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Uma aldeia que fala mirandês

Ter, 21/09/2010 - 10:58


Na aldeia de Paradela, no concelho de Miranda do Douro, a língua mirandesa ainda é usada no dia-a-dia para comunicar. Apesar de a “lhéngua”” estar a perder falantes, fruto da desertificação das aldeias do interior nordestino, aqui as pessoas entendem-se através da língua herdada dos seus antepassados.

Nesta pequena localidade, situada em pleno Parque Natural do Douro Internacional, com pouco mais de 80 fogos e pouco mais de 200 habitantes, a vida corre devagar, ao ritmo das tarefas agrícolas. Mas, a população, na sua maioria idosa, encarrega-se de manter viva a língua e cultura mirandesa.
Ali, onde o rio Douro entra em território nacional, as tradições do passado estão presentes. Porém, a emigração e a procura de melhores condições de vida levaram muitos dos seus habitantes para outros ponto do País de do mundo.
No entanto, quem percorrer as ruas da aldeia raiana depressa se apercebe que está numa localidade onde convivem três idiomas: o mirandês, que é a língua materna, o português, trazido pelos “fidalgos” de Miranda, e o castelhano, trazido pela rádio e televisão e pelos vizinhos oriundos da localidade do Castro, que se deslocam com frequência a Paradela para o tradicional convívio entre as gentes da raia.
O presidente da Junta de freguesia de Paralela (JFP), Artur Gomes, é um homem que conhece o termo da sua freguesia como a “palma das mãos” e tem orgulho em viver numa terra com características únicas do ponto de vista geográfico.
“ Paradela é a aldeia mais oriental do território nacional. A parte mais larga do território português mede-se daqui de Paralela até à foz do rio Neiva, no Minho, e não nos podemos esquecer que é nesta freguesia onde na região Norte termina a chamada raia seca para dar lugar à ria molhada, ou seja, a separação de Portugal e Espanha pelo rio Douro”, realça o autarca.

Investigadores estimam cerca de 12 mil pessoas a falar mirandês espalhadas pelo País e pelo mundo

Apesar da beleza natural da região, da sua gastronomia e tradições, a demanda das suas gentes para outros locais faz esquecer um pouco o passado de uma aldeia pacata, entalada entre a fronteira e a região do Planalto Mirandês.
“Aqui fala-se com frequência o mirandês e, em tempo de férias, a vitalidade da língua ainda ganha mais expressão. As pessoas ainda falam o mirandês, mas nada que se pareça com os tempos de antigamente”, salienta o presidente da Junta.
Para Artur Gomes, a sua aldeia não é isolada, até porque tem boas ligações à sede de concelho, capital de distrito e Espanha.
O registo da perda de falantes do mirandês não acontece só em Paradela. Desde o início da década de 1960, que o mirandês tem perdido um pouco das suas raízes. Em cerca de 50 anos, a “lhéngua” perdeu 50 por cento dos seus utilizadores.
Segundo os investigadores, há ente sete a oito mil falantes, repartidos por aldeias dos concelhos de Miranda do Douro e Vimioso. Se a este número se juntarem os mirandeses na diáspora, o número aumenta para os 12 mil.
Recorde-se que o mirandês é falado numa área geográfica de cerca de 500 quilómetros quadrados, junto à raia nordestina.
No entanto, e segundo estudos divulgados, o mirandês é uma língua minoritária “ameaçada de extinção”.