Enfermeiros denunciam agravamento das condições de trabalho com a pandemia

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Ter, 09/02/2021 - 10:16


Alguns enfermeiros protestaram, na passada sexta-feira, em frente ao hospital de Bragança contra a degradação das condições de trabalho com a pandemia.

Segundo Alfredo Gomes, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os problemas como a atribuição de pontos para efeito de progressão de carreira, que ainda não foi aplicada, ou a falta de compensação do risco e penosidade da profissão, foram agravados com a pandemia e as condições de trabalho dos enfermeiros deterioraram-se, nomeadamente na Unidade Local de Saúde do Nordeste. “Temos estes problemas e criados outros, nomeadamente as condições de trabalho. Temos ali uma tenda, onde são atendidos os doentes com Covid, que não tem condições de trabalho, nomeadamente chove lá dentro, faz frio. Colegas que fazem turnos de 12 horas, por vezes, têm que mudar de calçado, porque molham os pés. Estão a ser exigidos aos enfermeiros turnos ilegais de 12 horas”, afirmou Alfredo Gomes. Este sindicato afirma que os enfermeiros se encontram “num estado de cansaço extremo e exaustos” a lutar contra a situação pandémica e sustenta que “as condições de trabalho deveriam contribuir para uma melhoria na prestação de cuidados mas acontece exactamente o contrário”. Segundo o SEP, a precariedade dos contratos destes profissionais de saúde também aumentou. “Para todos os enfermeiros que foram admitidos na ULS Nordeste até 31 de Julho o contrato passará a sem termo, mas no caso de todos os outros que foram admitidos posteriormente a esta data, quando terminar o contrato ele cessa”, sublinhou. Outra das reivindicações dos enfermeiros é uma solução para os contratos de substituição, prometida pelo governo a 18 de Dezembro e que, segundo Alfredo Gomes, “até hoje não saiu nenhuma legislação para regulamentar isso”. Na ULS Nordeste há cerca de 750 enfermeiros e segundo o sindicato 60 foram contratados ao abrigo do combate à pandemia, sendo que os admitidos depois de Julho de 2020 estão com contratos precários de quatro meses, que podem ser renovados uma vez. Os enfermeiros contestam ainda a nova legislação sobre os horários acrescidos e regimes de horários de trabalhos, que segundo o sindicato “penaliza as condições de trabalho” dos enfermeiros. “Tendo uma lei que estipula o valor da hora e do trabalho extraordinário, agora criam turnos extraordinários com um valor fixo e não respeitando sequer aquilo que é a regulamentação da carreira”, critica ainda.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro