Perdas de produção até 90% ditam ano dramático para apicultores da região

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Ter, 20/09/2022 - 15:34


Quebras entre os 80 e os 90% vão fazer de 2022 o pior ano de sempre para os apicultores da região

Quem o garante é o presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste, que assume que as alterações climáticas, a seca, os incêndios e a crise económica são os responsáveis por este cenário. Mirandela é o concelho mais afectado, no que toca a quebras, mas é também aquele que, no distrito, mais colmeias tem. A nível nacional é até mesmo o segundo onde mais há. São 10 mil. Segundo referiu José Domingos Carneiro, ligado ao sector há cerca de 40 anos, de cada colmeia estarão a ser retirados, em média, dois ou três quilos de mel, mas em anos normais seriam cerca de 20. “Acho que batemos no fundo”, frisou o presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste, entidade que abrange cerca de 500 produtores de mel, de vários concelhos dos distritos de Bragança, de Vila Real e até do concelho de Vila Nova de Foz Coa, já no distrito da Guarda. Estes cerca de meio milhar de apicultores são proprietários de, no total, cerca de 50 mil colmeias. Colmeias estas que já foram mais porque “alguns abandonaram e outros diminuíram os efectivos”. A quebra de produção, que se tem vindo a agravar nos últimos três anos, é a responsável pela redução de colmeias e esta redução, já que há menos abelhas, leva também a que a produção seja cada vez menor. Os incêndios foram bastante preocupantes para o sector, noutros tempos, não muito longínquos, mas agora, este ano, o que atormentou os apicultores foi a seca, que afectou a floração, que, por sua vez, compromete a sobrevivência das abelhas, que deixam de ter tanto alimento disponível. “Há um espaço de tempo em que as abelhas têm ao seu dispor o néctar, se não vem tempo para poderem trabalhar, porque não existe floração, como agora aconteceu, elas não saem das colmeias e não se alimentam”, explicou José Domingos Carneiro sobre o fenómeno, adiantando que a situação já pôs alguns apicultores a alimentar, com açúcar, os insectos. Perante a situação, o presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste considera que faltam apoios a quem ainda se dedica ao sector. José Domingos Carneiro confessou que “veio agora uma ajuda, apenas para os apicultores afectados pelos incêndios, de 700 gramas de açúcar por colmeia”. Mas não chega. “Nem tenho palavras para classificar isto porque o apicultor gasta, por colmeia, cerca de 10 quilos”, frisou o presidente da associação, que pede outra sensibilidade ao Governo, dada a importância que as abelhas têm para a agricultura, por se tratarem de insectos polinizadores. Neste aspecto, é de salientar que árvores como as amendoeiras, por exemplo, dependem, em 70%, das abelhas. José Domingos Carneiro lembra que, além da agricultura, as abelhas são fulcrais para o equilíbrio do planeta e, por isso, lamenta que não seja “apoiada”.

Jornalista: 
Carina Alves