Festival “Pelo Andar da Carruagem” encheu aldeia de Frechas de arte

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Ter, 14/06/2022 - 16:13


Linha do Tua foi inspiração para Festival de Artes Performativa que envolveu a população

O Festival “Pelo Andar da Carruagem” recolheu ao longo de vários meses contributos da população de cinco aldeias do Parque Natural Regional do Vale do Tua e o resultado desembocou num dia de artes performativas a encher as ruas da aldeia de Frechas, a 11 de Junho. Concertos, exposições, conversas, instalações multimédia e teatro fizeram parte do programa, assim como birdwatching.
Iniciativas que contaram com a participação dos habitantes. Maria Madalena Almeida, de Frechas, participou na peça de teatro.

“Na peça andei no bailarico e participei na canção do linho. Toda a gente gostou, foi uma coisa bonita, que venham mais que estou pronta para entrar”, disse a habitante de Frechas que espera que iniciativas
do género se repitam. “Isto faz falta, para participarmos, acho que devia haver mais estes teatros, quando era mais nova fazia muitas peças de teatro, gosto muito. Hoje a aldeia tem outra vida”, afirma. Pedro Duarte, de Sobreira, Murça, também deu o seu contributo para o festival. “Andei a mostrar alguns sítios, aquilo já não é o que era antigamente, porque já é a parte a barragem”, que ficou submergida pela albufeira de Foz Tua. “Acho que a zona ribeirinha do Vale do Tua é formidável, independentemente da barragem”, afirmou, por isso fez questão de participar. “Tudo o que nos acrescente como identidade acho que é uma coisa que nos valoriza, devíamos ter muitos mais eventos destes, para chamar as pessoas, está aqui um ambiente agradável e isto dá vida a estas aldeias que por norma estão meias desertificadas”, sublinha.

O artista Fernando Mota esteve envolvido na criação de três projectos, nomeadamente um concerto para uma árvore, usando a própria planta para produzir um instrumento com cordas que tocou no sábado. Além disso com um aluno do Instituto Politécnico desenvolveu vídeos curtos sobre os sons do Vale do Tua. “Gravámos som, criámos instrumentos e fizemos filmagens em zonas dos cinco concelhos que envolvem o Tua, há imagens de paisagens abertas e dos materiais, os que compõem a antiga linha: madeira, pedra e ferro, e materiais naturais”, afirmou.

“Os cinco objectos artísticos foram desenvolvidos quer das histórias que fomos encontrando no caminho, quer de entrevistas com as populações das cinco aldeias onde trabalhamos, Amieiro, Frechas, Pombal de Ansiães, Sobreira e Ribeirinha, todas têm como ponto de partida o território, as pessoas, as histórias e a linha do Tua, que vai aparecendo pontualmente”, explicou Maria João Santos da Pacatodisseia que organizou
o festival, apoiado pela Direcção-Geral das Artes, e em parceria com a Agência Regional do Vale do Tua.

Ari Neiva, técnico do Parque Natural Regional do Vale do Tua, defende que “as memórias são aquilo que nos agarra e isso transformado em arte é maneira de chamar as outras pessoas, de envolver toda a gente e uma forma de promoção da região e de garantir que no futuro também há gente”. O projecto “Pelo Andar da Carruagem” foi seleccionado para integrar a programação do Festival do Novo Bauhaus Europeu.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro