto de Meneses ia todos os dias aos cárceres duas e três vezes, a qualquer hora do dia, e mandava açoitar na sua presença assim homens como mulheres (…) dizendo a cada uma delas primeiramente se queria confessar que os não açoitaria; e por dizerem que não tinham que confessar, os mandava açoitar até lhes correr sangue, dizendo em altas vozes que se ouviam pelo cárcere “dai, dai nesse cão, matai-o” (…) e tantos e tão cruéis castigos eram os que no dito cárcere se faziam por modo contínuo em homens e mulheres, que dizia publicamente o alcaide Simão Fernandes “eu não sei que vos faça, não vos posso valer, sou mandado, não tendes outro remédio senão confessar e sair daqui, que isso é o que quer o inquisidor” (…) e muitas pessoas, com muitas opressões e rigores e grandes crueldades que no dito cárcere se faziam de contínuo, diziam publicamente que por se livrarem de tal aperto, diziam tudo o que quisessem…
Onde se viu tão clara denúncia dos métodos da inquisição? Invocar o testemunho do alcaide dos cárceres contra o inquisidor?!
Finalmente, quando lhe leram a sentença tomada em Lisboa, na “junta dos senhores inquisidores e prelados”, António Fernandes Videira apresentou “embargos de nulidade e suspeição de retaliação” baseados no facto de um dos membros da “junta” ser o inquisidor Pero da Silva Sampaio, apresentando provas de que o pai e um irmão do dito inquisidor eram inimigos do réu e de sua família, havendo-se registado grandes brigas entre eles e muito especialmente com o seu sogro Lançarote Rodrigues.
Claro que nenhuma destas contraditas e suspeições foi aceite e António Fernandes Videira acabou queimado na fogueira do auto público da fé celebrado em Lisboa no dia 5 de maio de 1624. Para este horroroso final muito terá contribuído o testemunho de um padre seu companheiro de cárcere que dele disse:
- Todas as vezes que há ocasião de lhe falar em auto de fé, diz aos companheiros que não confessem porque mais vale morrer que confessar e que ele assim o há-de fazer (…) que não há-de confessar o que não fez, antes quer morrer mil mortes.

Notas e Bibliografia:
1-Manuel F. Videira e Beatriz Cardosa (1534-1600) terão residido no Porto, com morada estabelecida na Ferraria Nova, mudando-se para Fontelonga (Ansiães) fugindo à “peste grande” que grassou no Porto. Ali terão vivido por 15/16 anos, mudando-se depois para Torre de Moncorvo onde faleceram por volta de 1600.
2-ANTT, inq. Coimbra, pº 909, de António Fernandes Videira.
3-Branca Cardosa, irmã de António Videira, era casada com o médico António Rodrigues Espinosa, natural de Vila Real e morador no Porto.
4-ANTT, inq. Lisboa, pº 11260, de António Fernandes Videira.
5-O conjunto das denúncias contra Videira e as contraditas por este apresentadas permitem fazer um fantástico retrato da sociedade mercantil portuense da época, coisa que não caberá no âmbito deste trabalho.

