A nova idade do ferro

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Ter, 06/12/2016 - 09:53


A idade do ferro é um período do catálogo da historiografia, um instrumento conceptual, útil para entendermos algumas das mudanças que se processaram na civilização desde há pouco mais de três milénios.
Integrada na ampla idade dos metais, que se inicia com o cobre, evolui para o bronze (cobre + estanho) e se consuma, depois, com a metalurgia do ferro, é um tempo de convulsões que alastraram aos dois mil anos que são a nossa referência próxima, provocando tragédias, mas também garantindo avanços tecnológicos e económicos, sociais e culturais conexos.
A dureza e resistência do ferro, associados à sua ductilidade, permitiram-lhe um papel decisivo na história. Com ele se destruíram impérios longevos, mas também se construíram outros, para durar e impor caminhos. Por isso o ferro tem uma carga simbólica, associada à força que rasga, mas também se adapta, até se constituir como elemento base da liga que suporta as sociedades industriais que, aparentemente, têm dominado o mundo desde o século XVIII: o aço.
Quando se perspectivam décadas de retoma da exploração de minérios de ferro, em Moncorvo, os transmontanos poderão ter razões para não desistir ainda, porque o mundo dá muitas voltas e grandezas ou misérias não são definitivas.
A exploração de minério de ferro pode trazer para o sul do distrito possibilidades de verdadeiro crescimento económico e mesmo de estabilização demográfica. Se tivermos em conta que ali também se produzirá energia significativa, com as barragens do Baixo Sabor e de Foz Tua, a acrescentar ao peso de Miranda, Picote, Bemposta, Pocinho e Valeira, o papel do território do distrito de Bragança não é desprezável.
Ainda podemos acrescentar a energia de produção eólica e as outras potencialidades económicas, que passam pelo vinho, o azeite, a amêndoa e a oferta turística. Temos então condições para fazer valer junto dos decisores os direitos das gentes da região.
A parceria com o IPB, em continuidade com o que se passa com a unidade de componentes para automóveis, em Bragança, poderá frutificar noutros casos. Ainda não estamos condenados a ser um monte de ruínas, apesar das placas de sinalização, que contribuem para que nos sintamos na decrepitude inexorável.
Estas terras são verdadeira dádiva da natureza: Terra Quente e Terra Fria, elementos que nos caracterizam, são complementares e, noutros tempos, teriam permitido uma verdadeira autarcia.
Resta que saibamos conjugar esforços e, qualquer dia, ainda poderemos encontrar uma criatura que cante a nossa ode triunfal.

Por Teófilo Vaz