Vimioso: terra rica em tradições artesanais e com castelo maravilha

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Qua, 27/04/2022 - 10:37


No âmbito do “Concelho em Destaque”, lançado este ano no Jornal Nordeste, o mês de Abril foi dedicado a Vimioso. Desde a carne mirandesa, ao artesanato e ao turismo, damos a conhecer um pouco deste concelho que fica a 49 quilómetros de Bragança, capital de distrito

Vimioso, vila raiana com 10 freguesias e pouco mais de 4 150 habitantes, de acordo com os censos de 2021. Dista cerca de 49 Km da capital de distrito, que se traduz num caminho longo devido aos acessos, que já fizeram correr muita tinta nos meios de comunicação. A falta de ensino secundário continua também a ser uma luta, assim como a fixação de jovens. Mas, embora seja dos concelhos mais recônditos do país, a boa carne, as termas, o castelo de Algoso e o artesanato fazem valer a pena visitar.

Onde a carne é de qualidade

É um dos três concelhos do Planalto Mirandês e Planalto Mirandês significa produção de carne de qualidade e produção de carne de qualidade significa “Cooperativa Agro Pecuária Mirandesa”. Situada na zona industrial da vila, esta cooperativa tem vindo a crescer com o passar dos anos. Instalou- -se em Vimioso em 2011 e trabalha com todo o solar da raça do Planalto Mirandês. Os matadouros dos concelhos vizinhos são os seus grandes fornecedores. Todo o processo pós abade do animal até ao cliente passa por esta unidade industrial, onde é feita “desmancha primária”, “desmancha normal em vácuo e em skin pack”, “congelados” e ainda “charcutaria”. Contrariamente ao que se fazia prever, devido à pandemia, o negócio tem vindo a crescer e no ano passado atingiu o seu máximo, com a transformação de 365 toneladas de carne. “Foi o melhor ano em termos de quilogramas de carne tirada das explorações. Temos vindo a crescer, desde que começamos a actividade”, sublinhou Nuno Paulo, da cooperativa. Ainda assim, a pandemia obrigou a mudanças no mercado. Se antes a marca “Carne Mirandesa” estava muito direccionada para restauração e turismo, agora está mais no sector dos supermercados. Esta mudança trouxe consequências, maioritariamente aos agricultores. “Os principais prejudicados foram os produtores, porque este tipo de mercado não valoriza os produtos, porque uma carne qualificada não é um produto de massa”, explicou. Inevitavelmente, também esta empresa se viu engolida pelo aumento dos custos de produção, com o aumento do preço do cartão e do plástico, e pelo aumento do preço dos combustíveis. A cooperativa tem 400 produtores da raça Mirandesa, dos quais 300 estão entre os 55 e 60 anos. Segundo Nuno Paulo o número de agricultores a dedicarem-se à produção de carne tem “aumentado”, mas teme que, nos próximos tempos, devido a “novos regulamentos de licenciamento das explorações”, as pequenas explorações possam acabar. “As medidas agro-ambientais são contratos de cinco anos é uma fase em que as pessoas desistem, porque as pessoas já com uma idade avançada não estão em condições de assumir um contrato”, admitiu. Os custos de produção também são outro problema já que começam a sufocar os agricultores da região, visto que o “mercado não está a diluir todos os custos que estão a aumentar”. O dirigente reconhece mesmo que o produtor é o mais prejudicado nesta fileira e, por isso, disse ter noção de que é preciso “dar mais ao produtor”. Ainda assim, Nuno Paulo mostrou-se optimista com os tempos que se seguem e acredita que o negócio vai continuar a crescer. “Tudo isso vai ter impacto no sentido de permitir que consigamos manter a estrutura aberta, não tenho dúvidas de que se vai conseguir. A nossa expectativa é que podem acabar alguns produtores, podem diminuir, mas estamos preparados para isso, não me parece que seja um desaparecimento total, mas que algumas explorações podem desaparecer”, explicou. A Cooperativa Agro Pecuária Mirandesa dá trabalho a 26 pessoas. Uma das empresas com mais impacto na economia do concelho de Vimioso, até porque, além dos postos de trabalho, toda a riqueza produzida fica na região. “É de outras regiões que trazemos o dinheiro e até mesmo do estrangeiro, e é dinheiro que fica nestas terras”, concluiu.