POR FAVOR, NÃO COZINHE O MEU GATO

Confesso: não li nem investiguei sobre o tema. Tal, porém, não me confere o direito de usar o argumentum ad ignoratiam, na medida em que existem pré-requisitos e vivências potencialmente capazes de me conduzirem à reflexão. Formularia votos para que todos iniciassem a discussão a partir dos mesmos princípios que eu, o que, em última análise, me converteria num déspota dentro de uma concepção racionalista o que tornaria o meu pensamento ainda mais absurdo. Assim, convictamente defensor dos valores democráticos, jamais defenderei o pensamento único nem, tão pouco, resistirei a uma boa argumentação que me convença do contrário do que afirmo.
Assumir a ignorância nos tempos que correm, parece-me ser um ato digno. Legislar sem refletir e sem explicar os princípios e os fundamentos da lei raia o indecoroso. Foi o que, no meu ponto de vista aconteceu no dia treze de outubro na Assembleia da República. Compreende-se que, para nós portugueses, esse dia já tenha um significado especial e que, enfim, amoleça ainda mais os corações de manteiga que palpitam pelos corredores de S. Bento. Mas daí a votar uma lei que deixa nas mãos dos proprietários dos restaurantes a decisão de cães, gatos e outra bicharada poderem entrar nos espaços, parece-me ir além do espectável sobretudo e quando, apenas o PSD não votou a favor ou, pelo menos, ter-se-á abstido.
Nada tenho contra cães e gatos. Pouco dado a falar da minha vida pessoal, não me coíbo de dizer que aprendi a andar com um cão e, desde sempre, houve animais destes em minha casa. Mas, por mais que queira, não consigo ver-me sentado à mesa e um pelo volátil aterrar no molho da deliciosa francesinha. Se, por desleixo, na travessa vai um cabelo lustroso da jovem empregada, seria censurado se, de dedo em riste, não apontasse a incúria; ainda não sei como me comportar se tal for pelo de cão… talvez seja considerado um bruto, um bárbaro ou um retrógrado assentimental se rejeitar a comida. 
Suponha-se agora, que uma criança almoça calmamente com a família e está a meio da refeição, num desses restaurantes onde é permitida a entrada dos animais de estimação (diferente dos cães de assistência já autorizados por lei de 2015). Entra um cliente com um gato e a criança começa a ter reações estranhas porque é alérgica ao pelo do bicho. Quem tem de sair? - A criança porque o bicho cumpre a lei. Como ouvi que há projetos de lei que nem sequer salvaguardam o incómodo que tais alimárias possam causar e, poderão circular livremente pela sala, a qualquer momento pode o bichano entrar na cozinha pelo que, pelo menos, deverá o dono o animal advertir o cozinheiro para que não o confunda com lebre… ainda nasci no tempo em que o gato luzidio da professora era servido em lauto banquete da rapaziada, numa fria noite de inverno.
Se conselhos posso dar, é que os donos dos restaurantes adiram imediatamente à lei porque se o cliente pode levar o animal que quiser, também eles podem ter no seu estabelecimento o bicharoco que melhor o servir. No meio de tudo isto, quem não terá a vida facilitada são os agentes da ASAE, a menos que se dê mais um arranjinho à lei. Estou a imaginá-los com aquele ar sisudo, a entrar na cozinha, e a preparar-se para passar a multa porque viu umas baratas a esconder-se por detrás da fritadeira. Face ao exposto, sempre se pode alegar que são os animais de estimação.     
Melhor é não falar em ratos porque estes levar-nos-iam a outro tipo de elucubrações. Só não entendo porque, passado um mês, os dejetos de ratos encontrados no Pólo 2 do agrupamento de escolas de Macedo de Cavaleiros serviram para abrir o noticiário das vinte, numa rádio nacional, quando se num sítio se alimenta o corpo, no outro alimenta-se o espírito.  

