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Produção de amêndoa em Trás-os-Montes aumenta ano após ano

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Ter, 09/04/2024 - 12:13


A produção de amêndoa em Trás-os-Montes tem vindo a aumentar, mas enfrenta desafios climáticos significativos

Em Portugal, as principais regiões produtoras de amêndoa são Trás-os-Montes (26.770 hectares) e o Alentejo (26.698 hectares). No total, Trás-os-Montes e Alentejo representam 84% da área de amendoal no país. Apesar do aumento verificado na produção, as alterações climáticas têm sido um desafio para os produtores portugueses, uma vez que o aumento da temperatura no inverno tem causado uma floração antecipada, aumentando assim o risco de perda de produção com as geadas. André Vaz, gerente da Cooperativa Soutos Os Cavaleiros, destaca que, este ano, as condições climáticas foram mistas, com algumas vantagens e desvantagens. "Tivemos um clima mais ou menos adaptado ao desenvolvimento normal da amendoeira, com horas de frio adequadas e chuvas para combater o défice hídrico", afirma. Para o especialista, este é um ponto crucial, pois as horas de frio são essenciais para o desenvolvimento e a produção de amêndoas. “A presença de chuvas também é fundamental para suprir as necessidades hídricas das árvores, garantindo um crescimento saudável e uma produção satisfatória”. No entanto, André Vaz sublinha preocupações com a humidade e as temperaturas médias elevadas, propícias ao desenvolvimento de doenças fúngicas, exigindo maior vigilância e tratamentos preventivos por parte dos agricultores. “Essas doenças fúngicas podem representar uma ameaça significativa para a produção, podendo causar perdas substanciais se não forem adequadamente controladas”. Apesar desses desafios, o gerente da cooperativa macedense expressa optimismo em relação à produção deste ano, “desde que as condições se mantenham favoráveis e os tratamentos adequados sejam aplicados”. “Após uma desvalorização significativa no ano anterior, causada por factores nacionais e internacionais, como o aumento da produção em Portugal, o mercado de amêndoa enfrenta uma crescente dependência da produção internacional, o que impacta directamente nos preços”, disse. Por sua vez, Bruno Cordeiro, director da AmêndoaCoop, em Moncorvo, também partilha preocupações com as condições climáticas desfavoráveis e os preços baixos do mercado no ano anterior. "Foi um ano muito abaixo da média", lamenta Bruno Cordeiro, destacando a importância da exportação para o mercado espanhol, que absorve cerca de 60% da produção local. Este aspecto ressalta a interdependência das economias agrícolas regionais e a importância do comércio internacional para a sustentabilidade económica dos produtores locais. No entanto, o responsável ressalta que “a opção pelo cultivo biológico tem-se tornado cada vez mais popular entre os produtores”, devido aos benefícios económicos e ambientais que oferece. "Com uma cultura resistente e menos necessidade de tratamentos, o regime biológico tem sido adoptado mais amplamente", destaca.

Produção biológica diferencia amêndoa transmontana no mercado

Com a dependência dos mercados internacionais, André Vaz, da Cooperativa Soutos Os Cavaleiros, ressalta a necessidade de os produtores locais estarem atentos às tendências globais e de adoptarem estratégias que garantam a competitividade dos seus produtos, nomeadamente a produção biológica. "O biológico é o futuro da amêndoa em Trás-os-Montes, sendo essa uma diferenciação importante em relação à produção em massa que se tem visto em todo o país", concluiu Esta afirmação destaca uma tendência crescente em direcção ao cultivo biológico, não apenas como uma resposta aos desafios ambientais, mas também como uma estratégia para agregar valor aos produtos locais e se destacar num mercado cada vez mais competitivo. Segundo dados da Competências dos Frutos Secos (CNCFS), a produção de amêndoa com casca em Portugal passou de 7.012 toneladas em 2010 para 46.215 toneladas em 2022 (últimos dados). Por sua vez, a produção de amêndoa sem casca ascendeu a 10.398 toneladas em 2022, acima das 1.578 toneladas contabilizadas em 2010, sendo que um quilograma (kg) de amêndoas com casca, equivale a 0,225 kg sem casca. No entanto, confrontados com este aumento da produção e com o regime biológico, os agricultores transmontanos também acreditam num modelo diferenciador. Alfredo Vaz, produtor do concelho de Mirandela, referiu que, este ano, as amendoeiras têm tido uma floração antecipada e “caso haja alguma geada mais forte nos próximos tempos correm sérios riscos de perder a produção”. “Como também tem sido um ano de chuva, preocupa- -me a humidade que provoca depois fungos. Com a produção em regime biológico é mais difícil fazermos frente a tipo de doenças fúngicas, mas para já eu e os outros produtores julgo que temos lidado bem com esta situação”, disse. No entanto, nem todos os motivos são benéficos para a adopção do regime biológico. “O maior problema da produção biológica não são as doenças, mas sim as demoras dos pagamentos dos subsídios por parte do estado”. Segundo dados da Competências dos Frutos Secos (CNCFS), a produção de amêndoa com casca em Portugal passou de 7.012 toneladas em 2010 para 46.215 toneladas em 2022 (últimos dados). Por sua vez, a produção de amêndoa sem casca ascendeu a 10.398 toneladas em 2022, acima das 1.578 toneladas contabilizadas em 2010, sendo que um quilograma (kg) de amêndoas com casca, equivale a 0,225 kg sem casca. No entanto, confrontados com este aumento da produção e com o regime biológico, os agricultores transmontanos também acreditam num modelo diferenciador. Alfredo Vaz, produtor do concelho de Mirandela, referiu que, este ano, as amendoeiras têm tido uma floração antecipada e “caso haja alguma geada mais forte nos próximos tempos correm sérios riscos de perder a produção”. “Como também tem sido um ano de chuva, preocupa- -me a humidade que provoca depois fungos. Com a produção em regime biológico é mais difícil fazermos frente a algum tipo de doenças fúngicas, mas para já eu e os outros produtores julgo que temos lidado bem com esta situação”, disse. No entanto, nem todos os motivos são benéficos para a adopção do regime biológico. “O maior problema da produção biológica não são as doenças, mas sim as demoras dos pagamentos dos subsídios por parte do estado”.

Jornalista: 
Daniela Parente