Meios de combate a incêndios reforçados desde Maio

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Ter, 15/06/2021 - 13:03


Em 2020, quando a crise sanitária tomou de assalto a Europa, o comportamento dos incêndios florestais, em Portugal, era uma verdadeira incógnita, mas a verdade é que o ano veio trazer números pouco simpáticos

Após dois anos de decréscimo, o país viu a área ardida crescer, ainda que o número de ocorrências tenha atingido o número mais baixo desde 2015. Face ao ano que se viveu, agora os meios de combate aos incêndios rurais foram reforçados. Este reforço deu- -se já no fim do passado mês de Maio, sendo que passaram a estar no terreno 8537 operacionais, 1940 viaturas e 37 meios aéreos. Refira-se ainda que, no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais 2021, está já em funcionamento, desde o dia 7 de Maio, a Rede Nacional de Postos de Vigia, composta por 77 postos de vigia para prevenir e detectar incêndios. Desde o dia 1 deste mês, os meios de combate a incêndios voltaram a ser reforçados, mas é entre Julho e Setembro, a fase mais crítica, que se mobiliza o maior dispositivo, contando, este ano com 12058 operacionais, 2795 equipas, 2656 veículos e 60 meios aéreos. Ao que se conseguiu apurar, esta fase mais crítica conta com mais 200 operacionais e há ainda uma aposta na melhoria das ferramentas de apoio à decisão operacional. Este ano, segundo avançou o jornal Púbico, o combate a incêndios rurais vai contar com um novo instrumento, a Directiva Integrada de Detecção e Vigilância de Incêndios Rurais, para melhorar a coordenação entre as entidades envolvidas na detecção e vigilância dos fogos. Este instrumento vai ficar na tutela da Guarda Nacional Republicana.

Vinhais e Moncorvo na lista dos incêndios mais graves de 2020

Entre 1 de Janeiro e 16 de Outubro de 2019, segundo a base de dados nacional de incêndios rurais, registou-se um total de 10841 incêndios rurais em Portugal, os quais resultaram em 41622 hectares de área ardida, entre povoamentos (21163 ha), matos (15782 ha) e agricultura (4677 ha). Quanto a 2020, em igual período, registou-se um total de 9394 incêndios rurais, que resultaram em 65887 hectares de área ardida, entre povoamentos (31803 ha), matos (27824 ha) e agricultura (6260 ha). Assim, no ano passado houve menos 1447 incêndios rurais. Em termos de área ardida o número é maior: são mais 24265 hectares consumidos. Comparativamente com 2019, a área ardida aumentou cerca de 35%. Ainda assim, 2020 apresenta-se até à data com o valor mais reduzido do número de incêndios florestais da última década. O mês de Julho foi aquele que apresentou maior número de incêndios rurais. No que respeita à área ardida, também Julho foi o mês mais crítico do ano. Em 2019 os incêndios com área ardida inferior a 1 hectare são os mais frequentes, representando 85% do total de incêndios rurais. No que se refere a incêndios de maior dimensão, assinala- -se a ocorrência de dois incêndios com área ardida superior ou igual a 1000 hectares. Quanto a 2020, os incêndios em que a área ardida é inferior a 1 hectare também continuam a ser os mais frequentes, representando 86% do total. Contudo, no resto o cenário muda. No que se refere a incêndios de maior dimensão, assinalaram-se 11 incêndios com área ardida superior ou igual a 1000 hectares. Ao que se conseguiu ainda apurar, nenhum concelho do distrito de Bragança surge na lista dos maiores 20 incêndios rurais entre 1 de Janeiro e 16 de Outubro de 2019. Já em 2020, em igual período, nesta lista figuram três incêndios decorridos na região: um em Torre de Moncorvo, na Adeganha, no dia 6 de Agosto, em que a área consumida foi de 2721 hectares; outro em Vinhais, mais concretamente em Pinheiro Novo, no dia 4 de Setembro, em que arderam 1058 hectares de povoamento, terrenos agrícolas e mato; e, por fim, novamente um outro em Vinhais, em Vilar da Lomba, no dia 25 de Julho, em que arderam 957 hectares.

Análise das causas

Do total de 10841 incêndios rurais verificados no ano de 2019, 8640 foram investigados (80% do número total de incêndios - responsáveis por 88% da área total ardida). A causa mais frequente foi o incendiarismo, sendo que 16% correspondia directamente a queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas. Já em 2020, no universo de incêndios investigados, a causa mais frequente repetiu-se. O uso negligente do fogo causou 29% dos incêndios, sendo que as queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas tiveram praticamente a mesma significância que em 2019, foram 15%. Em 2020, depois de Castelo Branco, o distrito mais afectado do país foi Bragança, com 6522 hectares (10% do total). Em terceiro lugar surge Vila Real, com 5897 hectares (9% do total).

Jornalista: 
Carina Alves