PEQUENO DEMAIS PARA CRESCER POBRE DEMAIS PARA ENRIQUECER

“Portugal é demasiado pequeno e demasiado pobre para gastar dinheiro em investigação fundamental”. Esta afirmação sendo errada, como a seguir tentarei demonstrar, é estranha. Porque foi dita por alguém com responsabilidades políticas e executivas no interior do país.
Pelo contrário, um país como Portugal tem de, precisamente, apostar na investigação fundamental. Foi quando o nosso país se “esqueceu” que era pequeno e pobre que se agigantou, se fez grande, chegou à Índia e ao Japão, dominou os mares e espantou as grandes potências daquele tempo, rivalizando com elas em riqueza, possessões e domínio.
Pequena e com poucos recursos era a Bial quando apostou o que tinha e o que não tinha na investigação fundamental que lhe conferiu o conhecimento necessário à sintetização de uma molécula que lhe abru as fronteiras dos mercados internacionais e a levou, de forma rentável, aos melhores mercados europeus e americanos. “Pequeno e pobre” era o Instituto Politécnico de Bragança e foi a aposta do seu brilhante Diretor, precisamente, na investigação fundamental que o guindou à posição cimeira no ranking dos politécnicos nacionais e a um honroso e destacado lugar no panorama internacional.
A distinção e relevo que os bons resultados grangeiam nestas áreas são uma preciosa mais valia no mundo globalizado em que vivemos. O conhecimento é, cada vez mais, a fonte da riqueza das nações tal como o demosntram os seguidores de Adam Smith, onde pontuou o luso descendente David Ricardo. Já nada se inventa hoje sem se saber muito como diz frequentemente um célebre investigador português. A era em que vivemos é a era do conhecimento e é esse o maior vetor de desenvolvimento contemporâneo. Quase tudo o que temos e possuímos tem por base muito conhecimento científico e a maior valia está no desenvolvimento que daí advém. É portanto esse o caminho. É certo que o retorno nem sempre é fácil, nem sempre é rápido, nem sempre aparece no chamado “tempo útil” mas essa é, curiosamente, mais uma razão para a aposta nessa área.
A investigação fundamental, no nosso país é, direta ou indiretamente, financiada por fundos europeus, quer estes venham diretamente do European Research Council (ERC) quer sejam distribuídos pela FCT ou, mais recentemente, canalizados através das CCDR’s. Ora os projetos atribuídos pela ERC, e a participação portuguesa tem, felizmente, uma elevada taxa de aprovação, constam de fundos, com comparticipação a cem por cento, de milhões de euros que, só por isso, representam uma injeção líquida de significativas verbas no mercado nacional. Os projetos ERC têm um valor mínimo de um milhão e meio de euros para os iniciais e chegam aos dois milhões e meio para os avançados. Só em 2014 foram vinte e seis milhões de euros que chegaram ao nosso país, através deste programa europeu.
Quanto a isto é necessário ainda esclarecer uma confusão tremenda que, para grande surpresa, anda a ser difundida. Há autarcas que acham que nas CCDR, há, nos fundos europeus uma fatia exagerada de verbas destinada às unversidades. Isto é um erro crasso, até porque é afirmado como se houvesse aí algum entorce, algum “desvio” de recursos. Nada disso.  Tal fatia “destinada às Universidades” é dinheiro do Programa Horizon2020 que foi aprovado autonomamente e o entorce que pode haver é o de ter sido agregado aos fundos de Desenvolvimento Regional que em Portugal tomou o nome de Portugal 2020 o que talvez tenha contribuído para a confusão. O Programa Horizon2020 é destinado integralmente à investigação científica e é anterior ao outro. Foi, curiosamente, anunciado, pela primeira vez, em Bragança, no âmbito do Congresso da EARMA que ali se reuniu em 2011 e foi aí revelado quer o nome, quer o montante. Foi o governo de Passos Coelho, nomeadamente o ministro Poiares Maduro, que resolveu juntá-lo aos restantes fundos e entregar a sua gestão às CCDR’s numa infeliz decisão, por razões que não há espaço aqui para explanar. Mas a disponibilidade desta área nao é intermutável com a outra. As autarquias nunca poderiam usar esse dinheiro para qualquer outro fim. Se não forem as Universidade e Institutos de Investigação portugueses a dar-lhe adequado uso, será “recuperado” por Bruxelas e encaminhado para outro país da União. É bom lembrar que as regras de financiamento são, neste caso muito distintas. O Horizon2020 contempla um financiamento a 100% ao contrário do restante Portugal 2020 que exige uma contrapartida nacional.

 

Tirai as cabeças aos fósforos!!!

