Ter, 27/01/2009 - 10:15
Jornal NORDESTE (JN): Quais os objectivos da fusão da CCAM do Alto Douro com a CCAM da Região de Bragança?
Adriano Diegues (AD): A fusão advém da necessidade de optimizar a dimensão que as Caixas hoje possuem, para estarem presentes na Região de Trás-os-Montes e Alto Douro e assim acederem a grandes operações de investimento regional e prevenindo-se contra o fenómeno do despovoamento.
O Crédito Agrícola é um Grupo Financeiro constituído por um vasto conjunto de Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, que iniciaram actividade de âmbito concelhio. Na década de 80 existiam cerca de 220 Caixas Agrícolas e hoje ainda existem 95, mas a tendência é para que o seu número continue a reduzir-se. A principal causa da redução do número de Caixas Agrícolas deve-se a questões de dimensão, que é determinante para responder às necessidades creditícias de um mercado cada vez mais complexo e exigente, mais dinâmico e global.
Iniciámos o processo de fusões em 1993, incorporando a então Caixa Agrícola de Chacim, seguindo-se a de Vinhais, Mirandela e Valpaços, esta última em 1999.
JN: Com esta operação, a CCAM de Trás-os-Montes e Alto Douro pretende colocar a sua capacidade financeira ao serviço dos investidores do Douro?
AD: A Caixa Agrícola de Trás-os-Montes e Alto Douro pretende posicionar-se como uma das Instituições de Crédito com maior envolvimento na actividade económica da região onde estatutariamente actua.
Os concelhos do Douro abrangidos por esta Caixa Agrícola (Alijó, Murça e Sabrosa) passarão a dispor de uma Instituição Bancária com forte tradição e especialização no financiamento ao sector agrícola e agro-industrial. Por outro lado, a Caixa Agrícola de Trás-os-Montes e Alto Douro (como aliás todo o conjunto de Caixas que constituem o Grupo Crédito Agrícola), possui enorme capacidade para reforçar o seu envolvimento com todos os agentes económicos regionais, traduzida na solidez do seu capital, que colocam os fundos próprios de base Tier one ligeiramente acima dos 16% dos activos ponderados, indicador designado por rácio de solvabilidade, cuja média dos Bancos a actuar em Portugal, não ultrapassa o valor mínimo de 8% imposto pelo Banco de Portugal. Este indicador de solvabilidade, associado à elevada liquidez que esta Caixa Agrícola possui, posicionam-na na primeira linha do apoio creditício às famílias e às empresas e instituições da nossa região.
“A Caixa Agrícola de Trás-os-Montes e Alto Douro possui enorme capacidade para reforçar o seu envolvimento com todos os agentes económicos regionais”
JN: Quantos balcões pertencentes à CCAM do Alto Douro foram abrangidos por operação? Todos eles manter-se-ão abertos?
AD: A CCAM de Alto Douro possuía 5 balcões, que se manterão abertos, perspectivando-se, para breve, a abertura de mais um balcão no concelho de Alijó. O Crédito Agrícola é um Grupo Financeiro com forte implantação na província, onde possui 660 balcões e apenas 3 no Porto e 5 em Lisboa. Em 250 localidades do País, existe apenas um balcão que é o do Crédito Agrícola. Somos o Banco do País profundo e queremos manter essa ligação às pessoas, que não se circunscreve apenas ao relacionamento de natureza bancária.
JN: Que lugar no ranking do Crédito Agrícola vai ocupar a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Trás-os-Montes e Alto Douro?
AD: No ranking do Crédito Agrícola, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Região de Bragança já ocupava a honrosa 6ª posição. Esta fusão contribuiu para que a Caixa Agrícola resultante ascendesse à segunda posição em termos de Fundos Próprios e à quarta posição em termos de Activos Líquidos sob gestão. A dinâmica de concentração que caracteriza o actual momento do Crédito Agrícola não nos permitirá manter por muito tempo estas posições. O crescimento orgânico também não nos favorece face ao maior dinamismo económico das regiões de actuação da esmagadora maioria das demais Caixas Agrícolas. Continuaremos atentos às janelas de oportunidades que forem surgindo, para mantermos na nossa região uma Caixa Agrícola de grande dimensão e forte solidez, que constitua uma referência nas opções dos clientes bancários.
JN: Perspectivam-se mais incorporações como esta, nomeadamente de Caixas do distrito de Bragança?
AD: As nossas congéneres do distrito de Bragança sabem que podem contar connosco. A nossa posição relativamente à política de fusões no Crédito Agrícola é conhecida. Em toda a Europa com tradições de Bancos Cooperativos, a dimensão dos mesmos conta enormemente para a respectiva afirmação regional e importância Nacional. Não me parece que possa ser diferente em Portugal. Contudo, a minha experiência em processos de fusão leva-me a reconhecer que não é uma medida de gestão de decisão fácil, apesar das vantagens que se possam antever.
Entrevista: João Campos