class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-frontpage">

            

O que nos querem vender?

S abemos bem que ninguém dá nada a ninguém, mas acreditamos sempre que um dia alguma coisa nos calha, mesmo sem contarmos. Dar sem receber, é difícil. De qualquer modo, continuam a prometer-nos o que nos pode agradar, para assim nos cativar o interesse e nos levar atrás do engodo. Tal como o peixe, caímos sem dar conta. Agora que há eleições nos dois maiores partidos nacionais, é ver um desfilar de promessas que agradam a todos e que todos gostaríamos de usufruir. Mas como são promessas, não vale a pena acreditar muito nelas. O PS, dividido na corrida à liderança, ambos prometem muito, mas sabem que não irão ganhar e, portanto, podem prometer este mundo e o outro. Ninguém compra e eles nada vendem. Nuno Santos pouco promete pois do que já prometeu quando pertencia ao governo, nada conseguiu vender. Só deixou buracos financeiros especialmente na TAP. No entanto, continua a dizer que a TAP é para vender. Agora que está a dar lucro? Seja como for, parece que está a capitalizar votos no seio do PS, muito embora o outro candidato, José Luís Carneiro, não mostre receio da confrontação que Pedro Nuno Santos recusa. São as lutas internas, sempre salutares e esclarecedoras. Sempre ficamos a saber o que cada um oferece ou propõe ao povo português. Mas fiquemos alerta, pois nada nos vão dar com toda a certeza. Estas quezílias são entre eles e parecem bem e quanto mais oferecerem melhor soa a oferta. Depois, bem depois é preciso ganhar as eleições legislativas, formar um governo e pôr em prática as promessas que meses antes andaram a espalhar. Mas os portugueses, entretanto já se esqueceram dessas promessas e não as vão reclamar e tudo fica em águas de bacalhau. Como sempre. Atirando-se ao PSD, José Luís Carneiro diz que eles prometem tudo a todos, fizeram cortes e depois o PS é que teve de repor. Pode ser verdade, mas também é certo que o PS tem deixado o país na miséria cada vez que sai do governo. E agora, se o PSD ganhar, vai ser o mesmo. Isto significa que o PSD vai ficar em maus lençóis para endireitar as contas públicas. É sempre assim. Prometem tudo, realmente, mas não dão nada, só dívidas. Deste modo, os candidatos do PS empurram-se para a direita e para a esquerda, procurando cada um situar o outro politicamente. Na verdade, José Luís Carneiro é muito mais centrista que Nuno Santos, sem dúvida alguma. Mas será que os portugueses sabem disso? Por seu lado Montenegro, no fim de semana tentou afirmar-se como líder e candidato, mudando o seu discurso político e fazendo um discurso como se fosse o pri- meiro ministro que se segue. Por um lado, era necessário que se afirmasse, por outro era indispensável essa assun- ção política, pois pode-lhe sair cara. Foi um Congres- so de aclamação e de plena campanha. Mas ele não foi lá só para discutir os artigos estatutários e a sua alteração e aprovação. Ele foi para fazer campanha e mostrar a todo o país ao que vinha. E disse que queria ser o próximo Pri- meiro Ministro. Pois, talvez, mas para isso é preciso muito mais do que querer, é preciso ter votos. E até agora, pelas sondagens, não tem. O caminho a percorrer é longo e o tempo urge. Claro que ele se rodeou de nomes sonantes do passado para que a entourage fosse mais credível. Ferreira Leite, Cavaco Silva e tantos outros deram o apoio que necessitava, mas em termos de votos, pouco vale. De notar que faltaram outros importantes como Durão Barroso, Passos Coelho que seriam igualmente uma mais valia. Mas é natural que este último não quisesse aparecer, já que teve de fazer cortes imensos para endireitar as finanças e tapar os buracos que o PS deixou depois de quase onze anos de governo. Ninguém fica bem visto ao ter de cortar pensões e salários. Francamente! Deixem-se disso. Deste modo Luís Montene- gro tem uma tarefa enorme para vencer se ganhar as eleições legislativas, já que as do partido estão ganhas. Primeiro formar governo com maioria parlamentar sustentável. E como é difícil ter maioria absoluta, terá de fazer coligação com um ou mais partidos de centro direita. Resta saber que percentagens vão ter eles para se poderem coligar com maioria. Tem, portanto, o IL, o CDS, o PAN na esperança de que os lugares no Parlamento sejam os necessários para a maioria. De fora fica o CHEGA, pois de radicalismos estamos fartos. Para já temos o 10 de Março. Temos eleições e a corrida já começou. Vai ser um atropelo enorme. Críticas não vão faltar. Acusações, um lavar de roupa suja sem fim. E pelo meio, vão aparecer algumas promessas. Vão querer vender-nos alguma coisa. Em jeito de quem quer dar o melhor que tem, tomem lá promessas. Não pagam agora. Depois logo se vê. E se for para pagar, é a dividir por todos os portugueses, portanto, pouco calha a cada um. Não há que ter medo. Pois é. Pagamos todos sem comprar nada, porque nada nos venderam. É sempre assim. E no final, perguntamos sempre, o que nos querem vender? Promessas? De promessas estamos fartos.