Muito antes do Verão vi um cartaz de uma máquina de lavar a roupa que lançava uma língua de fogo pela porta onde é suposto meter a roupa. Achei criativa a ideia da coexistência surreal da água e do fogo e isso sugeriu-me uma explicação para o cartaz. Uma explicação demasiado Bragançana mas ainda assim uma explicação. Seria, então, a materialização, a tradução plástica pós-modernista de um grito de alarme tão nosso conhecido, “ fujam! que arde a fonte de Moredo”. Não imaginava, na altura, que o cartaz podia ser tão premonitório. Vivemos um Verão sob o signo do fogo e com índices de sinistralidade nunca imaginados. E os danos colaterais caíram, por inteiro, no regaço do Governo que de repente se tornou o rosto do nosso desconforto e em parte por culpa própria. Se o Governo fez bem em esperar pelas conclusões da Comissão Técnica para decidir sobre as medidas de fundo, nada justificava que as medidas de curtíssimo prazo ou urgentes tivessem tido o mesmo tratamento. Além disso evitavam o rótulo da inação. Mas quando já estava marcado o Conselho de Ministros para tomar medidas sobre as conclusões da Comissão Técnica eis que o País se incendeia de novo. Aí, o Presidente da República, em frenesim juvenil, sai a terreiro e declara “urbi et orbi” que tinha de ser feito aquilo que… que já estava combinado ser feito. Nesta vertigem induzida todos quiseram mostrar serviço. Houve moção de censura, pedidos de demissão, exigência de pedido de desculpas, a obrigatoriedade dos pagamentos de indeminização já, manifestações contra os incêndios (como se do outro lado estivessem os que são a favor dos incêndios). Tudo isto acompanhado pelas carpideiras de serviço que são as televisões. Então o PAN propôs 14 medidas, o CDS mais de 40 (quarenta! Imagine-se. A Drª Cristas só se esqueceu de mandar tirar as cabeças aos fósforos) tudo isto numa escalada que me incomodou porque acho que mesmo a demagogia tem de ter limites. Até porque o nível de responsabilização do Estado perante as vítimas não é igual para todos os casos. Os que morreram na estrada morreram na utilização de uma infraestrutura do Estado que estava em serviço. Assim o Estado é completamente responsável pela segurança dos utentes e terá de os ressarcir do seu infortúnio. Em relação aos outros, cada caso será um caso mas nas situações de casa envolvida por floresta e com mato até à entrada, tenho dúvidas que haja responsabilidade do Estado, porque há lei que obriga ao desmatamento em perímetro urbano, logo os proprietários seriam os primeiros responsáveis. Uma fábrica de milhões de Euros, encravada na mata e sem qualquer sistema de segurança contra incêndios é um risco que o proprietário assumiu. E aqui há um pormenor curioso: quando se quis inscrever na lei a obrigatoriedade da desmatação em perímetro urbano sob pena de expropriação, o CDS todo se encristou (passe a redundância porque o CDS sob a liderança da Drª Cristas anda sempre encristado) dizendo que era um atentado à propriedade privada. Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Mas há mais. Acusam a mata de não estar ordenada, de não ter aceiros, de não estar desmatada e que assim além de vulnerável aos incêndios ainda os potencia mas foi assim que os privados a criaram. Segundo números amplamente divulgados, o Estado só tem 3% da floresta. Como lhe pode ser imputada responsabilidade de 100%?         
Foi neste ambiente que o Governo foi obrigado a tomar medidas de imediato. E se as de curto prazo são mais ou menos consensuais, as de longo prazo são mais controversas logo deviam ser mais trabalhadas, mais amadurecidas até porque agora devemos ter algum tempo de defeso. E, de acordo com as conclusões da Comissão, o Governo vai privilegiar a prevenção em detrimento do combate aos incêndios. Isso já provocou uma reacção intempestiva, desbocada e malcriada do Presidente da Liga dos Bombeiros.(Um Governo tem de estar muito fragilizado para suportar a arrogância malcriada de um “qualquer” em ameaças ao Primeiro Ministro sem consequências imediatas.) Mas apesar das vozes discordantes, de quem defende alguma coisa para si, eu também sou pela prevenção porque ninguém apaga incêndios na mata. E não digo isto para apoucar os bombeiros Portugueses mas como conclusão das imagens que a televisão nos deu dos incêndios da Austrália, do Canadá mas sobretudo da Califórnia. Aí, bombeiros equipadíssimos e cheios de Know-how deixaram arder a mata tal como nós em Pedrógão. Não, o combate não pode ser por aí. Sou, pois, pela prevenção se isso significa: o patrulhamento pelo Exército das zonas mais sensíveis; a vigilância aérea feita pela Força Aérea Portuguesa; a desflorestação e desmatação das bermas das estradas; a limpeza efectiva dos perímetros urbanos; a utilização do radar meteorológico na deteção das plumas de fumo; o reforço das equipas de vigilantes; a compartimentação da floresta por aceiros generosos perfeitamente desmatados e com cortinas de árvores de folha caduca para que o fogo esmoreça e se torne combatível; ainda a compartimentação, condição necessária para se poderem fazer contra-fogos e que nunca vi reivindicada pelos bombeiros; e ainda uma alteração procedimental para dar algum alento à prevenção que era haver julgamentos sumários para os suspeitos de atearem incêndios apanhados em flagrante delito. Sei que os julgamentos sumários para crimes graves foram declarados inconstitucionais mas também sei que os legisladores, se for caso disso, saberão expurgar a Lei dessas inconstitucionalidades. Era psicologicamente importante a vários níveis: aos Guardas transmitia a sensação de dever cumprido versus a frustração de ver os suspeitos, muitas vezes, a aguardar o julgamento em liberdade; para os incendiários seria inibidor uma vez que seria mais clara a associação do castigo ao crime; às populações transmitiria a sensação de segurança e a confiança que a visibilidade dos actos da Justiça dão. Também aqui sou pela prevenção.
Já não sou pela prevenção se ela tiver de passar, como alguns defendem, pelo repovoamento do interior e o regresso às práticas ancestrais da agricultura.(Remeto essas opiniões para o domínio da poesia.) Também não sou pela prevenção se ela passar pela desmatação da floresta. É um despesismo que além de não tornar a floresta incólume (veja-se o pinhal de Leiria) a tornará inevitavelmente anti-económica. Mas a insistência pressionante com que se fala de desmatação faz-me pensar estar em embrião o lobby da desmatação.
Outro? Deus nos livre.

