Portugal tem, finalmente, uma PFF

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Portugal tem, finalmente, uma consequente Política de Fogos Florestais (PFF) que já rendeu catástrofes, negócios chorudos e empregos catitas a bafejados pelo Regime.

Tudo isto depois que foram sacrificados milhares de portugueses, considerando mortos e feridos, imolados milhares de animais indefesos, queimados milhões de hectares de floresta, pomares e hortas e destruídas centenas de fábricas e de lares.

Quer se trate de fogos postos ou não, somos levados a concluir que os crimes recaem, sobretudo, em quem nos últimos tempos tem governado esta desditosa Pátria, já que a verdadeira causa de tamanha desgraça é a reiterada má governação.

Tudo isto depois que os doutos deputados da Assembleia Nacional de São Bento da Porta Fechada, durante anos a fio passaram por este magno problema como cães por vinha vindimada, como sói dizer-se. Isso fazem, de resto, com os maiores desafios que a Nação enfrenta, como sejam a emigração, a crise demográfica, a pobreza ou as assimetrias regionais, mais interessados que estão em saldar as dívidas dos seus partidos e em garantir as suas próprias mordomias e privilégios.

O contínuo “show off” televisivo do primeiro-ministro, do ministro do interior e do segundo-comandante da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), que arengam explicações técnicas politicamente correctas, tem conferido aparência virtual aos funestos fogos florestais, iludindo os portugueses conforme lhes convém.

A estrutura da ANPC é avassaladora: comandantes de tudo e de nada, muitos deles formados às três pancadas, sofisticados postos de comando, coordenação, controlo e comunicação que não respondem com a eficácia requerida, viaturas aos montões e aviões como mosquitos, enquanto povoações e matas continuam a arder, apesar da máquina infernal crescer sem critério nem limite. Felizmente não se registaram mortes em Monchique: como derradeiro recurso o Governo tratou de expulsar cidadãos dos seus próprios lares quando prioritariamente lhes deveria ter garantido a necessária segurança.

A ANPC já se afirma como um Estado dentro do próprio Estado: procura silenciar o Presidente da República, menoriza o Poder Local, canibaliza o Corpo Nacional de Bombeiros em cujas fileiras estão os verdadeiros heróis, marginaliza as Forças Armadas, induz nos espíritos a ideia de que tudo se resolve com mais aviões e mais bombeiros e converteu-se, desde a terrível tragédia de Pedrógão, na guarda pretoriana política do primeiro-ministro.

Tudo leva a crer, porém, que a menos que os deuses do clima sejam arregimentados, os fogos destruidores das florestas portuguesas irão continuar enquanto houver lenha para queimar. É esta Política de Fogos Florestais que o preconiza e a máquina apadrinhada pelo Governo que o exige.

Trata-se, em última análise, da política de terra queimada ditada pelos interesses obscuros do Regime vigente que está a reduzir o país a praias e turismo, concorrentemente com o ermamento do interior.

Depois de Pedrógão, Monchique foi demais. Um sucesso, imagine-se, no dizer do primeiro-ministro que, qual Nero lusitano, cantava vitória quando Monchique ainda ardia. Trata-se, isso sim, da mais relapsa incompetência, do mais habilidoso e descarado malabarismo político, da política mais desastrosa dos últimos anos.

Razões de sobra para o Primeiro-Ministro se demitir ou o Presidente da República dissolver a Assembleia da República. Assim seria numa democracia em a que a dignidade imperasse e o futuro da Nação fosse o interesse maior.

Henrique Pedro