Seg, 23/12/2019 - 14:39
O bolo que “é um fenómeno”
Eurico Castro, natural de Macedo de Cavaleiros, trata a pastelaria por tu há mais de 30 anos e é conhecido como o pai da pasta de castanha, produto que criou, há mais de dez anos, porque queria uma “nova forma de consumo” do fruto, já que por aqui, apenas se comia assada, cozida ou crua, e as “potencialidades” não estavam exploradas. “Quis revolucionar esse mercado”, começou por explicar o pasteleiro. Em Bragança há 24 anos, Eurico Castro começou pelos ouriços de castanha, em 2008. Até chegar a um bolo-rei em que o fruto também brilhasse foi um passo. “Era inevitável”, disse o pasteleiro, quando questionado sobre como surgiu a ideia em ter criado este bolo que, segundo garante, já foi premiado em vários concursos. Por agora, Eurico Castro, que já teve em Bragança vários negócios associados à pastelaria, não está, propriamente, a dar corpo a nenhum projecto nesta área mas continua a ajudar a mãe, que tem, no mercado municipal, um estabelecimento familiar, onde o que é doce não falta. É aqui que o bolo-rei de castanha por estes dias é feito e vendido. “É muito procurado, ainda que seja do mais caro que temos”, garantiu o pasteleiro. Afinal o que tem de tão especial o produto? Eurico acredita que o segredo é o marron glacé que o doce de Natal, além da pasta de castanha, ainda leva. “É um fenómeno, toda a gente gosta”, confessa. Além do bolo-rei de castanha, que é pedido por clientes de vários pontos do país e é o mais procurado por estes dias, Eurico Castro tem ainda o tradicional, de fruta cristalizada, um de frutos secos, outro de doce de abóbora, que chama de “escangalhado” e, este ano, leva um de maçã e noz ao conhecimento dos palatos brigantinos.
Bolo-rei para comer em qualquer altura
Luís Correia era mecânico e tornou-se pasteleiro. Foi uma coisa nada tem a ver com a outra, a verdade é que a mudança foi uma boa aposta uma vez que a pastelaria, que tem em Bragança, está aberta ao público há 25 anos. Nesta quadra vende um pouco de tudo que casa bem com o Natal mas, o bolo-rei de castanha é o grande sucesso e o mais procurado. Na pastelaria de Luís Correia este bolo já se vende há alguns anos e a criação surgiu quando uns clientes de Braga o desafiaram a confeccionar o doce. Sem conhecimento de causa, o pasteleiro não disse que não e meteu as mãos na massa. Criou a sua própria pasta de castanha e depois foi dar vida ao resto do bolo que também leva nozes e amêndoas. “O modelo fui eu que o arranjei e para se diferenciar é quadrado”, explicou. O pasteleiro, que conta com a ajuda dos filhos, tem outras “possibilidades” para quem não apreciar castanha. Há bolo rei tradicional, de chila, de chocolate, e de frutos secos. “São bolos reis que se podem comer em qualquer altura”, garantiu sobre as suas criações, mas diga-se que o de castanha reina porque “sabe mesmo bem”. O bolo-rei de castanha do brigantino não é só para o gosto dos transmontanos e segue ainda para outras cidades do país, mas só aqui, nestes dias de Natal, vendem-se mais de 150. As rabanadas e filhoses também são um chamariz na pastelaria e no ano passado venderam-se mais de duas mil.
Sangue novo
Tiago Correia tem apenas 20 anos e a pastelaria já não lhe esconde grandes segredos. É filho de Luís Correia e foi por causa da correria nesta quadra que se interessou pelos doces porque tinha que ajudar os pais a ter tudo pronto a tempo e horas. Como “a equipa está bem treinada para cada função” acabam por ser dias de “alegria” para o jovem, que quer fazer da pastelaria o seu futuro e que, ainda que goste do tradicional, é a inovação que o seduz. “Aquilo que mais puxa para continuar é ter a ideia que o meu pai e a minha mãe tiveram: dar às pessoas a melhor qualidade possível do produto”. “Através da comida, neste caso nos doces, podemos transmitir felicidade às pessoas e é isso que me realiza e me faz querer a pastelaria como profissão”.