Atividade estratégica para o Nordeste Transmontano – Turismo Cinegético e de Natureza

Podemos não gostar de certas atividades desportivas, lúdicas e de lazer, ou até sermos opositores à prática das mesmas e, portanto, temos todo o direito e razões para nos abstermos de as acarinhar, estimular ou apoiar...! O que nunca poderemos impedir é o direito e legitimidade de outros as desenvolverem, praticarem e gostarem... Obviamente se não forem ilegais, simplesmente imorais ou conflituantes com os “usos e costumes”! Há uma tendência natural para subestimarmos aquilo que desconhecemos ou de que não gostamos e, portanto, nas questões que à cinegética dizem respeito, lá temos – nessa postura do “contra” – os habituais grupos urbanos, completamente ignorantes do que é a verdadeira vida campesina, convictos de que os animais são todos “muito amigos” entre si e não se alimentam uns dos outros para sobreviverem e que ma- nifestam outras atitudes algo “estranhas” para nós...! E a este propósito cabe aqui uma interessante afirmação, encontrada algures no espaço cibernético: «Não odeies o que não enten- des» (John Lennon). Pois bem, queiram ou não, as boas práticas de gestão cinegética conduzem inquestionavelmente à boa gestão dos territórios rurais e a prática da caça, além de reconhecida a nível global (isto é, no mundo inteiro...!) como importante atividade económica, tem externalida- des positivas nas interações com o ambiente e recursos naturais, na paisagem, na restauração e alojamento, no comércio, indústria e turis- mo em geral. Quanto ao enorme potencial económico da atividade nesta nossa região do interior transmontano, exige-se, estrategicamente, a adoção de modelos de gestão cinegética racional e sustentada, com sólidas bases técnicas e científicas, profissionalizada e nunca uma qualquer “ges- tão cinegética de improviso” [que se considera extraordi- nariamente nociva e um dos piores “inimigos” da caça em si e da biodiversidade...!] A região do Nordeste Transmontano tem uma riqueza de vida animal úni- ca e genuína, da qual podemos (e devemos…!) tirar o melhor partido, não só em termos de exploração cine- gética, mas também no que respeita ao grato prazer da observação de espécies não cinegéticas, ou até só pelo conhecimento da sua presença no território... A seguir apresentam-se cinco aspetos que mostram claramente a importância do Património Natural do Nor- deste Transmontano, difícil de encontrar noutras regiões do país e que constitui uma oportunidade extraordinária de desenvolvimento: • A ocorrência do Lobo-ibérico, o último grande carnívoro selvagem do nos- so território, emblemático só por si, de todo o interesse para a sociedade em geral e elemento fundamental na seleção natural das suas pre- sas preferenciais, das quais se destaca o Veado, propor- ciona a existência de troféus de elevadíssima qualidade na zona do Parque Natural de Montesinho. • Abundâncias comprova- damente em crescendo e, por isso, já com aproveitamento/ exploração do ponto de vista cinegético das populações de Corço, com grandes proveitos económicos. • O singular património que é a Perdiz-comum, também conhecida como Perdiz-ver- melha, em estado verdadei- ramente bravio, ainda geneticamente puro em muitos lugares onde não chegam os “caçadores de caixote” ... • Abundâncias (embora com algumas variações in- teranuais) de migradoras de Inverno – Tordos – e de Ve- rão – Codorniz-comum. • Esporádicos avistamen- tos de Charrelas ou Perdiz- -cinzenta nas zonas remotas e montanhosas do Parque Natural de Montesinho con- finantes com a região espa- nhola de Sanábria. [Não foi por acaso que o logotipo do Parque Biológico de Vinhais adotou a imagem estilizada de uma Charrela…]. Então o que será “isto” de Turismo Cinegético? Vejamos: se adaptarmos os conceitos de turismo em abstrato à circunstância em concreto, podemos defini-lo como sendo a atividade desenvolvida por caçadores, nacionais e estrangeiros que, deslocando-se do seu local habitual de caça ou de resi- dência, necessitam de utilizar equipamentos e serviços associados, bem como alo- jamento e restauração, ou seja, permanecem por mais de 24 horas no sítio para onde se desloquem. E agora? Teremos “oferta” capaz de satisfazer esta “pro- cura”? Pois..., diremos que, de momento, nem por isso...! Contudo, vislumbram-se excelentes janelas de opor- tunidade, desde que os decisores consigam resolver os constrangimentos e desen- volver a necessária estratégia de médio e longo prazo, com a participação dos agen- tes privados e públicos. Propõe-se que rejeitemos, com firmeza, as “fantasias” da já referida “caça de caixote”, até porque não é ne- cessária se forem adotadas as “boas práticas” de gestão cinegética já descritas em ar- tigos anteriores... E, neste contexto de turis- mo cinegético e de nature- za, não podemos deixar de considerar ainda a enorme importância das montarias ao javali, com os seus rituais únicos e que só existem na Península Ibérica.

