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Doença Venosa Crónica – Prevenir e controlar

A insuficiência das veias das pernas - em consequência de alterações na parede e nas válvulas das mesmas - faz com que o sangue tenha mais dificuldade em ser transportado de regresso ao coração, acumulando-se nas pernas.
Esta acumulação de sangue nas pernas leva à inflamação venosa e, consequentemente, ao aparecimento dos primeiros sintomas, como a dor, pernas cansadas e pernas pesadas, bem como às situações mais graves de varizes, edema (pernas inchadas), alterações da cor da pele ou mesmo úlcera venosa.
 
Fatores de risco

O partido que falta à Região de Trás-os-Montes e Alto Douro

Trás-os-Montes, e o Alto Douro, têm tido autarcas excelentes. Presidentes de Câmara e de Junta de Freguesia. Poucos. Não tantos quantos os necessários para provocar o progresso definitivo da Região, é certo.
Conheço e reconheço a obra de alguns, que não cito porque não é esse o propósito central desta crónica, porque não quero ser injusto e ainda porque, sendo amigo pessoal de muitos, também não quero dar aso a que digam que me movem motivos pessoais.
Trás-os-Montes e Alto Douro também têm tido muitos políticos famosos, de alto gabarito, embora ser-se famoso não signifique que se é herói. Poderá ser-se simplesmente vilão e ser vilão e famoso não é glória nenhuma.
O problema reside, sobretudo, quanto a mim, no regime político vigente que lançou o país, e em especial as suas regiões interiores, em becos sem saída mas que convém distinguir do sistema democrático teórico que possui virtudes incontestáveis.
Trás-os-Montes e Alto Douro são disso exemplos mais que evidentes porque estão amordaçados pelos partidos que em Lisboa ditam leis e que fazem dos autarcas meros moços de recados. Por isso os seus olivais, soutos, vinhedos, saudosos trigais, hortas, paisagem genuína, ares e rios não ousaram, até hoje, ser devidamente valorizados. Por isso os transmontanos e os alto-durienses continuam a emigrar em procura de melhor vida. 
Veja-se o caso dos rios, ou das águas em geral, sector em que Trás-os-Montes e Alto Douro, felizmente, ainda não vivem o drama de outras regiões. Águas que continuam a correr livremente para o oceano sem que as populações ribeirinhas delas tirem outro proveito que não seja refrescarem-se em meia dúzia de praias improvisadas, ditas fluviais, na época estival.
Por isso a EDP, verdadeiro negócio da china, ousou emparedar o Tua e o Sabor para seu consumo privado, a troco de uns amendoins que atira às populações como a macacos enjaulados: jogos florais a premiar meia dúzia de aldeias, um tímido plano de mobilidade que faz que anda mas não anda e tabuletas alienígenas nas entradas de Mirandela com o sibilino dizer Parque Regional do Vale do Tua. Tudo só para calar os mais contestatários. 
Falta um partido a Trás-os-Montes e Alto Douro, portanto. Livre. Independente. Ambientalista. Regional e regionalista. Que pugne pelos interesses da Região como um todo e acima de tudo e que não sirva aqueles que apenas projectam ganhar dinheiro para levar para fora.
Partido vocacionado para eleger verdadeiros autarcas e deputados transmontanos e alto-durienses e que se não enrede nos ditames políticos e corruptores da Lisboa macrocéfala e centralizadora. Que ouse, entre outras coisas, promover uma política de repovoamento coerente e consequente, privilegiando, naturalmente, os milhares de transmontanos e alto-durienses emigrados.
Só desta forma as universidades, os centros culturais, as bibliotecas, os museus, os teatros, as cooperativas, os jornais, os grupos desportivos e as empresas transmontanas alcançarão o brilhantismo que almejam, libertando-se da caridade de Lisboa e do estigma da emigração.
Exemplo maior deste atávico marasmo provinciano é Mirandela, eterna princesa do Tua, sempre adiada e adormecida à espera do príncipe que tarda, apesar de reunir as melhores condições naturais, designadamente água corrente, centralidade, pujança agrícola e suficientes atractivos turísticos para se transformar numa exemplar metrópole regional, capaz de dar guarida a 50 000 habitantes, que se estima ser o seu óptimo populacional, inseridos nos 500 000 que a Região claramente comporta e de que precisa.
Só por esta via a região de Trás-os-Montes e Alto Douro se poderá converter na terra de eleição com que os transmontanos e alto-duriense sempre sonham e trazem no coração.
 