Enquanto uns saem, outros fixam-se

O concelho de Vimioso há muito que se bate pela fixação de jovens, que desde cedo saem da sua terra para estudarem e depois são poucos os que regressam. Há cerca de 20 anos que a Câmara Municipal lançou um apoio para incentivar à natalidade mas, ainda assim, cada vez nascem menos bebés neste território, seguindo a tendência do resto da região. No entanto, houve quem se tivesse mudado para Vimioso. Foi o caso de Américo Guedes, o biólogo da Palombar, uma associação que vos irei dar a conhecer mais à frente. Natural do Peso da Régua, abraçou a oportunidade de emprego da Palombar e mudou-se para o concelho. O meio rural fascina-o e, por isso, não está nos seus planos ir embora, pelo menos para já. “Eu gosto bastante de estar aqui, pela qualidade de vida, pelas tradições, pelo bom estado de conservação da natureza, por este ainda equilíbrio entre os trabalhos agrícolas, a vida natural”, afirmou o jovem biólogo, salientando que todo este “equilíbrio” o “atrai”. No entanto, reconhece que aquilo que o fez apaixonar pela região, pode ser o principal motivo para afastar os jovens. Ainda assim, relembra a Palombar existe também para atrair novos visitantes e manter os que cá estão, já que a maioria dos funcionários “vieram de fora e se fixaram no território”.

Pela natureza e pela conservação do meio rural

A Palombar é uma associação que já existe há 22 anos e está instalada na antiga escola primária de Uva, uma aldeia do concelho de Vimioso. Surgiu com o objectivo de revitalizar os pombais tradicionais daquela localidade, mas também das vizinhas. Só em Uva há mais de 40 pombais que foram reabilitados e utilizados como ferramenta da conservação da natureza. As ameaças que a Palombar identifica no concelho de Vimioso são transversais à região. O “abandono da agricultura por si só já é uma ameaça”, visto que altera e contribui para a perda de habitats. Por outro lado, também a transformação da agricultura tradicional numa monocultura, influencia algumas espécies, como a perdiz e o coelho. E o uso de agro-químicos assim como o comportamento inadequado das pessoas traz igualmente consequências para o equilíbrio do ecossistema. A associação dedica-se à conservação da natureza, mas também da conservação do património rural. Américo Guedes explicou que a Palombar tem o intuito de dinamizar os territórios rurais num estado de abandono, sensibilizar as populações para a importância da natureza e equilíbrio do ecossistema, envolver voluntários, e atrair público jovem para estes territórios. Os mais curiosos podem visitar o Centro de Interpretação dos Pombais ou então participar nas várias actividades que a associação realiza, desde oficinas, de construção de muros de pedra seca e carpintaria, a passeis de interpretação da natureza. Algumas destas iniciativas acontecem para preservar o conhecimento que se tem vindo a perder com o passar dos anos. “Vamos ter um campo de trabalho para recuperar um pombal mas, para além de o recuperar, é também passar estas técnicas que se usavam, com a pedra, a madeira, a cal. No património rural também está implícito a preservação do conhecimento empírico das populações em relação às técnicas de construção, o não esquecimento dessas técnicas e a partilha para não deixar morrer este conhecimento”, referiu.

