ESCRINHOS triunfam no mercado

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Ter, 30/08/2005 - 15:30


O escrinho produzido na aldeia de Vilar Seco, no concelho de Vimioso, é a peça de artesanato mais vendida nas feiras do sector que se realizam um pouco por todo o País.

O artigo é produzido diariamente por três habitantes daquela aldeia, que não têm mãos a medir para satisfazer as várias encomendas que vão surgindo. A Empresa Municipal de Artesanato de Vimioso (EMAV) é a entidade responsável pelo escoamento e promoção deste produto tipicamente transmontano, que, neste momento, é a imagem da empresa.
Apesar da época de crise que tem vindo a afectar o comércio local, incluindo o artesanato, as peças em escrinho são as únicas que continuam a cativar os compradores. Desde os objectos mais pequenas, que são usadas sobretudo para adorno, às peças maiores, que ainda são utilizadas para as lides do quotidiano, as artesãs de Vilar Seco não têm descanso. “Já tivemos encomendas de 100, de 500 e de 1000 cestos em escrinho, mas esta arte requer muito trabalho e muita paciência, pelo que muitas vezes se torna complicado conseguirmos produzir tanta quantidade”, refere a artesã Laurinda Fernandes.

Mãos calejadas

Contudo, a necessidade de amealhar mais uns euros leva esta artesã a calejar as mãos na produção de escrinhos. A tarefa mais complicada passa pela recolha das matérias-primas, que depois são moldadas para darem forma a diversos objectos.
Os tradicionais cestos de escrinho já conquistaram um grande número de clientes, pelo que a sua procura não pára de aumentar. Nas feiras de produtos da terra realizadas no Nordeste Transmontano, este produto chegou mesmo a esgotar as reservas.
Em Vilar Seco produz-se uma média de dez cestos por semana, que depois são transportados para a EMAV, para serem vendidos e promovidos um pouco por todo o País.
Os cestos confeccionados à base de palha e silva, que já estiveram em vias de extinção, eram os “frigoríficos de antigamente”, mas agora são mais procurados para decorar as habitações.

Ampliar a produção

Esta arte foi recuperada pela EMAV, com a contratação de três artesãs, e passou a ser promovida em diversas feiras, onde a empresa procura marcar presença. Só neste certames, a empresa já vendeu, desde Março passado, cerca de 200 peças artesanais, das quais 110 foram escrinhos.
Segundo a coordenadora da EMAV, Paula Vicente, a promoção dos produtos artesanais além fronteiras faz parte dos objectivos da empresa, que já recebeu um convite para participar numa feira em Bordéus. Contudo, esta entidade precisa de criar parcerias e conseguir apoios para poder alcançar as metas que vão sendo traçadas.
“Estamos a ponderar efectuar uma candidatura à Região de Turismo do Nordeste Transmontano, para podermos começar a levar os nossos produtos aos mercados estrangeiros”, acrescentou Paula Vicente.
Apesar do dos caldeiros de Vale de Frades e da tecelagem também estarem presentes nas feiras, o escrinho acaba por ser “o rosto” da empresa, uma vez que salta, imediatamente, à vista dos visitantes.

Dinamizar a economia local

A época do Verão representa a época alta para a venda de artesanato, uma vez que os emigrantes e os turistas que visitam o Nordeste Transmontano procuram levar uma peça que caracterize a região, para oferecerem aos seus entes mais queridos. Por isso, a EMAV procura acumular um stock durante o ano, para poder satisfazer todos os pedidos que ocorrem na altura das férias.
Segundo o coordenador da empresa, Paulo Brás, a criação da EMAV fez as vendas de artesanato subiram em flecha, o que representa um aumento das receitas na economia do concelho de Vimioso.
“Podemos dizer que, desde que se criou esta empresa as vendas aumentaram cerca de 80 por cento. Esta mudança deveu-se, sobretudo, à promoção do produto, responsável pela angariação de clientes”, acrescentou o responsável.
Neste momento, a empresa procura criar receitas próprias para se conseguir manter e conseguir ampliar a produção e divulgação do artesanato do concelho de Vimioso, que representa uma tranche da economia do Mundo Rural.