Funcionários da Faurecia em greve pediram aumento de salários

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Ter, 12/07/2022 - 12:23


Mais de 100 funcionários da Faurecia, empresa de produção de peças automóveis, em Bragança, fizeram greve na passada quinta-feira

A manifestação, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte, teve como objectivo um aumento dos salários e de melhores condições de trabalho. Segundo o delegado sindical dos trabalhadores da fábrica e também funcionário, houve uma adesão de cerca de 80% no total dos três turnos, o da noite, da manhã e da tarde. Rui Pereira explicou que há dois anos que tentam negociar com a empresa. Já apresentaram dois cadernos reivindicativos, onde pedem um aumento de 90 euros nos salários. “Queremos apelar a que nos tomem como os produtores de riqueza. Temos direito a viver com dignidade, a educar os nossos filhos e estar com eles, bem como temos direito a fins-de- -semana e nunca andar na condição de andar sempre a faltar o dinheiro", afirmou. Os trabalhadores mostraram-se indignados por a empresa ainda não ter respondido aos pedidos feitos. “Pura e simplesmente remeteram-se ao silêncio, não nos contactaram para nada”, frisou Rui Pereira. O delegado referiu ainda que a empresa tentou dissuadir os funcionários para não fazerem greve, “apelando à imagem e prestígio perante clientes e fornecedores”. Além do aumento dos salários, reivindicaram também “a devolução de um euro do subsídio de alimentação” e a melhoria das condições de trabalho, nomeadamente na “qualidade do ar”, porque há “muitas poeiras e muito fumo”. O dirigente sindical da região Norte também marcou presença na greve. A adesão ao protesto superou as suas expectativas. “Não estávamos à espera, ultrapassou as minhas expectativas. Nós sabemos o meio em que estamos inseridos e as dificuldades e surpreendeu-nos, porque finalmente os trabalhadores da Faurecia estão revoltados e indignados com a situação”, disse Miguel Moreira, explicando que vão marcar nova reunião com a direcção da empresa para voltarem a negociar. Aníbal Madeira trabalha na Faurecia há oito anos e foi um dos trabalhadores a fazer greve. Lamentou o valor do salário que recebe, visto que o custo de vida aumentou muito nos últimos meses. “Temos sido versáteis, temos feito até hoje o que eles nos pediram. Em tempo da covid, com a crise, com a guerra na Ucrânia, pediram que fossemos versáteis e trabalhássemos em várias linhas. Mas não nos dão nada do que pedimos. Acho que é uma falta de respeito para com o pessoal que trabalha e que cumpre e que vem, chegamos ao sábado, pedem para virmos, nós vimos, deixamos a família em casa, desmarcamos compromissos, para vir trabalhar, para que a fábrica continue a trabalhar", afirmou. Luís Fernandes também participou no protesto. É soldador na empresa há mais de 20 anos e queixa-se que a extracção de fumos é “ineficaz”. “Já tentámos falar com a direcção, mas estão mais em cima do grupo, do que em cima de nós. O objectivo é o grupo e não se preocupam com os trabalhadores”, frisou. Na Faurecia trabalham cerca de 500 trabalhadores, cerca de 150 em situação precária. A média de ordenados é pouco superior ao ordenado mínimo. A direcção da Faurecia disse que não iria prestar declarações.

Jornalista: 
Ângela Pais