Termas da Terronha são sinónimo de “o Homem sonha e a obra nasce”

Tudo começou numa fonte, na Terronha, junto ao rio Angueira. As pessoas da aldeia usavam aquela água para cura de maleitas relacionadas com a pele e com o aparelho digestivo. Algumas pessoas chegam mesmo a tomar banho numa pequena “baía” que fazia perto da fonte. Só em 2013 foi inaugurado o edifício das Termas da Terronha. Depois de feito um estudo foi possível perceber que esta água é sulfurosa, muito mineralizada ao nível da Mica e Sílica, e é ideal para problemas respiratórios e lesões musculoescléticas. “Temos uma água que vai matar determinados microorganismos que são patogénicos e a sílica que ai fazer a reparação a pele e das mucosas”, explicou Francisco Bruçó, responsável pelas termas. Estão integradas no sistema nacional de Termas de Portugal e há dois anos que fazem parte do Sistema Nacional de Saúde. Quer isto dizer, que podem ali ser feitos tratamentos médicos e comparticipados, caso o médico de família passe o “P1”, um acordo com o SNS. Estes tratamentos são feitos apenas entre Maio e Outubro, a chamada “época termal”, visto que no Inverno a água perde propriedades por causa do frio. Segundo explicou Francisco Bruçó, as pessoas têm um acompanhamento médico. Primeiro têm uma consulta com o médico Hidrologista, que lhe prescreve o tratamento, com duração de 12 dias, de segunda-feira a sábado. É feita uma consulta inicial, uma intermédia e uma final para perceber como correu o tratamento e se deve ser dada alta. Mas para além do lado medicinal, também são uma grande atracção turística. Durante o ano inteiro há “a parte do bem-estar”, ou seja, os utilizadores podem frequentar uma piscina com água 100% termal, fazer banho turco, sauna, massagens com óleos naturais e utilizar aparelhos que estão disponíveis no balneário. Com a pandemia, os cuidados são mais rigorosos, o que permite que as pessoas se sintam “extremamente seguras nas termas”, de acordo com Francisco Bruçó. Nos últimos dois meses a procura aumentou e espera-se que no Verão já tenha a mesma tendência que antes da pandemia. “Temos muita gente da região, que são os clientes habituais, mas também temos muita gente de fora que vêm passar uns dias de férias e procuram-nos para fazer um bem-estar e temos muitos clientes espanhóis”, referiu. Por ano, passa pelas Termas da Terronha mais de 1200 utilizadores e no mês de Agosto, por dia, chegam a estar 30 pessoas a fazer tratamento e 40 a fazer bem-estar.

Castelo Maravilha de Portugal

Construído em cima de uma rocha, o Castelo de Algoso remonta ao século XII, “durante a fase final do reinado de Afonso Henriques, quando Sancho I se encontrava já associado ao exercício do poder régio”. De acordo com informações das Inquirições de 1258, o castelo foi construído por Mendo Bofino. Teve uma relevância militar importante, na altura da reconquista, e na defesa da fronteira contra o Reino de Leão, pela sua localização. É um dos 400 castelos visitáveis e um dos 20 à qual foi atribuída a marca “Castelos Maravilhas de Portugal”, de onde surgiu um livro e do qual o Castelo de Algoso é capa. O castelo está aberto e pode ser visitado a qualquer hora, no entanto, para subir à torre é preciso a presença de um vigilante. As pessoas interessadas em fazê-lo devem então dirigir- -se ao Centro de Acolhimento em Algoso. “Há pessoas da aldeia que vão lá todos os dias, até porque tem ao lado a capela da Nossa Senhora do Castelo e vão lá rezar o terço, há as pessoas emigrantes que pertencem à nossa freguesia que quando vêm e fazem questão de ir lá mais do que uma vez, e depois há aqueles curiosos que vêm de grandes centros urbanos e, por algum motivo conhecem o castelo e vêm visitar. Temos tido muita gente a visitar. A partir da primavera nota-se um acréscimo grande”, frisou a presidente da União das Freguesias de Algoso, Campo de Víboras e Uva, Cristina Miguel. Sendo este um castelo medieval, os autarcas decidiram realizar um evento medieval que atraísse ali pessoas e também valorizasse esta fortaleza, que está ainda sob alçada da Direcção Regional de Cultura do Norte. “Uma forma de promover os territórios é pegarmos naquilo de bom que nós temos e atrair pessoas. Por isso em 2018, experimentamos o primeiro mercado medieval, pegámos também nas nossas tradições, aliadas ao património edificado cultural, e na tradição do Sábado de Aleluia, que é uma tradição secular, em que as pessoas vão ao castelo à meia-noite rezar o terço e cantar ‘Aleluia’. Temos também a romaria no 15 de Agosto, dia da Nossa Senhora da Assunção, que é a senhora da capela ao lado do castelo, e que leva centenas de pessoas ao castelo”, concluiu Cristina Miguel.

