Ter, 08/10/2019 - 15:15
Sobre o escritor, que também foi magistrado e político, nascido em Ju - nho de 1861, em Mogadou - ro, Fernando Machado, que conduziu a conferência so - bre o autor de “Os Meus Amores”, acredita que ain - da muito há por conhecer. Para o docente da Univer - sidade do Minho, também nascido em terras de Moga - douro, as mágoas de Trin - dade Coelho, que acabaram por ser um “caldo” que o le - varia a cometer, em 1908, o suicídio, são dos pontos mais desconhecidos e não menos interessantes do autor. “Estou a juntar alguns elementos para publicar uma pequena obra sobre as mágoas de Trindade Coe - lho, porque foi um homem que passou uma vida muito magoada”, começou por ex - plicar o docente que diz ter a “impressão” de que “ainda não se conhece suficiente - mente o conterrâneo” e Mo - gadouro devia ser a “base” da difusão e do maior co - nhecimento do escritor. Deixando de parte o que acredita ser o mais comen - tado e conhecido do escri - tor, a sua vertente literária, sobretudo “Os Meus Amo - res”, Fernando Machado reportou-se ao mogadou - rense para o dar a conhecer como um homem situado e comprometido. Situado porque “apesar de ter vivi - do pouco tempo em Moga - douro nunca deixou de ter esta referência, sendo que a quase totalidade dos contos aí são passados” e compro - metido porque foi um ho - mem “muito ligado à am - biência política”, vivia à sua altura, e estando encarre - gado de vigiar as publica - ções que saiam em Lisboa, sobretudo em jornais, aca - bava por viver numa “con - tradição” porque, tendo um “espírito democrático”, es - crevia contra as leis que fa - zia aplicar. Campos Monteiro, es - critor, médico, jornalista e político, nascido em Torre de Moncorvo, em Março de 1876, outro dos mais conhe - cidos nomes do distrito no mundo das letras, também mereceu destaque no penúl - timo dia das jornadas atra - vés do seu conterrâneo Jo - sé Firmino Ricardo. O in - vestigador no Centro de In - vestigação Transdisciplinar “Cultura, Espaço e Memó - ria” acredita que nomes co - mo o de Campos Monteiro deviam fazer parte da rea - lidade no ensino português que andará “sempre” à vol - ta de “meia dúzia” de nomes. Acreditando que o le - que de escritores com “qua - lidade” é “vasto”, olhando para os que vêm já de sécu - los anteriores, mais precisa - mente, XIX e XX, o “grande apogeu” do romance, refe - re que há vários nomes que deviam ser estudados e me - reciam que os professores do secundário tivessem “li - berdade” de escolha nesse aspecto. “Durante o Estado Novo, na escola, estudava - -se Campos Monteiro, mas com a revolução de Abril esses escritores malditos fo - ram riscados e é preciso se - parar as coisas, uma coisa é a arte e outra são as ideias”, explicou. José Firmino Ricardo é ainda responsável pelo pri - meiro estudo de fundo sobre Campos Monteiro: “Domus Mea est Orbis Meus”, publi - cado em 2012. “Sendo ele tão importante, foi um dos es - critores mais lidos no princí - pio do século XX, decidi pe - gar em papéis dispersos, em várias documentações, que não estavam trabalhadas, e fiz uma investigação, que deu num livro”, confirmou As jornadas, que come - çaram na quinta-feira e ter - minaram domingo, tive - ram a organização a cargo do Centro Cultural de Bal - samão e das autarquias de Macedo de Cavaleiros e de Mogadouro. Além de A. M. Pires Cabral, as sessões lem - braram ainda nomes como os de Guerra Junqueiro, de Freixo de Espada à Cinta, e Miguel Torga, de São Mar - tinho de Anta, Sabrosa.