Ter, 20/03/2007 - 10:13
Mas segundo o professor de Biologia, que está orientar teses de mestrado e doutoramento sobre esta espécie, o roedor apenas figura na lista de fauna, que o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) forneceu à empresa que está a elaborar o Estudo Prévio da nova estrada. Na listagem que inclui dados relativos à biodiversidade da zona abrangida pelo traçado, também consta o lobo, a lontra e alguns morcegos.
Contudo, a localização exacta das “potenciais colónias” do rato de Cabrera não é conhecida, mas sabe-se que a existência destes animais no corredor Sabor-Maçãs não impede a realização da obra.
Espécies protegidas existentes na zona Sabor-Maçãs exigem, apenas, a implementação de medidas minimizadoras ao nível do impacte ambiental
“Esta componente não é um entrave à construção da rodovia. Deveria, apenas, ser tida em conta na definição do traçado e implementação de eventuais medidas minimizadoras, tal como é habitual nos processos de Avaliação de Impacte Ambiental”, acrescentou o professor de Biologia da UE.
António Mira diz desconhecer qualquer obra importante para o desenvolvimento de uma região que tenha sido travada devido à existência do rato de Cabrera. “Emiti um parecer para as EP, relativamente à construção de uma estrada no sul do País, onde estava confirmada a existência desta espécie, e considerei que a via se devia construir, desde que fossem tomadas as medidas de minimização ambiental”, acrescentou o responsável.
Ao que o Jornal NORDESTE conseguiu apurar, os adiamentos da estrada poderão estar relacionados com uma “guerra” de traçados, uma vez que autarcas e EP ainda não chegaram a um acordo relativamente ao corredor que ligará Outeiro a Vimioso.
Segundo fonte das EP existem duas alternativas à EN218, a actual via de acesso entre as duas localidades, mas a empresa só considera viável a que representa menos custos para os cofres do Estado. Assim, a mais recente proposta das EP é um troço com cerca de 12 quilómetros, que passa ao lado de Pinelo, que contará com uma variante de acesso em Argozelo. Esta alternativa, que atravessa uma zona de Planalto, deverá custar 18 milhões de euros, dado que cada quilómetro está orçado em 1,5 milhões de euros.
Dois anos após o seu início, Estudo Prévio deverá estar concluído até ao final do mês
A mesma fonte revela que os autarcas do concelho de Vimioso exigem um outro traçado por zona de montanha, que inclui uma ponte sobre o rio Maçãs, entre Carção e Vimioso. Esta alternativa, com 19 quilómetros, está orçada em cerca de 30 milhões de euros e, além de passar perto de Argozelo, inclui, ainda, uma variante à aldeia de Carção.
De visita a Bragança, em Julho passado, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, não se mostrou entusiasmado com este corredor. O governante afirmou que se trata de um “projecto complicado”, uma vez que “implica a construção de uma ponte com cerca de 150 metros de altura”, o que requer um estudo mais pormenorizado.
Além disso, o jornal NORDESTE sabe que questões ambientais ligadas ao menor desgaste de pneus e libertação de gases também poderão jogar a favor do traçado de 12 quilómetros. Acresce que as EP encaram a ligação Outeiro-Vimioso como uma forma de aproximar esta sede de concelho do IP4 e da capital de distrito e não como uma ligação entre freguesias, neste caso Argozelo e Carção.
Confrontado com a “guerra” de traçados, o presidente da Câmara Municipal de Vimioso, José Rodrigues, rejeita qualquer exigência relativamente ao traçado, acrescentando que só “quer ver a estrada feita independentemente da alternativa escolhida”. No entanto, reconhece que a ponte sobre o rio Maçãs é um dos principais obstáculos à concretização da obra.
O edil realça, ainda, que a ligação ao IP4 e à capital de distrito é fundamental para o desenvolvimento de Vimioso e dos restantes concelhos a Norte de Bragança.
Quanto ao Estudo Prévio, José Rodrigues afirma que tem a indicação de que o documento estará pronto até final deste mês. Mesmo assim, o edil diz não ter garantias quanto ao início da empreitada.