COELHOSO recorda Moisés Martins

PUB.

Qua, 24/08/2005 - 14:50


O homem que inaugurou as viagens de avião entre Paris e Bragança foi homenageado, na passada quarta-feira, pela população da aldeia de Coelhoso, no concelho de Bragança.

Moisés Martins faleceu há dois anos num acidente de viação e deixou por concretizar o sonho de colocar o aeródromo de Bragança na rota dos voos internacionais. Este empresário, natural de Coelhoso, fez tudo que estava ao seu alcance para que a ligação aérea entre Bragança e Paris pudesse ser uma realidade.
Em 1996, Moisés Martins ultrapassou todas as barreiras e fez aterrar no aeródromo de Bragança o primeiro avião vindo da capital francesa, o que o tornou pioneiro nas ligações aéreas entre Paris e a capital do Nordeste Transmontano.
Contudo, a ambição deste empresário, emigrado em França durante vários anos, não ficou por aqui. O presidente da Junta de Freguesia de Coelhoso (JFC), Ernesto Fernandes, conta que Moisés Martins organizou uma viagem de avião, com lotação esgotada, de Paris para Bragança, mas a falta de condições da pista obrigou o aparelho a aterrar em Valladolid, em Espanha. Este problema acabou por prejudicar o empresário, uma vez que teve de assegurar a viagem de autocarro para Bragança aos cerca de 100 passageiros que seguiam a bordo.

Empresário queria
ampliar o aeródromo

Apesar dos entraves, este transmontano batalhou para conseguir pôr o aeródromo de Bragança no roteiro dos voos internacionais.
“No tempo do mandato do presidente Mina, Moisés Martins ofereceu-se para pagar a ampliação do aeródromo de Bragança, de 1200 para 1800 metros, a troco da concessão de uma carreira regular entre a capital de distrito e Paris”, garante o presidente da JFC.
No entanto, a ambição de Moisés Martins só se concretizou cerca de nove anos mais tarde, altura em que o empresário já não pôde assistir à concretização do seu sonho.
O homenageado também foi pioneiro nas ligações de autocarro entre o Nordeste Transmontano e França, através de uma carreira semanal que partia de Coelhoso com destino à capital francesa.

Ajudar os mais necessitados

Para além disso, Ernesto Fernandes recorda, também, “um homem com o coração do tamanho do Mundo, que era adepto da globalização e participava na sociedade de uma forma desinteressada”.
Ajudar aqueles que mais necessitavam também fazia parte dos objectivos de vida de Moisés Martins, que chegou a ceder autocarros da sua empresa para fins caritativos, ao mesmo tempo que participou na construção do lar de idosos da aldeia que o viu nascer.
Por sua vez, Cassiano Rodrigues, um amigo deste empresário, realça as qualidades deste empresário, que não poupou esforços para tentar desenvolver o Nordeste Transmontano.
“Quando chegou a França, Moisés Martins deparou-se com uma Europa desenvolvida, desde então o seu objectivo era transportar para cá essa inovação para desenvolver o seu País e, sobretudo, a sua região”, conclui Cassiano Rodrigues.
Em homenagem a este homem da terra, a população de Coelhoso ergueu uma lápide no principal largo da aldeia.