Resistir e persistir para que tradições não acabem

Com o envelhecimento da população e com a consequente perda, muitos conhecimentos morrem também. Neste concelho, a latoaria era uma arte, mas morreu o ano passado o último latoeiro de Vimioso. E com ele levou todo o saber, já que os novos pouco querem saber destes assuntos. O mesmo aconteceu com os cestos de vime, que deixaram de ser feitos porque morreu a última pessoa que se dedicava ao ofício. Mas, ainda há artes que se mantêm. É o caso dos escrinhos. Só três pessoas se dedicam a fazê-los e dois deles são Aníbal Delgado e Rosa Delgado, marido e mulher. Não o fazem desde sempre. Embora vivam em Vilar Seco, de onde os escrinhos surgiram, só há 15 anos é que começaram a fazê-los. Bem, na verdade, Aníbal não os faz, mas prepara a matéria-prima o que já não é pêra doce. Na altura era presidente da Junta de Freguesia de Vilar Seco e depois de ter visto que já não havia quem fizesse escrinhos, decidiu fazer alguma coisa para que esta arte não morresse. Foi aí que ofereceu um curso para que as pessoas aprendessem a técnica, mas só mesmo a sua esposa é que quis aprender e ficou a saber como realmente se fazem. “Decidi aprender porque é uma coisa diferente”, afirmou Rosa Delgado. Confessa que neste trabalho o mais difícil é encontrar a matéria-prima, mas também o manuseamento da palha. “Cansa muito as mãos, faz-se muita força, é preciso puxar muito e cansa e já não estou na idade de continuar”, disse. Mas afinal o que é preciso para fazer um escrinho? “É preciso na sementeira, semear o centeio, depois tratá-lo, para que não crie muita erva, e no Verão ceifá-lo, limpá-lo, atá-lo em molhos pequenos para o bater e depois fica a semente para um lado e a palha limpa para o outro. A silva é preciso colhê-la no quarto minguante, entre Outubro e Março, porque senão cria bicho e fica tudo em farinha. E não pode ter filhos, tem que ser silvas especiais. É um bocado difícil encontrá-las”, explicou Aníbal Delgado. Antigamente os escrinhos eram feitos por homens e eram utilizados para guardar a farinha e os cereais. Hoje em dia servem para decoração, maioritariamente. E a técnica pode servir ainda para fazer tantas outras coisas, como cestas, fruteiras e até terços. Nunca fizeram negócio deste ofício, acabou por ser sempre uma distracção e “brincadeira”, mas agora também já começam a ficar cansados. E se este casal deixar de o fazer, há probabilidade de mais uma arte morrer em Vimioso. Por isso, o PINTA, Parque Ibérico de Natureza e Aventura, realiza workshops para que alguém comece a ganhar interesse pelos escrinhos. E Rosa Delgado é a professora. Já no próximo dia 14 de Maio haverá uma sessão de “Iniciação à Técnica de Escrinho”. Normalmente os participantes são pessoas de fora, do Porto, Vila Real, Braga e até Bragança. No entanto, embora haja interesse das pessoas na técnica, mas “perdem um bocadinho a motivação depois de experimentarem e perceberem o quão difícil é”. Uma situação que Ângela Cordeiro, bióloga do PINTA, vê com preocupação. “Isto é grave, porque escrinhos também há poucas pessoas a fazer e quando estas pessoas acabarem possivelmente também acabará a técnica e as peças de escrinho. Por isso é que continuamos a organizar vários workshops dentro destas tradições, porque pode ser que apareça alguém interessado e que dê continuidade à técnica e também para as pessoas valorizarem o trabalho, porque sem experimentarem fazer não sabem a avaliar uma peça”, referiu. O Parque Ibérico de Natureza e Aventura abriu em 2018 e já foi visitado por 12 mil pessoas. Vai para além das suas estruturas físicas, a porta da Rota da Terra Fria Transmontana de Vimioso, o Centro Expositivo relativo à Rede Natura 2000 e o Centro de Actividades Lúdico-pedagógicas do Burro de Miranda. Tem como objectivo “valorizar o património natural e cultural” do concelho de Vimioso os Burros de Miranda são a grande atracção. “É uma espécie curiosa e autóctone e a própria raça é muito meiga e isso acaba por atrair algumas pessoas a conhecer melhor a raça do burro de Miranda”, disse Ângela Cordeiro. Realiza ainda oficinas, saídas de campo, passeios pedestres, passeios com os burros, observação de borboletas e de aves, entre muitas outras actividades. Situa-se na estrada das Três Marras, cruzamento para S. Joanico, e os interessados podem passar por lá.

