O povo quer estabilidade

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Ter, 01/02/2022 - 09:14


Por 15 se ganha, por 15 se perde. Naquilo que é a rescaldo das eleições deu-se aqui uma reviravolta. Por apenas 15 votos, o distrito passa a cor-de-rosa. No distrito teremos agora dois deputados do PS e um do PSD. 
No que toca ao panorama nacional, pode ler-se que o povo não quis a mudança, penalizou o BE e o PCP por não terem aprovado o orçamento. Querem estabilidade e pensaram: “o investimento do acto eleitoral “sai-nos do lombo” (que é como se diz aqui, é o nosso dinheiro que paga). E isso, talvez, explique opção de “voto útil” à esquerda e não à direita, o que resultou neste desfecho fraco para o PSD.
 O distrito seguiu a tendência nacional e se compararmos com os resultados de 2019, o BE perde 2400 votos e o PCP perde 455, o PS sobe 3200 e o PSD quase que fica com a mesma votação. O Chega é a terceira força mais votada, o que pode indicar que começa a ter militantes fiéis que estariam descontentes com a direita. Temos de considerar que também a abstenção foi menor. Votaram mais 2208 que em 2019.
O CDS-PP no distrito também não fugiu à tendência nacional e perdeu mais de 1400 votos, o que significa um descalabro para um partido pequeno, mas que já foi grande.  Alguns deles foram certamente para a Iniciativa Liberal que teve mais 778 votos.
Bem, eu continuo a defender que deveríamos ter dois boletins de voto. Um para eleger a pessoa para representar os círculos e outro para escolher o partido que governará o país. Temos de dar esse passo na democracia portuguesa.
Mas a vida continua e passadas as eleições fomos ouvir os agricultores que estão a braços com a falta de água e as previsões do IPMA não os tranquilizam. Este é um problema nacional, mas que está prejudicar gravemente o nosso sector agro-pecuário. Aguardamos que a situação se resolva rapidamente para não termos de voltar a noticiar que há menos investimento no sector.
A juntar a isto, ficámos a saber esta semana que mais de 2 mil milhões de euros do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020, no âmbito da Política Agrícola Comum, não foram aplicados. Os programas não estão desenhados para a nossa realidade. O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal fala em “falta de capacidade de decisão” e “burocracia”, tendo provocado uma “insatisfação generalizada”. Tendo em conta que o período para aplicação dos fundos comunitários já terminou, o Programa está agora em fase extraordinária para a atribuição do dinheiro que sobrou. Se não for aplicado voltará para Bruxelas, sendo um grande contra-senso quando olhamos para a necessidade de revitalizar o nosso sector primário. 
Na notícia podem ler que não faltam candidatos, não são é elegíveis ou têm grande dificuldade em aceder. Portanto, fica claro que a política de acesso aos fundos tem de ser reestruturada de acordo com os territórios. Aliás, como quase tudo, têm de sair do escritório e optimizar os programas. Dos gabinetes está visto que nada resulta!
 

Cátia Barreira