Depois de conseguir um cessar fogo no Médio Oriente e dar ao Mundo a sensação de uma vitória, pelo menos temporária, entre Israel e o Hamas, Trump Virou-se para a Rússia na esperança de conseguir mostrar a Putin o caminho para outro cessar fogo na Ucrânia.
Com um encontro agendado para Bucareste, que à Europa sempre pareceu despropositado pelas lembranças de outros anteriores que falharam, Putin, inseguro, adiou a ida à Hungria, dando a Trump a certeza de que queria continuar a manobrar a guerra.
Se uns dizem que foi Trump que assim decidiu, outros dizem que foi Putin a mostrar ao presidente americano que é ele que manda e decide sobre a guerra na Ucrânia. Aquilo que sobressai aos olhos da comunidade internacional é que Putin tem feito gato-sapato de Trump e este nada faz a esse respeito. Será que é tão tonto e egocêntrico que não percebe isso mesmo?
Bem, seja como for, os seus conselheiros não serão feitos da mesma massa e, para bem dele e dos americanos, já lhe devem ter dito mais do que uma vez para ter cuidado com o líder russo. Ora, perante os últimos acontecimentos, parece que Trump resolveu dar um ar da sua graça e mostrar a Putin que os trunfos não estão só do lado russo. Embora continue a dizer que é amigo de Putin, o certo é que lhe vai impor sanções económicas drásticas, proibindo a importação de petróleo das duas principais refinadoras russas. Vladimir veio a terreiro admitir que estas sanções, apesar de serem economicamente muito importantes e mexerem com toda a economia russa, não deitariam a baixo a Federação Russa e seriam um passo para travar as negociações entre os dois países.
Isto é bem demonstrativo da situação económica que vive a Rússia neste momento, embora queira fazer crer o contrário. Mas o pior estava para chegar. Trump resolveu virar-se para a China e iniciar acordos económicos, ao mesmo tempo que dava mais importância aos países asiáticos, com quem os EUA sempre tiveram linhas económicas importantes.
E depois de deixar no ar a incerteza sobre os Tomahawk a ceder à Ucrânia e se entender com a Índia nas questões petrolíferas, conseguiu ainda ser mediador no acordo de paz entre a Tailândia e o Camboja, retirando dividendos importantes e marcando pontos internacionalmente, deixando Putin para trás e com os receios inerentes a toda esta movimentação, Trump põe no líder russo um peso enorme que vai ser custoso aguentar. Para cúmulo, diz na comunicação social que só aceitará reunir com Putin quando ele terminar a guerra.
Estava traçado o triangulo que dará certamente a Trump o poder que persegue, fazendo Putin ir atrás do prejuízo. Para agravar a situação de Moscovo, Trump adiantou que iria reunir-se com o líder da Coreia do Norte, para tratar de assuntos económicos.
Ora isto foi um duro golpe para Putin, que se viu relegado para um plano inferior e logo enviou a Washington um representante seu para reunir com homólogo americano.
Se Trump resolve dar mais importância a XI, que é, de certo modo, aliado de Putin, pelo menos economicamente e também chama à liça outro aliado que é Kim e ainda, na outra ponta, se alia com Modri, é bem verdade que a Rússia está a perder o que conseguiu nos últimos tempos e isto mexe muito com o ego de poder que Putin possui. Por isso mesmo achou necessário dizer em conferência de imprensa, que preferia as negociações ao confronto e o diálogo à guerra.
Deste modo, Trump virou o jogo e agora é Putin que vai atrás dele na esperança de chegarem a um entendimento. Também é verdade que a Rússia continua a bombardear e a destruir cidades ucranianas, mas nada mais pode fazer para manter alguma coerência e mostrar que ainda tem poder, pelo menos nesta vertente da guerra. Contudo, a economia russa está cada vez mais debilitada e Putin sabe disso, razão pela qual subiu os impostos e a inflação está cada vez mais alta a par do nível de vida. Até quando os russos vão aguentar?
Assim, parece que Trump, aconselhado ou não, resolveu bater com a porta e trancar Putin na sua sala de poder, enquanto abriu outras para dar esperanças aos americanos e assegurar uma economia em crescendo que lhe renderá alguns votos. Entretanto, mantém-no fora de um triangulo importante que lhe dará certamente o poder necessário para negociar com Putin quando for necessário e este chegar à conclusão que é fulcral para a sua sobrevivência. É uma jogada de mestre, quase impensável vinda do líder americano, mas que resultará a seu favor num futuro próximo. Aliás, já está a resultar. Putin anda atrás do prejuízo. Afinal, a guerra não é a única solução. Não é mesmo solução nenhuma.
Luís Ferreira

