“Povo, povo, eu te pertenço…”

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Ter, 28/09/2021 - 09:06


Noite longa a de domingo. Quanto mais tecnologia há, mais tempo se demora a saber os resultados eleitorais. É estranho, mas é verdade.
Deu-se a reviravolta e o distrito volta a ter mais câmaras de direita. Sete câmaras do PSD e cinco do PS. 
Pela capital de distrito, Bragança, o PSD, encabeçado por Hernâni Dias, conseguiu o “pleno”, ganhou em todas as freguesias. 
Face a este “feito” é importante reflectir nalguns factos. Quase metade (49,41%) dos eleitores do concelho não foi votar e o partido Chega, que foi pela primeira vez a sufrágio nas autárquicas, foi a terceira força política mais votada. Tendo em conta a abstenção será legítimo dizer que não houve disputa eleitoral? 
O PS perde assim as cinco juntas de freguesia que tinha. O líder descartou culpas, empurrando-as para o panorama nacional. Fica claro que se o PS quer ser alternativa em Bragança deve sofrer uma reflexão profunda. 
Miranda do Douro comprovou mais uma vez que não quer voltar ao passado e elegeu pela primeira vez uma mulher. Vira assim à direita depois dos três mandatos do socialista Artur Nunes. Um aspecto que me parece importante foi a taxa de abstenção que desceu naquele concelho, o povo quis deixar clara a sua posição. 
Em Vila Flor houve clara vontade de mudar. Fernando Barros, apesar de estar no segundo mandato, estava há quase 30 anos na câmara. 
Por Freixo de Espada à Cinta reforçou-se a teoria da conspiração em que o presidente não faz mais do que dois mandatos e o povo ditou que se virasse à esquerda, deixou isso bem claro na sua votação. O povo não dorme e quer transparência na governação do erário público. Pensar que as pessoas só querem beijos e abraços talvez seja um pensamento correcto. 
Mogadouro era desde o início uma incógnita, pois, sempre foi uma autarquia fechada em copas à comunicação social e seria difícil fazer qualquer tipo de prognóstico. Mas o povo é quem mais ordena e deu uma vitória, sem margem para dúvidas, a António Pimentel do PSD. 
O resto mantém-se como estava e, ainda, reforçaram as votações. Indica que estarão a fazer um bom trabalho ao serviço das populações, ou, por outro lado, pode dar-se a hipótese de o povo escolher o menos mau, tendo em conta as escolhas que são apresentadas. Talvez também seja importante reflectir na resposta a esta pergunta, tendo em conta os resultados: estaremos a atingir a maturidade de consciência e não nos estamos a deixar levar pelos clubismos partidários? 
Gostaria de parabenizar todos os eleitos do distrito e dizer-lhes que a Rádio Brigantia e o jornal Nordeste são, a par com os restantes órgãos de comunicação social, elementos essenciais na democracia e, portanto, para as notícias agradáveis ou menos agradáveis aos autarcas contamos com uma boa comunicação de ambas as partes. 
Não posso terminar este texto sem dar também as boas vindas aos novos alunos do Instituto Politécnico de Bragança que volta a crescer, sendo o 4° politécnico que mais alunos colocou, apesar da média nacional ter sofrido um decréscimo de três por cento. 
Desejo por isso a todos um ano lectivo produtivo e que vivam aqui momentos muito felizes que ficarão, com certeza, marcados nas suas vidas. 

 

Cátia Barreira