class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-167594 node-type-noticia">

            

No tempo das moagens

Ter, 18/12/2007 - 09:59


Poucas pessoas se deverão recordar de movimento nas antigas instalações da Moagem Mariano, em plena avenida João da Cruz (Bragança).

Os edifícios pintados de amarelo dominam a principal rua da cidade que, ainda, não descobriu um destino para este antigo complexo.
Criada em 1925 por Acácio Mariano, em conjunto com sócios naturais do Porto, a Moagem Mariano laborou em pleno até 1956, altura em que a Federação Nacional dos Industriais de Moagem adquiriu uma quota da empresa, passando a trabalhar, apenas, em Macedo de Cavaleiros, mas em menor escala.
Em 1963, o neto do fundador, Raul Soeiro, formado em Engenharia de Máquinas e especializado o sector das moagens, entra para a empresa, assumindo a gerência.
“O facto da minha família estar ligada a esta área influenciou o meu percurso profissional”, explicou Raul Soeiro, que se manteve no sector até à idade da reforma.
Segundo o administrador, trabalhavam cerca de 18 pessoas na Moagem Mariano, mas a “decadência” do negócio chegou com a escassez de cereais, associada ao desaparecimento dos caminhos-de-ferro. “A par da alteração dos hábitos alimentares, nossa distribuição deixou de fazer-se por comboio”, sublinhou Raul Soeiro.
Em 1992, a sociedade fundiu-se com a Companhia de Moagens Harmonia, no Porto, sendo que, há cerca de três anos, deu-se o “desligamento completo, pois, sendo um grupo cada vez maior, a nossa quota foi perdendo força”, salientou o responsável.
Criada há cerca de 60 anos, a Moagem Lopes, na estrada que liga Bragança à aldeia de Rabal, viu crescer os herdeiros da empresa que chegou a produzir dez mil quilos de farinha a cada oito horas. “Os 20 empregados trabalhavam 24 horas por dia e, em cada turno de oito horas, fabricávamos cerca de dez toneladas”, recordou Fernando Lopes, filho do fundador daquela empresa.

Antiga Moagem Lopes trabalhava 24 horas por dia e produzia cerca de 10 toneladas de farinha a cada turno de oito horas

Os cereais eram produzidos, maioritariamente, na região, ao passo que o principal mercado era o concelho de Chaves. “Um camião demorava três horas a chegar lá. As estradas também foram um obstáculo à continuidade”, recorda o responsável.
Desactivada há cerca de 14 anos, a Moagem Lopes mantém-se tal como se ainda estivesse em funcionamento. “Ainda estão lá todas as máquinas e, na altura, custou-me ver o negócio de família desaparecer, apesar de eu ter saído um ano antes de encerrar definitivamente”, sublinhou Fernando Lopes.
Dada a sua localização, o responsável acredita que os edifícios poderiam albergar um empreendimento na área do turismo. “É um local muito bonito e poderia investir-se no turismo”, defende.