Oliveiras sim, eucaliptos não!

Vale a pena evocar e, porque não, que os mais directamente envolvidos comemorem o venturoso evento com a devida dignidade. Melhor dizendo: trata-se de um imperativo moral.
Os órgãos de comunicação social, nacionais e regionais, com especial referência para as televisões, mais focadas na Web Summit Lisbon, quando as tragédias de Pedrógão Grande, de Oliveira de Hospital ou de Vouzela já caminham para o esquecimento, não lhe deram o merecido tratamento, com excepção do Diário de Notícia que o destacou na revista Magazine de 5 de Novembro. Merece, por isso, a devida vénia.
Aconteceu em 31 de Março de 1989, já na vigência desta mal-amada democracia que os poderosos do costume não desistem de amordaçar e viciar.
No campo de batalha, porém, não se viram bandeiras do PS, do PSD ou do CDS e muito menos se fizeram notar as meninas do BE, os “apparatchik” do PCP ou os habituais agitadores dos grémios sindicais. Foi a prata da freguesia que tudo promoveu e organizou, arregimentando os fregueses no final da missa dominical com o toque dos sinos a rebate.
Não se tratou sequer duma revolução, é certo, mas tão-somente de uma justa revolta de camponeses determinados a defender o seu habitat natural, as suas hortas, olivais e vinhedos da infestação alienígena importada da distante Austrália pelos todos poderosos capitalistas da celulose, que ameaçava chupar-lhes a água e o sangue e tudo reduzir a cinzas, ao menor descuido.
À carga policial forte e feia, que meteu tiros para o ar e bastonadas, respondeu o povo com transmontana bravura, compostura e raras pedradas. E assim foi que homens e mulheres, velhos e crianças fizerem valer a voz do seu amor, direito e razão, sobre o extremoso vale da ribeira de Lila, gritando: Oliveiras sim, eucaliptos não!
E porque a oliveira é emblema e motivo de paz não houve mortes nem feridos, muito menos “catarinas eufémias”, tendo revoltosos e repressores acabado em alegre e pacífico ágape, que meteu vinho e borrego assado. Desde então, naquele chão sagrado assim esconjurado dos daninhos eucaliptos, florescem viçosos olivais prateados, imunes aos incêndios florestais.
Esta lídima lição de democracia e poder local, que os machuchos de Lisboa devem ter em conta, aconteceu há 28 anos, em Veiga de Lila, no concelho de Valpaços, à sombra da serra de Santa Comba. Não no Alentejo vermelho mas no ardente coração da Terra Quente transmontana.
Lição que os autarcas transmontanos devem começar por bem aprender e melhor respeitar desde logo deixando os partidos à porta dos paços do Concelho onde só deve entrar e tomar assento o povo a que pertencem.
Muito em particular os autarcas da alargada bacia do rio Tua, com a nova presidente da Câmara de Mirandela à cabeça, de quem muito se espera e em quem muita gente acredita. Começando desde logo por defender com alma e coração o cumprimento imediato, integral e rigoroso do Plano de Mobilidade do Vale do Tua, sobretudo no que às compensações devidas às populações lesadas diz respeito.
Assim como é de vital importância que, na esteira do genial Camilo de Mendonça que há cinquenta anos atrás o congeminou e iniciou, de uma vez por todas se levante o indispensável e urgente sistema integrado de aproveitamento das águas dos rios da Terra Quente, para regadio e abastecimento das populações.
Uma eventual quebra de abastecimento de combustíveis a Trás-os-Montes em cujas terras não brota petróleo até poderia ser admissível, mas uma falha dramática de fornecimento de água às populações da Terra Quente, como aconteceu no concelho de Bragança e no distrito de Viseu, por exemplo, quando os rios são deixados a correr negligentemente para o mar, seria obviamente criminosa.
Se tal acontecer, esperemos que não, aí estará a gente de Veiga de Lila para dar o lamiré.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