Agostinho Beça

CORRUPÇÃO… OU CONFUSÃO?

É assumido que o correto é começar pelo princípio. Contudo, quando este é incerto, difícil de identificar e impossível de o localizar, com segurança, não há outra solução que não seja… começar pelo fim mesmo que este seja confuso, complexo e pouco claro. É o que é! É com perplexidade que, na mesma semana seja do conhecimento público que um autarca tenha sido detido para justificar a exigência de contrapartidas (modestas) para uma associação desportiva e uma atividade cultural pela instalação no concelho de um mega investimento, que um outro autarca perdeu o mandato por ter usado um veículo da Câmara para fins pessoais ao mesmo tempo que se chegava à conclusão que a disponibilização de centenas de milhares de euros pela dire- ção do Benfica (que é o meu clube, de sempre) para prendas a árbitros não assume qualquer laivo de corrupção e que o primeiro-ministro foi levado a demitir-se por um parágrafo escrito pela Procuradora Geral, com base em escutas transcritas com lapsos e erros, não por algo que tenha feito, em concreto, no processo em análise, mas pelas supostas ações de um amigo que terá elegido como o melhor de todos e pela imprudência de um subordinado, mal escolhido, por certo… apesar de estar inocente. Inocente, sim. Porque se as suposições jurídicas implicam tais consequências, afinal a presunção de inocência, serve para quê? É uma treta para encher a boca? Ou apenas para mascarar a repetição da história? Há dois mil anos, no Gólgota foram crucificados e condenados à morte, Jesus Cristo, um ladrão bom e um ladrão mau, enquanto nas apertadas e movimentadas ruelas de Jerusalém, passea- va livremente Barrabás o assumido malfeitor libertado pelo povo em nome de quem se praticam todos os atos de justiça! Mas se olharmos pelo outro lado da cortina podemos ver a mesma realidade com outros olhos, nomeadamente na questão das contrapar- tidas de Sines em que o que mais importa não são elas, o seu valor ou destino mas a legalidade das pretensões dos empresários anteriormente recusadas pela vereadora, sendo igualmente questionável o interesse público de um investimento de milhares de milhões num mega armazém de dispositivos de memórias, gigantesco consumidor de energia e terraplanador de extensas superfícies protegidas que chega a Portugal, não como resultado da promoção lusa de captação de investimento, mas por recusa de outras localizações, que o carro da autarquia de Gaia foi usado para fins pessoais do presidente e também dos seus familiares. Mesmo que se admita ser exagerada a penalidade aplicada, não deixa de ser claramente condenável, pelos vistos a montanha de dinheiro dos cofres benfiquistas saiu em valores individualmente modestos, meras ofertas de cortesia e que não há qualquer prova nem indício razoável de consequentes benefícios, e ainda que, sendo inocente de quaisquer acusações que, bem ou mal, constem dos autos, António Costa é o responsável pelo epíteto de “melhor amigo” (a pretensa infelicidade do gesto igualmente não pode ser assacada a mais ninguém) e pela sua intervenção, remu- nerada ou não, em processos relevantes e de impacto na vida comum e ainda, apesar de vários avisos, a escolha do chefe de gabinete foi uma prorrogativa exercida conscientemente pelo detentor da chefia do governo. Não deixa, igualmente, de ser verdade que a condição de ino- cente não isenta ninguém de ser alvo de suspeitas e pode reconhecer-se alguma lógica na argumentação dos que defendem que quem está inocente se deve comportar de forma serena e não usar o cargo e o lugar onde o exerce para lançar dúvidas sobre a legitimidade das averigua- ções em curso. Perante este cenário é normal a disparidade de opiniões dos comentadores… Já os políticos deveriam reconhecer que as leis que aportaram a esta realidade foram feitas por eles!