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LIÇÕES DA HISTÓRIA

Heródoto, considerado o pai da História advogou: “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”. Vem isto a propósito da reflexão recomendável para os tempos presentes em que estando em jogo o futuro comum, pode ser útil colher lições do passado. Diz Marcelo Rebelo de Sousa que o tempo corrente é ainda e apenas dos partidos e, como tal, deveria interessar apenas aos militantes partidários. Assim seria se os tempos correntes fossem comuns e normais, mas, desta vez, não é assim. Ao contrário de eleições anteriores, desta vez, iremos ser confrontados com propostas de solução, para a crise política desencadeada com a demissão de António Costa, que não são simples nem evidentes. Dependendo do resultado das primárias que terão lugar, brevemente no PS, pode acontecer que das eleições de março resulte um governo cujo programa esteja seriamente condicionado pelos ideais, coletivistas, anti-Nato e anti-UE da extrema esquerda, ou refém das ideias xenófobas, anti-emigração e anti solidariedade social da extrema direita. Por isso, aquilo que deveria ser matéria que “apenas” diria respeito a um partido e aos seus militantes e simpatizantes, acaba por ser de relevo para todos os portugueses porque não é despiciendo quem venha a ocupar a cadeira maior do Largo do Rato. Aos cidadãos que não se revêm nas soluções extremistas e que todas as sondagens garantem ser a esmagadora maioria, malgrado o avanço avassalador do quadrante mais direitista, deve ser possível oferecer-lhe uma solução que, no essencial, responda às suas preocupações, anseios e ambições. Mas se um dos putativos primeiro ministro se recusar a negociar à direita e o outro se obstina em não conversar com a sua esquerda, dificilmente haverá um governo que preencha o desejo da esmagadora maioria do povo português, em nome de quem e para quem, querem governar. Podendo não agradar, na totalidade, nem tão pouco, à maioria dos seus companheiros de filiação partidária, mas não há a mínima dúvida de que José Luís Carneiro é o candidato que ao país mais interessa para encabeçar as listas do Partido Socialista em 10 de março próximo. À determinação do antigo autarca de Baião, o lí- der do PSD, caso seja um digno sucessor de quem lhe antecedeu, deverá responder com igual compromisso de viabilizar um governo do PS ou com este negociar a governabilidade do país. Nos mais de quarenta anos que levei de militância no PPD/PSD, não encontrei um único dirigente, desde as concelhias às distritais ou órgão nacionais que não se declarasse sácarneirista. Ora a frase mais conhecida de Francisco Sá Carneiro e, igualmente, a mais citada diz que “antes de qualquer militante, está o partido mas, antes deste e mais importante está o país e o interesse nacional”. Sendo pois do óbvio interesse nacional um entendimento, qualquer que ele seja, para alcançar um governo ao centro do espetro político nacional é bom que ao propósito de José Luís Carneiro, o outro Luís (o Montenegro) se lembre dos ensinamentos do outro Carneiro (o Francisco) e declare já a disponibilidade para viabilizar, em termos a conversar, um governo do partido que em março ganhar as eleições!

Comemorar o 25 de Novembro é glorificar o 25 de Abril

A história desapaixonada do período conturbado de entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, a seu tempo se fará com o rigor requerido. Entretanto, sobretudo enquanto viverem os seus protagonistas mais representativos, não deixarão de vir a público interpretações subjectivas e argumentos controversos, com os quais se pretenderá, por certo, ganhar simpatias e formatar opiniões de conveniência. Certo é, todavia, que uma parte significativa das Forças Armadas Portuguesas, em consonância com um alargado grupo de políticos democratas, ousou conduzir, com sucesso, uma movimentação político-militar que culminou na acção armada do dia 25 de Novembro de 1975, de que resultou o fim do denominado Processo Revolucionário em Curso (PREC), abrindo caminho à tão ansiada estabilização da democracia representativa, que foi, como se sabe, um objectivo central do golpe de estado militar de 25 de Abril de 1975. Acabar com guerra ultramarina e descolonizar, com dignidade, democratizar no conceito europeu e desenvolver o país no contexto ocidental, ainda que possam não ter sido as suas motivações originais, foram, sem dúvida, as aspirações profundas dos revoltosos de Abril, lamentavelmente traídas, de imediato, pelas foças marxistas-leninistas e anarquistas que animaram o PREC atrás citado. Assim sendo, cabe aqui perguntar: o que seria hoje de Portugal se as forças vitoriosas em 25 de Novembro tivessem sido as atrás mencionadas? Uma Cuba ou uma Venezuela europeias? Um estado satélite da fracassada URSS, agora na mira de Putin como tantos outros? Haveria depurações e fuzilamentos em massa à boa maneira estalinista, como chegou a ser sugerido e mesmo ensaiado? Felizmente nada disso se verificou, pelo que será de louvar, isso sim, a generosidade dos vencedores do 25 de Novembro. Tenha-se em consideração, contudo, que a bem-sucedida intervenção militar de 25 de Novembro de 1975 abriu definitivamente caminho à afirmação da democracia liberal e representativa em Portugal, pelo que deverá ser tida como a confirmação e glorificação do 25 de Abril de 1975, o que plenamente justifica a sua comemoração. Quanto mais não seja, para dissuadir eventuais novas tentações totalitárias. Ainda que o processo político posterior, lamentavelmente, tenha resultado num regime de duvidosa democraticidade, manchado de corrupção, nepotismo, clientelismo, injustiça social, assimetrias regionais e pela frustrante, em muitos aspectos, integração na União Europeia. Regime político cuja doutrina dominante persiste em ser o devorismo, a dissipação da fazenda pública em proveito próprio ou doutrem, postergando a resolução de problemas estruturais e o futuro da Nação. Regime cuja reforma continua em aberto, todavia, felizmente no quadro democrático, que o mesmo será dizer no respeito pelas liberdades fundamentais e ditames do estado de direito. Portugal é, de facto, pre- sentemente, uma casa onde os políticos falam, falam, mas poucos terão razão. Muito embora Portugal não seja a casa do ditado popular em que falta pão, dinheiro melhor dizendo, porque Bruxelas continua a dispensar fundos às carradas ao Estado português. Não é por falta de pão que ralham, portanto, mas por haver dinheiro e gula a mais. Atente-se na perturbação que vai no Serviço Nacional de Saúde, na Justiça e no Ministério Público em especial, na Habitação ou na Educação, nas muitas e desastrosas trapalhadas governamentais, para não falar na guerra institucional entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro. Claro que no centro de toda esta confusão babélica têm estado o partido Socialista e o seu secretário geral António Costa, manda a verdade que se diga. Ainda que no Partido Socialista, justiça seja feita, haja uma digna maioria silenciosa, genuinamente republicana e democrática, que não tem tido suficiente engenho e coragem para se fazer valer, prostergando a reflexão e renovação que a crise José Sócrates continua a requerer. Claro que o problema se agravou desde há oito anos para cá, o que não é de admirar porquanto a entourage de António Costa é basicamente a mesma de José Sócrates, de quem herdou o poder. Ainda assim o acontecimento que melhor ilustra este cenário é a posição da actual direcção do partido socialista sobre a comemoração do 25 de Novembro de 1975, alinhada com os que pretenderam matar o 25 de Abril à nascença e só o não conseguiram porque Mário Soares e uns tantos militares moderados heroicamente lhes fizeram frente. Cenário deplorável, sem dúvida, autorizadamente verberado pelo fundador do PS, António Campos, que clas- sifica esta atitude da actual direcção socialista de traição à história do próprio partido. Oxalá não estejam a criar condições para um novo 25 de Novembro, ou que isso possa significar.

Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros apresentou boa performance no Corta-Mato Longo de Amora

Ter, 28/11/2023 - 15:41


Lucinda Moreiras, do Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros, sagrou-se campeã nacional do Corta-Mato Longo de Amora em M55, a atleta concluiu os 5km de prova em 19 minutos e 15 segundos e triunfou no escalão Master 55. Terminou, ainda, em segundo lugar na categoria F50+, ficando a 14 segundos de

As memórias são seguras

As memórias são o nosso único espaço seguro. Mesmo as memórias más. Porque se excluiu o factor surpresa. Por mais que possam doer, sabemos o desfecho. Escusamos de ficar ansiosos, à espera do porvir. Nas nossas memórias podemos ser miseráveis , sim, ou felizes, a gosto. O bastante é focar-nos num acontecimento em específico. Os entendidos dizem que o nosso cérebro não guarda tudo o que vivemos. É como um disco rígido com capacidade limitada, que depura o que não tem interesse nenhum. Por acaso, é pena. Assim poupava-nos, tantas vezes, a uma ginástica mental para nos lembrarmos onde pusemos as chaves do carro ou se desligámos o ferro de engomar. Muitas séries futuristas debruçam-se sobre esta matéria - as nossas memórias e forma de as guardar. Aí, nas telas, é possível rever acontecimentos ao detalhe, com recurso a chips e máquinas. Para reparar em coisas que as nossas falhas humanas não conseguem perceber de uma só vez - a vez em que as vivemos. Também quando o assunto é magia estão muitas vezes presentes. Como a possibilidade de voltar atrás no tempo para mudarmos o seu rumo ou de as armazenar num local à parte, numa espécie de memória externa. Até, e o mais relevante, de as apagarmos. Exercício coletivo: apagariam ou alterariam alguma memória, se vos fosse possível? Muitos dirão que não. Que são as nossas memórias, boas ou más, que nos definem. Que, sem elas, seríamos conchas vazias. A memória é também o que nos livra dos perigos, tantas vezes. Lembrámos da vez em que nos queimámos com água quente e assim aprendemos a importância de avaliar a temperatura. Por exemplo. Outros dos caros leitores, por sua vez, iriam eliminar algo que passa em repetição na cabeça e que queriam, simplesmente, esquecer, para poder ter uma vida mais descansada. Ou mudar algo. O arrependimento não mata, mas mói. Pode ser difícil lidar com a bagagem deixada pela memória. Ou na memória, como preferirem. Teimamos em revisitar o que não vai voltar. Ou em pensar demasiado, tentando apanhar detalhes que, entretanto, vão ficando desfocados. É como tentar acertar com a fechadura de casa depois de emborcar uns copos. Acaba por parecer um esforço hercúleo patético para o qual não estamos capacitados e vamos sempre acabar a prometer a nós mesmos nunca mais o repetir. Felizmente, as memórias são só isso mesmo. Memórias. Vivem dentro de nós, fechadas. Não há tecnologia ou magia para as ma- terializar, apagar ou mo- dificar. Acaba por ser um problema sem solução. É ir fazendo contas para amenizar. Choramos ao lembrar algumas. Sorrimos com outras. Choramos a rir, também. Mas são como fantasmas, não são cor- póreas. Já não nos podem fazer bem nem mal. Já não estão no mesmo plano. As memórias são um lugar seguro, imutável. O único. Todos os dias somos, contudo, empurrados para fora dessa bolha para vi- vermos o presente. E, se o hoje são as memórias de amanhã, diria que tudo o que nos resta é trabalhar para que o espa- ço seguro futuro da nossa mente não seja um cemi- tério sombrio. Ou, a haver algumas sepulturas, que sobre elas consigamos depositar uma coroa de flores, sem pesar.