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Casa solarenga é o orgulho de S. Martinho do Peso

Ter, 12/02/2008 - 10:27


Longe vão os tempos em que os campos cobertos de cereal e as festas de arromba faziam parte do quotidiano da população de S. Martinho do Peso, no concelho de Mogadouro. Agora, os jovens partiram e os idosos passam os dias a tratar da horta, no sossego da soleira da porta ou à lareira nos dias frios de Inverno.

O peso da idade marca os rostos de quem resiste por amor à terra. “Vim para cá há cerca de 30 anos. A aldeia agora está mais bonita, porque foram criadas melhores condições, desde o saneamento ao arranjo das ruas”, salienta Salete Mariz, uma habitante de 72 anos.
Os mais antigos recordam a riqueza de S. Martinho ao nível da economia agrícola. “Colhemos praticamente tudo para o sustento da casa. Antigamente colhia-se muito cereal e muito azeite, mas agora os novos foram para Mogadouro e para os grandes centros e não há quem trabalhe”, realça Eugénia Leite, de 80 anos.
Na memória permanecem também as cheias que nos Invernos rigorosos causam prejuízos nas casas situadas junto à ribeira que atravessa a aldeia. “Ainda no ano passado nos vimos aqui aflitos. Já arranjaram aqui o largo, mas quando a água sobe muito não há escoamento que nos valha”, recorda José Francisco.
Enquanto apanham sol à soleira da porta, os habitantes realçam que o património religioso é o principal cartão de visita da aldeia. A igreja matriz ergue-se de forma imponente no centro de S. Martinho. Datada de 1962, o templo já sofreu várias intervenções que alteraram a traça original, que remonta à época medieval.
As capelas que se erguem no cimo da aldeia também têm um grande significado para a população e para os turistas que, por vezes, visitam S. Martinho.

Turistas visitam S. Martinho para apreciarem o património histórico e religioso

A história está, ainda, impregnada na casa solarenga, que ainda se encontra habitada. José Carlos Figueira é o proprietário do edifício que remonta ao século XVIII, tal como indica a data inscrita na porta principal (1769).
Nos arredores da freguesia encontram-se, ainda, vestígios de povoados romanos. Em Cabecinha do Ouro, Carril, Cabeço da Prata, Fonte do Canto e S. Domingos foram encontrados fragmentos de cerâmicas, machados de pedra polida, vasos, ladrilhos, moedas em bronze e anéis.
O artesanato também assume um lugar de relevo nesta povoação. Por isso, no dia de S. Martinho realiza-se uma feira, onde se vendem artigos artesanais, desde a cestaria em verga aos bordados, e produtos da terra.
Situada a cerca de 15 quilómetros da sede de concelho, esta freguesia é composta pelas aldeias anexas de Macedo do Peso, Peso e Valcerto, onde a dança dos paus ainda é preservada por um grupo de pauliteiras.
Apesar das melhorias que têm vindo a ser feitas na localidade, os habitantes afirmam que ainda faz falta um lar, para dar apoio à população mais idosa. Grande parte das cerca de 120 pessoas residentes têm mais de 65 anos, o que prova o envelhecimento da aldeia que viu morrer as festas de arromba da juventude.
Quem resiste na sua terra natal recorda com saudade os tempos de alegria de antigamente e anseia pelo Verão, altura em que os emigrantes regressam às origens.