Médicos de Bragança recusam fazer mais de 150 horas extraordinárias

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Ter, 03/10/2023 - 12:02


Os médicos de Bragança estão a recusar fazer mais que as 150 horas extraordinárias permitidas por lei

Em comunicado, os médicos dizem que, nas próximas semanas, vão deixar de assegurar trabalho em horário extraordinário, o que “vai comprometer o normal funcionamento e a capacidade de resposta, em áreas tão sensíveis como os doentes urgentes e críticos”. Esta posição pode trazer consequências para as urgências, cirurgia geral, medicina interna, medicina intensiva e pediatria, mas também anestesiologia e patologia clínica. Mais de 50 médicos vão estar neste protesto. No comunicado está explicito que esta situação pode levar ao “encerramento de múltiplas camas de cuidados intensivos, com necessidade de transferência de doentes urgentes e emergentes”, à impossibilidade de “assegurar cirurgias urgentes ou emergentes”, encaminhando os doentes para Vila Real, e até ao “encerramento do bloco operatório de urgência por indisponibilidade de cirurgiões”. Prevê-se ainda, no serviço de urgência, a “ausência da especialidade de Medicina Interna” e “da especialidade de Pediatria”. Tentámos chegar à fala com o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares para perceber as reivindicações, mas não se mostrou disponível para prestar declarações. Também contactámos a presidente do Conselho Sub-Regional de Bragança da Ordem dos Médicos, mas não conseguimos obter qualquer reacção.

Autarca de Bragança preocupado com situação culpa ministério

O presidente da Câmara Municipal de Bragança mostrou-se preocupado com as consequências que a greve dos médicos pode trazer para a região. Hernâni Dias teme que os doentes fiquem sem atendimento, porque noutras partes do país os médicos também estão em greve. “Noutras circunstâncias, quando nos falta aqui uma especialidade, nós conseguimos ir buscar ou ter recursos noutros sítios para dar resposta, tendo em conta que esta greve afecta todos de igual forma, coloca-se uma questão maior, é que se nós ficamos sem resposta no nosso território, ela também não existe nos territórios ao lado”, salientou. O autarca mostrou-se solidário com estes profissionais, entendendo que o que está em causa são melhores condições de trabalho. Um problema que “compete clara e exclusivamente” ao Ministério da Saúde resolver. “Quando percebemos que não há a resolução de um problema que tem vindo a ser amplamente diagnosticado, discutido pelos directamente interessados, que são os médicos, e que pelo Ministério da Saúde não há uma solução, compreendemos que aquilo que está acontecer agora, é escusa às horas extraordinárias, vai pôr em causa variadíssimos serviços”, disse. O município de Bragança vai enviar ao ministro da Saúde um caderno com várias preocupações relativamente à situação na região.

Jornalista: 
Ângela Pais