ANTIBIÓTICOS: USE-OS COM PRECAUÇÃO!

O que são os antibióticos?
Os antibióticos são medicamentos que matam ou inibem o crescimento de bactérias, ajudando a curar infecções em pessoas ou animais. Destinam-se a tratar infecções causadas por bactérias, não sendo eficazes contra vírus ou fungos, por exemplo. Nem todos os antibióticos são ativos contra todas as bactérias. Um antibiótico pode ser eficaz contra vários tipos de bactérias ou contra apenas um.

Magustão em dia de S. Martinho

Ter, 14/11/2017 - 11:08


Olá familiazinha!
Nas madrugadas de agora já tenho “apalpado” a geada bem apalpadinha.
Esta geada vem ajudar a curar o vinho e as pessoas também
já começam a pensar na data para matar o seu porquinho.
Esta última semana foi muito produtiva para o desenvolvimento do amor e da amizade da família do Tio João, pois tivemos vinte novas apresentações, das quais destacamos a equipa feminina de futebol da Associação Desportiva de Paredes (Bragança), que milita no campeonato distrital de Infantis, sendo a única equipa totalmente feminina que joga com equipas mistas e masculinas. Ficamos contentes por constatar que a maior parte das apresentações foram de pessoas jovens, o que significa sangue novo para a família, entre eles alguns estudantes da ESTiG (Escola Superior de Tecnologia e Gestão) que, desta forma, dão miminhos aos seus avós que nos ouvem nas suas terras.
Como a vida não são só alegrias, ficámos tristes com o falecimento de Maria do Carmo Lousinha, de Vila Nova (Bragança), filha do tio Lousinha e da tia Bernardete, que Deus chamou aos 53 anos, deixando três filhos ainda jovens, depois de uma leucemia prolongada. Chegou ao fim o seu sofrimento com o descanso eterno.
Deus também chamou a Si o tio Jacinto, de Genísio (Miranda do Douro). As nossas condolências às famílias enlutadas.
Quem esteve de parabéns foram a tia Isabel Freitas, de Santiago (Armamar), que chegou aos 87 e é uma grande ministra da oração para a nossa família e o tio António Frazão, da Bouça (Mirandela), que completou 83 anos. Que para o ano os festejem novamente connosco.
E agora vamos ao magustão!