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O manso e o guerreiro. VII – Velhas maleitas e sezões

Para grande espanto do Júlio Manso, o Tomé Guerreiro esperava-o sentado num banquinho de madeira, feito pelo Toninho Carpinteiro, já lá vai um ror de anos, em frente da improvisada mesa de pedra que a velha mó de um moinho lhe proporcionava, muito entretido e interessado a olhar para o ecrã brilhante de um novíssimo computador portátil. 
— Ora vejam só quem é que já se interessa pela tecnologia. 
— Ora essa! A informática não é coutada da gente jovem. Não sabe o meu amigo que a infoexclusão de agora é o equivalente ao analfabetismo do tempo da nossa juventude? Além de que é justo ajudar quem nos ajuda. 
— Essa agora! Ajudar quem? 
— O Bill Gates, claro. O magnata da informática. 
— E é esse que nos ajuda? Cada vez entendo menos. 
— Caro Júlio, saiba que o empresário americano sendo o homem mais rico do mundo, criou uma Fundação que, entre outras coisas, está a financiar projetos de combate à malária. 
— E o que é que isso tem a ver connosco? 
— De duas formas: por causa da malária e porque o consórcio que está a desenvolver uma vacina conta com vários investigadores portugueses, do Instituto de Medicina Molecular, do Instituto Gulbenkian de Ciência, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e da Universidade do Minho. 
— Mas isso da malária não é uma doença de África? 
— É sim senhor. Uma doença terrível que só em 2015 matou mais de meio milhão de pessoas. Uma doença que afeta, entre outros, vários países de língua portugesa. Mas também é uma doença que já andou por aqui e que as alterações climáticas podem muito bem criar as condições do seu regresso. 
— Malária? Por aqui? Não tenho memória de ter ouvido falar... 
— E de Paludismo? E de Sezões? E das Maleitas?
— Não me diga...
— Pois lhe digo. É tudo e a mesma coisa. 
— Das maleitas e sezões ouvi falar muito. Quem é que da nossa idade não se lembra? 
— Pois é! Tiveram muita incidência nas zonas de arrozais dos vales do Tejo e do Sado, mas também no nordeste, sobretudo no Vale da Vilariça.  
— Doença terrível. Havia quem a associasse á Rebofa.
— É provável que sim. O Visconde de Vila Maior descreve o Vale da Vilariça como tendo sido um antigo lago que desapareceu pela deposição de aluviões que foram, por um lado, trazidos das montanhas próximas e por outro depositados pela ação violenta da Rebofa provocada pela configuração específica do Douro ao contornar o Monte Meão.
— E vossemecê sabe como é que uma coisa tem a ver com outra? 
— As maleitas, ou paludismo era e é, provocado pela picada de um mosquito.
— E então? 
— Então que a nata depositada pelas águas revoltas do Douro a que se juntavam as do Sabor, numa zona quente, exposta ao sol e abrigada do frio pela serra de Bornes, configurava um ambiente natural para a existência de focos de mosquitagem que transmitiam a doença a tantos que se dedicavam às lides agrícolas, sobretudo quando o faziam de forma exposta, com pouca roupa a cobrir-lhes o corpo e descalços.  
— Uma doença que atacava sobretudo os mais pobres. 
— Tal como agora, já nessa altura era uma doença ligada á pobreza. E é também isso que valoriza a ação da Fundação Bill & Melinda Gates.  
— Pode explicar melhor?
— A Malária, tal como muitas outras doenças, pode, tudo o indica, ser combatida com medicamentos mas, sobretudo, ser evitada com vacinas. Mas como os possíveis doentes são gente pobre e com poucos recursos não tem merecido a atenção das grandes farmacêuticas. Por isso é importante que instituições que não procuram o lucro, como são as Fundações invistam nestas áreas para que seja possível chegar a resultados práticos.
— E as entidades portuguesas? 
— Todas as entidades portuguesas de que lhe falei, são instituições sem fins lucrativos. O Instituto Gulbenkian de Ciência pertence à Fundação Calouste Gulbenkian que realizou há alguns anos um programa sem precendentes fazendo o rastreamente genético completo da ilha do Príncipe e cujo estudo está na base da atual participação neste consórcio.  
— E acha provável chegarem a uma vacina?  
— É possível. Tal como é possível e regresso do Paludismo ao nosso país fruto do aquecimento global que cria as condições para a reprodução do mosquito que o transmite!