 

Localização do Castelo: Latitude: 41.469669 Longitude: -6.574492 Situado no cabeço da Penenciada, próximo da aldeia de Algoso

Lenda dos escrinhos: Os habitantes de Vilar Seco, ainda antes dos americanos, tentaram ir à lua, porque a confundiram com um queijo. E como havia muito escrinho amontoaram os escrinhos, mas faltava um. O que lá estava em cima disse para os de baixo ‘já só falta um’ e estava com a mão quase a chegar à lua. E dizem os de baixo ‘opa acabou-se a matéria-prima’, que é palha de centeio e a casca de silva. E diz logo o cabo de polícia, que era o homem mais fino que lá havia, ‘isso é fácil, tiramos o de baixo e pomos lá em cima’. O que aconteceu foi que caíram e na fotografia ficaram a cair. Fotografia essa que ainda hoje está na bandeira da mocidade.

Locais a visitar em Vimioso: Igreja Matriz de Vimioso, Torre da Atalaia (Ruínas do Castelo de Vimioso), Santuário de Nossa Senhora das Pereiras, PINTA, Castelo de Algoso, Praia Fluvial de Uva, Ponte Medieval Santulhão/Izeda

 

“Representar a nossa selecção é o ponto mais alto da carreira”

Luís Miguel é o embaixador de Trás-os-Montes na modalidade de Goalball. O atleta, natural de Algoso, Vimioso, é jogador do Sporting CP, clube pelo qual já conquistou sete campeonatos nacionais, oito Taças de Portugal, seis Supertaças, dois Campeonatos da Europa e duas Ligas dos Campeões. Mas o que é o Goalball? Este desporto surgiu em 1946 e tinha como objectivo reabilitar os veteranos da Segunda Guerra Mundial que tinham perdido a visão. Ao contrário de outras modalidades paralímpicas, o goalball foi criado e desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual. O terreno de jogo tem as mesmas dimensões do de voleibol. Todas as marcações do campo são feitas com fio de sisal e fita por cima, para que os jogadores sintam o relevo das linhas através do tacto. As partidas têm uma duração total de 24 minutos, com duas partes de 12 minutos. Cada equipa é constituída por três jogadores titulares e três suplentes. A bola utilizada pesa 1250g e tem um dispositivo sonoro interno que em contacto com o solo permite aos jogadores detectar a sua trajectória. O goalball é um desporto baseado nas percepções táctil e auditiva, por isso não pode haver ruído no recinto durante o jogo. Em Portugal há, actualmente, 106 praticantes de goalball distribuídos por dez equipas. Luís Miguel é invisual desde a nascença, mas isso não o impediu de praticar desporto. O Sporting CP, clube de referência no panorama nacional da modalidade, é o emblema que representa desde 2015. “Em 2015 assinei pelo Sporting, um contrato com a duração de dois anos, que viria a ser renovado na época 2017 2018 presente. Contrato que termina nesta época, e o qual já me foi proposta a renovação”, adiantou o atleta. O trabalho realizado na formação leonina já valeu a Luís Miguel a chamada à selecção nacional de goalball por diversas vezes. Em 2018, o vimiosense despediu-se da equipa das quinas por questões profissionais e agora está de regresso para ajudar Portugal a conseguir o apuramento para os Paralímpicos 2024, em Paris. Luís Miguel não esquece a primeira convocatória oficial. “Foi em 2012 para o Campeonato Europeu de Goalball, em Manchester, Inglaterra, onde viríamos a conquistar o segundo lugar e a respectiva subida ao grupo B. Daí para cá estive sempre nos seis escolhidos pelo seleccionador nacional. Representar a nossa selecção é o ponto mais alto da carreira de qualquer atleta e um orgulho”, afirmou. O atleta transmontano iniciou a carreira no Desportivo de Alcoitão, que representou durante três temporadas e onde conquistou três taças de Portugal e dois campeonatos nacionais. Seguiu-se a CAPO de Lisboa, a Associação de Cegos e Amblíopes do Seixal pela qual vendeu uma Supertaça e uma Taça de Portugal, e o Sporting que representa actualmente e onde é capitão de equipa desde 2016. “É algo que me enche de orgulho, sinal da dedicação, superação e entrega ao clube”. Na temporada passada jogou a final da Liga dos campeões e do Campeonato do Mundo de Clubes, tendo terminado ambas em segundo lugar. Susana Madureira

