Heróis

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Ter, 30/08/2005 - 18:25


Não fosse a tenacidade dos bombeiros e a aldeia da Burga, em Macedo de Cavaleiros, teria sido engolida pelas chamas.
O fogo cercou a pequena localidade, desafiando dezenas de soldados da paz dos quatro cantos do distrito de Bragança, que lutaram pela madrugada dentro para salvar pessoas e bens.
Muitas vezes, liga-se a televisão e ouvem-se as populações a criticarem a acção dos bombeiros. No caso da Burga passou-se precisamente o contrário. Novos e velhos preferem nem pensar no que teria acontecido se os soldados da paz não tivessem aparecido rapidamente e em grande número.
No que respeita ao País, sabe-se que nem sempre é assim, porque a quantidade de fogos não deixa margem de manobra e, quando os focos de incêndio vão além da capacidade dos meios humanos, pouco há a fazer.
De resto, só quem nunca ouviu o barulho assustador do fogo a lavrar, quem nunca sentiu o fumo entranhado no nariz e nos olhos ou o corpo a ferver com o calor das chamas é que consegue criticar estes verdadeiros heróis que são os bombeiros.
Em determinados momentos, pode haver uma certa atrapalhação e algumas mangueiras que não deviam estar enrodilhadas quando chega a hora de combater um incêndio, mas o certo é que há muita coragem no sangue destes homens. Na maioria dos casos estamos a falar de voluntários que, em época de fogos, não recebem, nem de longe nem de perto, uma remuneração equivalente aos riscos que correm. Já diz o povo que “com o fogo não se brinca” e quem está numa frente de incêndio sabe o perigo que tem aos pés, principalmente se o vento for forte, como na trágica madrugada de 15 de Agosto de 2005.
E que dizer do cansaço que toma conta do corpo e da alma, após horas ininterruptas de luta com a chamas. Ainda há poucos dias o comandante duma corporação da zona Centro do País dava conta da exaustão dos seus homens, que combatiam um incêndio há 48 horas.
Não é preciso dizer mais nada. Os fogos alastram e a culpa pode ser da falta de limpeza das matas, da falta de ordenamento da floresta e das mãos criminosas, mas nunca dos bombeiros.