À procura do bem estar

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Ter, 28/06/2005 - 18:06


A licenciatura em Reabilitação e Terapia Ocupacional na Escola de Alcoitão levou Telmo Teles a descobrir o mundo de Osteopatia. Foi nesta área que decidiu especializar-se, seguindo-se uma formação superior em Acupunctura.

É docente de Biomecânica no ISLA-Bragança e formador na área de Reabilitação e Locomoção Humana noutras instituições de ensino superior. Exerce funções no Hospital Distrital de Bragança e possui consultório na Maia, Mirandela e Bragança.

Jornal Nordeste (JN) – Onde fez os seus primeiros estudos e o que o levou a prosseguir a sua formação na Escola de Alcoitão?
Telmo Teles (TT) – Até ao 12º ano frequentei sempre as escolas de Bragança. A formação em Alcoitão foi um grande laboratório de ensino. É uma escola de referência e foi por influência dos seus professores que decidi seguir a formação em Osteopatia. Foi uma experiência muito positiva, que me abriu as portas para outros horizontes.

JN – A reabilitação é cada vez mais importante nos serviços de Saúde. Sente que o seu trabalho é reconhecido e valorizado?
TT – Bem, é uma valência cada vez mais procurada, fruto do avanço da tecnologia e dos acidentes de viação que são uma constante na nossa vida. No hospital não trato, apenas, de pessoas que sofreram acidentes, mas daqueles que têm problemas neurológicos motivados por tromboses e AVC´s. A reabilitação continua a ser uma área de grande influência e necessidade, embora ainda possa haver algumas lacunas. Aliás, foram essas lacunas que me levaram a procurar novos caminhos, nomeadamente a Osteopatia e a Acupunctura. Sem dúvida que a reabilitação faz muita falta, mas se pudermos prevenir a doença, através da divulgação dos cuidados de saúde a ter, certamente que poderemos evitar muitas maleitas incapacitantes e os consequentes gastos na reabilitação.

JN – O que o levou a enveredar pelas chamadas medicinas alternativas?
TT – Foi a influência de colegas e, como já referi, de professores da Escola de Alcoitão. Por outro lado, foram as belezas que as medicinas alternativas nos podem transmitir e a possibilidade de dar ao doente uma oportunidade de escolha ao nível do tratamento. Não estamos a falar de tratamentos evasivos e com efeitos colaterais, mas de técnicas eficazes desde que aplicadas com qualidade sabedoria.
Recordo, no entanto, que a Osteopatia e a Acupunctura não devem ser encaradas como medicinas alternativas, mas como uma complementaridade. Por exemplo, se um doente tiver dores, não lhe dizemos: “ou faz isto, ou faz aquilo”. Acho, e tenho provas disso, que o doente só beneficia com uma complementaridade do tratamento, até porque as formas de trabalhar são muito diferentes nos dois tipos de medicinas.
No entanto, vale a pena dizer que a legislação portuguesa salvaguarda a Medicina, não se podendo usar o termo Medicinas alternativas, mas Terapêuticas Alternativas. Então vamos falar de Terapêuticas Complementares

JN – A Acupunctura e a Osteopatia são dois desses tratamentos. Fale-nos um pouco deles.
TT- É a mais conhecida das pessoas, sem dúvida. É uma disciplina da Medicina Tradicional Chinesa, da qual há registo com mais de 5 mil anos. Está muito divulgada em todo o Mundo e associada a ela está a Fitoterapia, que é a farmácia chinesa.
A Osteopatia, por seu lado, é uma prática incluída no próprio sistema nacional de saúde de países como os Estados Unidos da América. É uma medicina originária da América e para se verificar a qualidade técnica e científica desta disciplina, basta lembrar que foi fundada por um médico norte-americano de medicina convencional, que sentiu necessidade de tratar os seus pacientes com mais algum conhecimento do que o que tinha em termos de Medicina Convencional. Chegou à conclusão que aquilo que sabia não era suficiente para tratar determinadas doenças dos aparelhos músculo-esquelético, tais como dores de coluna.
É uma disciplina onde a manipulação dos ossos, músculos, tendões e articulações vai tentar normalizar determinada maleita. É frequente um Osteopata tratar pessoas com um torcicolo, lombalgia, mas também com depressões ou problemas intestinais. Está tudo relacionado com o corpo humano, enquanto ser uno. Já ouvi médicos dizer que uma das grandes falhas da medicina convencional é a demasiada especificidade e especialidade das suas vertentes. É importante as pessoas serem especialistas, mas não se podem esquecer da integridade do corpo humano, que é um só.
Nesta matéria, tanto a Acupunctura como a Osteopatia vêem o corpo humano como um todo, envolvido por todas as influências que nos rodeiam, como o stress e a nutrição.

JN – Como reagem as pessoas a este tipo de tratamentos?
TT – Eu sou um pouco suspeito para falar, porque há seis anos que pratico estas disciplinas em Bragança. Nunca divulguei muito esta minha actividade a título publicitário, porque achei que era mais importante as pessoas procurarem-me através das informações dadas por outros pacientes meus. As pessoas têm reagido bem e tenho clientes que, no caso de entorse ou uma lombalgia já não recorrem ao Hospital, mas vêm logo directamente a mim. Muito sinceramente, a aceitação do meu trabalho é boa, ao ponto das pessoas me recomendarem a outras.
Há pequenas coisas, como uma dor de costas, que não aparecem por acaso. Muitas vezes são fruto do uso constante do automóvel, duma profissão muito sedentária ou com movimentos repetidos, que às vezes podem ser resolvidas com mais passeios a pé ou com a adopção duma postura correcta no trabalho. É esta preocupação que se pretende transmitir e penso que as pessoas já perceberam que há vantagens no uso das terapêuticas alternativas.
Só tenho pena que a legislação portuguesa não seja mais apertada, limitando a prática destas terapêuticas. É que, tal como na medicina tradicional, nas terapêuticas complementares também há maus profissionais.
Há cursos de Osteopatia de um ano e eu pergunto se alguém gostaria de ser operado por um médico com um ano de curso. Para fazer acupunctura basta ter agulhas, abrir consultório e arranjar clientes. É necessária legislação para o sector para acabar com este problema.

Entrevista de Marcolino Cepeda, Rui Mouta e Mara Cepeda