Aldeias de Vila Flor percorridas diariamente para que todos tenham um Verão F’Liz

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Ter, 12/07/2022 - 12:39


Projecto da câmara e do centro social e paroquial de Vila Flor é destinado a ocupar as férias das crianças, que têm, este ano, transporte gratuito a partir de qualquer localidade

O final do ano lectivo é, normalmente, para muitos pais e encarregados de educação um sinónimo de algumas dores de cabeça. Com o encerramento das escolas, são vários os que não têm com quem deixar os filhos e, nesse caso, é preciso recorrer aos campos de férias e ATL’s. Ter a capacidade e disponibilidade de conjugar horários laborais com o ir deixar/buscar os filhos às ocupações nem sempre é fácil mas em Vila Flor não há agora qualquer complicação nesse sentido.

Vila Flor com férias que são para todos

Consciente das impossibilidades, distância das aldeias à vila, ou falta de tempo que alguns pais têm para deixar os filhos nas actividades de tempos livres, o executivo de Vila Flor decidiu tomar medidas e, por isso, este ano criou umas férias totalmente inclusivas. A falta de transporte ou tempo/disponibilidade dos pais não é mais desculpa para não as frequentar. Pela primeira vez com a designação de Verão F’Liz, quem as frequenta e não têm forma de Carina Alves Aldeias de Vila Flor percorridas diariamente para que todos tenham um Verão F’Liz lá chegar é recolhido e deixado em casa. “Mesmo que seja uma criança que viva numa aldeia remota iremos buscá-la e incluimo-la no Verão F’Liz”, explicou o presidente, que assinalou que “ao fazer das crianças prioridade está a fazer-se de todos, das famílias, uma prioridade”, o que carimba o “discriminar positivamente a interioridade”. As crianças são recolhidas, conforme explicou Pedro Lima, por volta das 8h30 da manhã, sendo que “há vários cordões de transporte já que o concelho tem 26 aldeias”. Infelizmente, para o presidente, não são todas as aldeias que estão representadas, uma vez que algumas delas já não têm crianças. Ao final da tarde, as que assim o pretendam são levadas a casa. Sejam ou não necessitados do transporte, qualquer um dos inscritos pode dele usufruir. Estas actividades foram começadas pelo Centro Social e Paroquial São Bartolomeu de Vila Flor, em 2002. Segundo Emílio Almendra, um dos directores do centro, nos primeiros anos as férias eram destinadas apenas às crianças que frequentavam o ATL da instituição mas depois desenvolveu-se, com a câmara, uma iniciativa mais abrangente. Aí chegou-se a toda a gente. As actividades passaram a ser opção para qualquer um que as quisesse integrar. Foi também com a parceria entre a câmara e o centro que as férias passaram a ser totalmente gratuitas. Desde 2016 que os pais e encarregados de educação não pagam absolutamente nada pelas actividades, pelos almoços, assegurados pela mesma empresa que os confecciona durante o período de aulas, e claro, agora, pelo transporte, algo que fazia toda a falta ao projecto. “Começámos a idealizar este projecto, o transporte, há já muito tempo, numa perspectiva de integração das crianças, juntando as da vila com as da aldeia, para que se conhecessem entre todas e para que, quando começasse a escola, o convivio fosse mais fácil”, afirmou Emílio Almendra, que considera que esta novidade “é importante, falando de qualidade de vida”. O presidente, que começou no ano passado o primeiro mandato, assumindo que este tipo de medidas são das mais “prioritárias”, garante que, por exemplo, no que toca à oferta dos almoços e agora do próprio transporte, “o montante gasto, perante o efeito que surte, é bastante reduzido”. As crianças que frequentam estas actividades têm idades compreendidas entre os 6 os 17 anos. A supervisão é garantida não só por professores das actividades extra-curriculares do município como por voluntários dali naturais. “Se não conseguirmos tratar bem quem cá está não vamos ter a oportunidade de ter mais gente a vir para cá. Queremos que as pessoas sintam que é melhor estar e viver aqui. Queremos criar no espírito das crianças a partilha do espaço, do tempo e, falando dos voluntários, verem a entrega, porque um dia, alguns deles, com certeza poderão ser voluntários de um Verão F’Liz”, vincou Pedro Lima. As limitações, como em tudo o resto, existem, mas a ideia, segundo confirmou Emílio Almendra, é que o número de participantes cresça. Conforme referiu, o número, em relação ao ano passado, duplicou. Antes da pandemia, eram também cerca de 110 as crianças que integravam esta actividade. As férias inclusivas começaram na semana passada. Têm a duração de cinco semanas.

 

Jornalista: 
Carina Alves