“Sempre quis ser ciclista profissional”

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Qui, 28/05/2020 - 23:50


Ricardo Vilela, David Rodrigues, Fábio Gil, César Quitério, Sílvia Costa e Fernando Gonçalves foram os ciclistas convidados da “mesa redonda virtual” dos alunos da licenciatura de desporto do IPB.

Ricardo Vilela foi um dos convidados da iniciativa online “À Conversa com ciclistas”, realizada esta quarta-feira. O atleta da Burgos BH, natural de Bragança, falou do seu percurso na modalidade e das experiências nas diferentes provas internacionais.

A participação na Volta a Espanha (2015, 2017, 2019) é especial pela grandeza da competição, já que está no Top 3 mundial de provas de ciclismo. “É diferente de tudo aquilo que estamos habituados, pela grandeza da prova e pelo facto de contar com os grandes ciclistas mundiais”, disse Vilela.

Já em termos de apoio do público Ricardo não tem dúvida que em Portugal “o povo saiu mais à rua”. “O comportamento do público em Portugal é melhor pois somos mais acarinhados”, acrescentou.

Entre as sete participações na Volta a Portugal destaca-se o sexto lugar da geral alcançado em 2014 e o décimo em 2016.

O brigantino falou com orgulho da modalidade que desde muito cedo pratica e o sonho de competir em grandes provas. “Sempre quis ser ciclista profissional”, destacou.

Também David Rodrigues, ciclista da Rádio Popular Boavista, natural da Guarda, sabe bem o que é ser profissional. Com passagem pelo XCO, em que venceu uma Taça do Mundo no escalão de juniores, acabou por enveredar no ciclismo de estrada que conciliava “com a licenciatura em fisioterapia”.

Na Volta a Portugal do Futuro foi segundo classificado à geral e na estreia na prova rainha do ciclismo nacional, a Volta a Portugal, venceu a Camisola Branca.

Em 2018 esteve muito perto de vencer a etapa da Senhora da Graça. “Se calhar faltou um pouco de sorte, mas a sorte é algo que se trabalha. A 250 metros da vitória e não a alcançar é algo que fica gravado. Sem dúvida que ficou um sabor amargo”, recordou.

No ano passado, David Rodrigues conclui a Volta a Portugal na sétima posição.

O ciclismo, à semelhança de outras modalidades, debate-se com a escassez de apoios. Fábio Gil, betetista da Guarda, faz parte da elite de Enduro BTT e contou que o investimento na modalidade é pessoal.  “Uma época no enduro é muito cara. O ano passado tive três provas nas ilhas e foram pagas do meu bolso. Tenho alguns apoios, pois há marcas que dão algumas peças, mas falta o essencial, o dinheiro”.

A mesma dificuldade é sentida, ainda mais, por quem é amador. Sílvia Costa é natural de Vila Pouca de Aguiar e representa o clube local, que ajuda “com as inscrições nas provas e as licenças”. Quanto à manutenção das bicicletas e todo o material necessário para competir é suportado pelos ciclistas”.

Para Sílvia Costa a falta de apoios resulta “da falta de cultura desportiva que há no nosso país”.

A ciclista já amealhou vários títulos regionais, sendo que em 2019 foi campeã regional da taça e campeonato da Associação de Ciclismo de Vila Real. A nível nacional alcançou o quinto lugar em Master 40 e sagrou-se campeã nacional por equipas de duatlo.

Outro atleta medalhado que participou na “mesa redonda virtual” foi Fernando Gonçalves (Joka), também do CTM Vila Pouca Aguiar.

Joka é natural de Izeda e em 2019 sagrou-se Campeão Nacional de XCM em Masters 55. “Foi o momento mais marcante até agora no ciclismo”, afirmou.

Já a velha guarda do ciclismo fez-se representar por César Quitério. O mirandelense, actualmente presidente do Clube de Ciclismo de Mirandela, foi ciclista profissional, iniciou a carreira em 1997 e terminou em 2010, tendo representado a Liberty Seguros e Louletano.