Nós trasmontanos, sefarditas e marranos - António da Fonseca (n. Mogadouro, 1673)

António da Fonseca nasceu na aldeia de Castelo Branco, por 1673, sendo batizado na igreja matriz do mesmo lugar, por os seus pais ali assistirem por negócios que tinham, já que a residência era na vila de Mogadouro. Manuel Lopes Dourado se chamava o seu pai, cirurgião barbeiro, natural de Freixo Espada Cinta. A mãe, nascida em Mogadouro, nomeava-se Ana Martins.
Um tio paterno, chamado Domingos Lopes Dourado, foi almocreve e casou em Urros com Maria de Andrade, fixando o casal residência em Escalhão. Ambos foram presos pela inquisição.(1) O mesmo aconteceu com sua tia Maria da Fonseca, casada com António de Morais,(2) ferrador de profissão, natural de Vila Flor, os quais residiram em Freixo, antes de se mudarem para o Porto.
Do lado materno, teve um tio, cujo nome dizia ignorar e que estaria “habilitado para clérigo” e 3 tias, todas casadas, com moradas repartidas por Mogadouro e pelas aldeias de Paradela e Vilarinho dos Galegos. 
Entre os seus irmãos inteiros, citemos: Manuel de Almeida, cirurgião barbeiro que primeiro casou no Azinhoso e segunda vez em Mogadouro e Pascoal de Almeida que foi para o Brasil e por lá viveu, casado com Floriana de Matos, o qual terá falecido antes que o mandato de prisão fosse executado.(3)
Das vivências de António Fonseca com familiares citados, praticamente não temos registo. De contrário, a sua vida foi completamente marcada pelos encontros e desencontros com o seu meio-irmão paterno Gaspar Fernandes Pereira, a partir do ano de 1706.(4)
Voltemos a Mogadouro, à infância de António Fonseca. Ignoramos a sua idade quando ficou órfão de mãe e foi enviado para Salamanca, onde passou um ano. Regressado a Portugal, viajou para o Porto e dali embarcou para o Brasil, onde o encontramos, em constante movimento e desempenhando atividades diversas. Por um lado, exercia o ofício de ajudante de ordens com gente da tropa ou da ordenança.(5) Por outro lado, dizia-se mercador e “costumava comprar e vender cavalos para o que era bastante esperto e diligente”, na expressão de uma testemunha, acrescentando outra que ele fazia “viagens ao sertão em negócios de cavalos e bois, que era o seu modo de que vivia”.
Primeiramente ter-se-á fixado em Parnaíba, na fazenda do capitão Manuel Álvares de Sousa, de quem se tornou ajudante, transitando depois para a fazenda do mestre de campo Atanásio Sequeira Brandão sita na Barra da Carrinhanha, na margem do rio S. Francisco, onde chegou com uma carta de recomendação daquele pedindo para o “emparar e favorecer”.
Em uma de suas viagens, dirigindo-se do Rio de S. Francisco para a cidade da Baía, chegando ao sítio de Água Fria, tomou conhecimento que à fazenda de Clara Lopes e seus filhos, sita em Parnamirim, Campos da Cachoeira, chegara um carregamento de fazendas trazido por Gaspar Pereira e enviado do Porto por Gaspar Lopes da Costa. Aquele era o seu meio-irmão paterno e os outros eram todos seus conhecidos de Mogadouro. Obviamente que logo se dirigiu à dita casa e por lá ficou uns 2 meses. Este foi o primeiro mau encontro com o irmão, conforme explicaremos mais à frente.
De Parnamirim seguiu para a Baía e dali “alvorou” como ajudante do sargento-mor Temudo Meireles Machado para o seu “engenho” no sítio de Rio Fundo, distante uma dúzia de léguas da Cachoeira. No Rio Fundo, casou com Violante da Silva, uma afilhada da mulher do mesmo sargento-mor e que viveria no mesmo engenho com os pais Manuel da Cunha e Custódia da Silva.
Por 1713, pegou na mulher e nos filhos e voltou para a fazenda do mestre de campo Atanásio Brandão, passando-se depois para a fazenda da Malhada, sita nas proximidades e pertencente ao Dr. João Calmon, chantre da Sé da Baía, visitador e comissário da inquisição.
Em 1719, estando em sua casa, apareceu ali o seu irmão Gaspar pedindo-lhe para o acompanhar numa viagem de canoa pelo rio de S. Francisco a cobrar uma dívida derivada de um “comboio” de fazendas que tinha vendido ao capitão Domingos de Amorim, dono do “engenho” do Pilão Arcado. Em paga lhe daria 100 mil réis e um cordão de ouro e lhe pagaria uma dívida que tinha de 150 mil reis. 
Demorou a viagem 4 meses e, para o caso de o devedor se recusar a pagar, levavam uma ordem do dito Atanásio Sequeira, no sentido de serem sequestrados e leiloados os bens necessários ao pagamento da dívida. A isto se opôs o capitão Francisco Sousa Ferreira, então morador naquele sítio e certamente responsável pela defesa e manutenção da ordem, dizendo que “o devedor tinha em S. Tomás, em poder de António Teixeira, sobrinho dele capitão, ouro suficiente para pagamento de tal dívida”.
Não cobrando a dívida, Gaspar negou-se a pagar o prometido ao irmão. E aí começaram os desencontros. Durante uns 4 ou 5 dias, ainda viajaram juntos até á fazenda dos Angicos. Depois… Gaspar foi-se a cobrar a dívida em outras paragens e, no ano seguinte, meteu-se de regresso a Portugal. Fonseca ficou entregue a si próprio a mais de 40 léguas de casa.
O pior, no entanto, estava ainda para vir. É que, sendo preso pela inquisição de Lisboa, Gaspar denunciou o irmão, dizendo que se declarara com ele e fizera cerimónias judaicas em casa de Clara Lopes, no ano de 1706. E por esta simples denúncia, António Fonseca foi preso em 13.1.1727 e trazido para Lisboa na nau Nª Sª da Oliveira capitaneada pelo mestre Duarte Pereira, onde chegou em 16.8.1828. Por 4 anos conheceu os cárceres do santo ofício, sendo posto a tormento e acabando condenado em cárcere e hábito perpétuo no auto de 6.7.1732.(5)
Da leitura do processo ressalta, antes de mais a defesa que dele fazem todas as testemunhas e que o cavaleiro da ordem de Cristo, Atanásio Brandão, sintetizou:
— Quando o viu preso pelo santo ofício, dissera que se ele tinha culpas naquele tribunal não sabia de quem se havia de fiar.
E ressalta ainda mais o homem bom, “naturalmente alegre” que sempre se dispunha a ajudar os outros. O próprio comissário da inquisição, depois da inquirição das testemunhas nomeadas, escreveu no seu relatório final:
— Sempre o conheci por cristão-velho, muito temente a Deus (…) de que sou testemunha de vista e a sua caridade para com todos; era muito admirado pois, sendo pobre, se não negava no que lhe era possível…
E o capitão-mor Vicente de Pina, que morou 11 anos perto dele, falaria assim dos dois irmãos:
— Gaspar Fernandes era mau homem e pouco agradecido a favores que o dito António da Fonseca lhe fazia quando em sua casa o buscava; e sabia que António da Fonseca, com toda a sua pobreza, nunca a ele dito irmão buscara.
Homem pobre e pai de 4 filhos, fizera-se lavrador de roça, certamente em terra alugada e no seu amanho se empregariam os 2 escravos e 3 escravas que António Fonseca possuía e valeriam cerca de 400 mil réis que, certamente lhe foram sequestrados e vendidos em praça.
Terminamos com a transcrição de um parágrafo de suas confissões contando uma cena acontecida na Baía em casa de Ana de Miranda:
— Estando todos, perguntou ele réu a Violante Nunes por António Fernandes Camacho e a mesma lhe respondeu que era falecido e levando-o a uma câmara, coberta com uma toalha, onde estavam coisas de comer em que entravam pão, azeitonas e algumas frutas e em cima da mesa estava uma candeia acesa e perguntando-lhe ele confitente que era aquilo, ela respondeu que era em memória do dito António Fernandes Camacho e que a candeia dava luz era sinal que ele estava no céu… 
 
