Freguesia de Aguieiras abre ginásio para a comunidade

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Ter, 23/04/2024 - 11:50


Na antiga Escola Primária da aldeia de Casario, na sala onde muitos aprenderam a ler e a escrever, há agora máquinas de musculação e material de fitness para a comunidade local

“Aqui somos felizes”. Este é o mote estampado nas t-shirts dos mais recentes atletas da freguesia de Aguieiras, no concelho de Mirandela. Na antiga Escola Primária da aldeia de Casario, inactiva há mais de 15 anos, abriram-se agora portas para um ginásio aberto e totalmente gratuito para a comunidade local. Aquele que era, até então, um espaço em estado devoluto, foi agora dando um novo sentido ao dia-a-dia das pessoas daquela freguesia composta por nove aldeias. Apesar de a Câmara Municipal de Mirandela promover pelo concelho aulas de Ginástica Sénior uma vez por semana, a Junta de Freguesia de Aguieiras optou por proporcionar mais dois dias. No entanto, o ginásio apetrechado com sete máquinas de fitness e musculação entrou em funcionamento na última semana, neste que é um projecto pioneiro no concelho e “talvez em toda a região”. Maria do Céu tem 77 anos e já tinha percorrido as aulas de ginástica sénior pelas aldeias vizinhas. No entanto, é agora a 500 metros de sua casa que encontra aquilo que lhe faz melhor. “Nunca tinha usado máquinas. Agora tenho aqui à porta um ginásio e faz-nos muito bem ao corpo e à cabeça”. Ao seu lado, enquanto pedalava a todo o gás na bicicleta elíptica, Constança Andrade não escondia a satisfação pela iniciativa. “Adoramos as aulas da professora, mas as máquinas trazem-nos mais desafios. É muito importante não termos de nos deslocar para mais longe para termos um ginásio”. No entanto, apesar da componente da saúde e da socialização, há quem opte por frequentar o ginásio da aldeia em alternativa à espera infinita por consultas de fisioterapia. Irene Alves tem 58 anos e foi sujeita a uma operação que, actualmente, lhe reduz a mobilidade e espera há mais de meio ano pelas consultas de fisioterapia. “Nunca tinha vindo às aulas de ginástica com a professora, mas agora convidaram-me para vir experimentar as máquinas e posso garantir que apenas numa semana já senti muitas melhorias. Enquanto espero pela fisioterapia isto pode ser uma ajuda”.

“O bem-estar das pessoas é mais importante do que qualquer obra que seja feita”

Segundo Manuel Fontes, presidente da Junta de Freguesia, a ideia para a abertura de um ginásio totalmente gratuito para a comunidade partiu daquela que é uma das principais missões do actual executivo: “garantir o bem-estar das pessoas e permitir que se mantenham activos”. O investimento no ginásio rondou os 3 mil euros, no entanto, para o presidente “o bem-estar das pessoas é o maior investimento que pode ser feito”. “Há quem diga que havia mais coisas a fazer nas nossas aldeias e acredito que seja verdade. Mas o carinho, o bem-estar, e as pessoas estarem à vontade e felizes é mais importante do que qualquer obra que seja feita. É um investimento que não tem preço”, disse Manuel Fontes. Actualmente, há cerca de 15 alunos a frequentarem assiduamente o ginásio, mas o número vai variando consoante as épocas do ano. No entanto, “a ideia é receber mais pessoas”. “Estas máquinas são o primeiro passo, o futuro irá trazer-nos mais evoluções no ginásio e em toda a freguesia”. Apesar de o ginásio ser aberto a todos os interessados, os exercícios são feitos sob a supervisão de uma profissional, de modo a adaptar os trabalhos e o bom funcionamento das máquinas a cada um dos alunos. Elodie Reis é uma das personagens principais deste novo espaço na localidade de Casario. A jovem professora de 27 já dava aulas de ginástica sénior ao grupo e agora tem acompanhado toda a expansão e dado o seu melhor junto dos alunos que a recebem carinhosamente duas vezes por semana. “As aulas que eu dou têm duas vertentes. Os seniores trabalham a mobilidade e flexibilidade, depois há também as aulas de fitness. Agora com as máquinas ainda estamos numa fase de conhecimento para se tornarem autónomos”, disse Elodie Reis. Sendo um grupo bastante eclético, com várias idades e condições físicas diferentes, Elodie tenta adaptar as aulas a cada um dos alunos, dependendo dos seus problemas. “Cada caso é um caso e têm de ser todos estudados. Os exercícios têm de ser adaptados consoante as pessoas”. É o caso de Natália Cabral, uma das alunas do grupo que padece de problemas respiratórios, nomeadamente asma. “A professora Elodie tem sempre muito cuidado com o nosso bem- -estar e quando repara que me estou a sentir pior manda-me descansar e vou à rua apanhar ar”. Agora, no local onde muitos aprenderam a ler e a escrever, e na mesma sala onde partilham o antigo quadro a giz com as máquinas de musculação, é possível fazerem melhor pelo corpo e pela mente.

Jornalista: 
Daniela Parente