Qua, 27/04/2005 - 17:07
Na realidade, pouco se sabe da actuação do governo ao fim do primeiro mês detrabalho. É uma vontade própria que demonstra uma força interior grande, um estar na política de modo diferente e a que nós não estamos habituados.
Curiosamente o espalhafato político que costuma ser habitual após eleições,não aconteceu desta vez. Manteve-se a serenidade, a educação e o respeito por todos. É assim que deve ser. Só não sei se isto é para continuar ou não. Como disse o Primeiro-ministro, pelo menos até às eleições autárquicas em nada se vai mexer. Depois... logo se verá! Ainda bem que assim é. De facto é a primeira vez que tal acontece. Ninguém estava à espera desta actuação por parte do governo. Afinal, ainda há coisas na política nacional que nos surpreendem!
Por outro lado, a abertura de Sócrates e os objectivos que ele apontou para o seu governo, no imediato, é símbolo de uma política bastante moderada. É uma política acertada para quem pretende ganhar eleitores em todas as frentes e ganhar eleições mais adiante. Para além do objectivo que possa em si, existir, esta política ajusta-se ao público português que, como vimos no último acto eleitoral, se passou para o que pensava ser a esquerda normal. O que lhe saiu na rifa foi um PS moderado de centro-esquerda, para não dizer só
de centro!!! Como são as coisas! Quem havia de dizer?! Com esta actuação, não tenho dúvidas de que o PS de Sócrates vai tirar largos dividendos, conquistando muitos votos ao PSD e até ao CDS. E quem não acreditar que espere para ver.
As próximas eleições autárquicas, não sendo de cariz eminentemente
político, já vão ter algum peso, saído do modo como este governo se está a
comportar. Não sei se isso irá significar mais ou menos Câmaras, mas
tendencialmente isso será uma consequência. Para o PSD de Marques Mendes é um desafio enorme. Não tenho por certo que o número de Câmaras se mantenha como está. A geografia política decerto que se irá alterar. Resta saber é a favor de quem? Se a política deste governo continuar como até aqui, certamente que irá tirar os seus dividendos. A tarefa é imensa para o PSD, para quem a alínea das coligações volta a estar na agenda com alguma força.
Apesar do PSD, em Bragança, parecer não querer coligações com o PP, o certo é que terá de equacionar muito bem as hipóteses de perder quatro câmaras para o PS e ver o seu poder autárquico baixar gradualmente no distrito. Por outro lado, o PS aceitaria de bom grado uma coligação com o PP se isso lhe trouxesse garantias de ganhar mais câmaras, o que não é despiciendo! Para o PP, que está na eminência de ganhar pelo menos a Câmara de Mirandela, esta seria mais fácil de ganhar se o PS estiver em coligação com ele. Mas muitas outras hipóteses se podem pôr. Para o PP só lhe interessa aumentar o número de autarcas no distrito, seja ganhando câmaras ou freguesias ou mesmo obtendo mais mandatos nas Assembleias Municipais. Para isso, tanto se pode coligar com o PSD como com o PS. Deste modo, qualquer partido só fica a ganhar
coligando-se com o PP e este tira alguma vantagem como é normal. Quem vai querer este trunfo?
Por outro lado, também pode acontecer que o CDS não queira coligações e
arrisque sozinho, mantendo-se íntegro, vertical e unido em torno do seu
próprio símbolo e dos seus militantes. Nada tem a perder! Também é verdade que as autárquicas pouco ou nada têm de político, já que tudo se centra no homem que as disputa. Por isso mesmo há que encontrar os Deuses ex-máquina que disputem as principais câmaras do distrito. Esse é o caminho a seguir, mesmo para um partido moderado.
De qualquer modo, até lá, o tempo urge e alguma coisa tem de ser feita
urgentemente. Nada cai do céu, a não ser chuva, neve ou granizo e não me
parece que sejam estes os elementos ganhadores de umas autárquicas, mesmo em ano de seca!
A partir de agora estão na mesa todos os trunfos devidamente conhecidos. O jogo pode começar a qualquer momento e só ganha quem tiver os melhores trunfos. À partida, o PS parece estar com alguma vantagem. Será que se mantém?