Notas e Bibliografia:
1 - ANTT, inq. Coimbra, pº 4199, de Domingos Lopes Dourado; pº 2792, de Maria de Andrade.
2 - IDEM, pº 6181, de Maria da Fonseca; pº 8130, de António de Morais.
3 - IDEM, inq. Lisboa, pº 17352, de Pascoal de Almeida: — O ano de 1728 me remetera (…) um mandado para se prender na vila da Mocha, de Piagui, a Pascoal de Almeida, por ordem desse tribunal (…) segurando-lhe depois ter notícia ser o dito Pascoal de Almeida falecido no rio de S. Francisco, no sítio das Barreiras…
4 - IDEM, inq. Lisboa, pº 8777, de Gaspar Fernandes Pereira; ANDRADE e GUIMARÃES – Jornal Nordeste, nº1085, de 29.8.2017.
5 - IDEM, pº 10484, de António da Fonseca.

 

“Se estou magoado? Muito, claro. Não o escondo”

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Ter, 05/09/2017 - 15:54


André Irulegui é o assunto do momento do futebol distrital. Não por ser o jogador mais velho do campeonato, tem 51 anos, pois isso já todos sabem, mas pelo facto de deixar o Grupo Desportivo Mirandês, clube que representou durante 28 anos, ingressando no Vimioso.