 

O Presidente

Nome: António Jorge Fidalgo Martins

Idade: 51 anos

Tempo de Mandato: Outubro 2013- Terceiro Mandato

Profissão: Professor

Porque decidiu dedicarse à política?

Tal como entendo a profissão de professor como uma missão ao serviço dos outros, também considero o exercício da política como uma missão ao serviço das pessoas procurando, em ambos os casos, contribuir para a criação de condições facilitadoras da realização pessoal e profissional de todos e cada um, ou seja da construção da felicidade individual e colectiva. Se somos chamados a servir a causa da nossa terra, devemos dizer presente.

Como é ser presidente da Câmara Municipal de Vimioso?

Ser presidente da CM Vimioso é justamente estar disponível para servir a causa pública, neste caso no meu concelho, trabalhando com o objectivo de proporcionar mais e melhores condições de vida às pessoas que aqui vivem, trabalham ou nos visitam. Num concelho como Vimioso o exercício da função de Presidente da Câmara tem particularidades muito próprias no sentido em que a proximidade com as pessoas é muito grande e diária, é verdadeiramente ser mais um membro dessa mesma comunidade que vive e sente os problemas do dia a dia e que procura resolver com o contributo de todos. Apesar da exigência e responsabilidade é, para mim, muito gratificante o exercício do cargo porque foi aqui que eu cresci, que fiz os primeiros amigos, que aprendi as primeiras letras que dei aulas após a conclusão do meu curso, enfim, porque a minha história de vida está para sempre associada ao meu concelho.

Quais são os maiores desafios enquanto autarca?

Os desafios de um autarca são imensos, são diários, e por isso tão aliciantes e desafiantes. As pessoas, as instituições, o território confrontam-se diariamente com problemas que é necessário resolver. Essa realidade exige uma permanente atenção, determinação e espírito de sacrifício, ou se quiser resiliência. Num concelho como Vimioso onde as necessidades são inúmeras e os recursos escassos temos de ser ainda mais criativos na busca das melhores soluções. Os desafios são sempre relacionados com a sustentabilidade (social, cultural, económico- -financeira, ambiental, etc.) ou seja, garantir às pessoas o melhor presente possível sem comprometer o futuro das gerações mais jovens. Outro desafio é conseguir do Governo de Portugal, seja ele qual for, um olhar diferente, entenda-se ajustado aos problemas concretos de concelhos como o de Vimioso, o que raras vezes acontece pois, os governos insistem numa visão global do país sem atender a realidades específicas dos territórios que muito condicionam a vida de quem neles vive e quer continuar a viver. Enfim, o maior desafio será sempre o de servir bem as pessoas porque a política só é nobre quando colocada ao serviço das pessoas.

 

Jornalista: 
Ângela Pais