O comando distrital de Bragança da Polícia de Segurança Pública (PSP) está com a falta de agentes. A confirmação foi deixada pelo próprio comandante desta força de segurança, à margem da cerimónia que serviu para assinalar os 146 anos do comando local, na sexta-feira. “Não temos os polícias que, neste momento, deveríamos ter”, esclareceu José Neto, que, ainda assim, não disse quantos polícias compõe o comando distrital porque, “do ponto de vista público, é muito difícil dar o número”. Na cerimónia de aniversário da PSP, o presidente da câmara de Bragança, Hernâni Dias, apontou, no discurso que proferiu, que faltariam 40 agentes ao comando. Questionado sobre este ponto, José Neto confirmou a estimativa do autarca e assumiu que sim, que considera que faltam cerca de quatro dezenas de polícias, mas garante que baixar os braços não é opção e vai continuar-se a reivindicar recursos humanos junto de quem pode intervir. “Não vamos desistir. É um propósito que vamos manter bastante evidente”, vincou José Neto. Na celebração dos 146 anos do comando de Bragança esteve o director nacional adjunto da PSP. Constantino Ramos, que disse que há “consciência” da necessidade de polícias em todo o dispositivo da PSP, garantiu que, brevemente, alguns agentes vão chegar a Bragança. “Temos, neste momento, uma escola de alistados a decorrer com, praticamente, mil novos agentes. Isso vai permitir fazer uma redistribuição. Não posso dizer que vêm para cá os 40 agentes, mas alguns virão, isso posso garantir”, afirmou, deixando assente que se tem tentando combater a falta de efectivo “pressionando a tutela”, no sentido de autorizar o ingresso de novos agentes e, por outro lado, permitir também que a carreira seja “suficientemente atractiva” para conseguir fazer com que os jovens ingressem na polícia. Refira-se que, segundo disse Constantino Ramos, a distribuição é feita consoante alguns indicadores, nomeadamente aquilo que ao crime diz respeito. “O comando distrital de Bragança é daqueles que apresenta menores índices criminais. Se temos mais necessidade de recursos humanos aqui ou acolá temos que gerir esses recursos”, esclareceu. Sobre esta matéria, ainda que Bragança figure nos lugares cimeiros da lista de cidades mais seguras do país, o comandante da PSP de Bragança não está, de todo, descansado. “Felizmente, os indicadores continuam a dar-nos o distrito como muito seguro mas eu não posso pensar só no dia de hoje. Enquanto responsável e comandante, tenho que projectar aquilo que nos pode acontecer. Temos hoje 63 nacionalidades, numa faixa etária muito jovem, que, felizmente, vão voltar a viver a sua vida social, normalmente, nas nossas cidades, com os seus credos, culturas e fés, e nós temos que ter uma polícia capaz”, esclareceu José Neto, reportando-se, em concreto, aos estudantes do Instituto Politécnico de Bragança.
Bragança representa menos que 1% da polícia nacional
O comandante da PSP preferiu não dizer quantos policias há em Bragança, por questões de confidencialidade, mas esclareceu que a representação, a nível nacional, é baixa. “Nós representamos menos de 1% da polícia do país”, avançou. Perante uma área geográfica tão extensa, questionado sobre se este número faz sentido, disse que não lhe compete avaliar se o faz ou não. “A mim compete-me garantir que a polícia é eficaz, que dá a resposta que as populações precisam, que transmite a confiança necessária. Eu vou dar uma resposta o mais eficaz possível e vou fazê-lo independentemente dos recursos que tiver”, vincou o comandante. Este número também é conhecido pelo director nacional adjunto da PSP. Constantino Ramos voltou a lembrar que o número de recursos humanos, seja em Bragança ou em qualquer outra parte, está directamente relacionado com as necessidades em termos de criminalidade. “Os índices de criminalidade que se fazem sentir em Bragança não são, felizmente, os que se fazem sentir noutros municípios. O município de Bragança é daqueles que apresenta menores índices, o que para nós é uma vantagem. Acreditamos que para os cidadãos também o é, mas tem obviamente inconvenientes”, ou seja, haver menos recursos humanos, assinalou.
Juventude precisa-se
Além de assumir que faltam recursos humanos e de avançar, em concreto, quantos seriam precisos, neste momento, o comandante da PSP de Bragança falou ainda da questão do envelhecimento, que acredita ser “estrutural” na região. “Este é um problema estrural e endémico de Trás-os-Montes, segundo aquilo que me tenho apercebido nestes três anos que aqui estou. Temos que fazer um esforço, ou seja, temos que sensibilizar a nossa estrutura superior para nos acompanhar nesta necessidade de trazer profissionais mais jovens para Bragança, por forma a que haja aqui um equilíbrio entre a experiência e a juventude, dando competitividade interna ao nosso trabalho”, explicou José Neto. O comandante relembrou que é às pessoas que a polícia serve e, por isso, é preciso continuar a lutar para mudar o cenário. “Temos muitas responsabilidades para com as pessoas. Assim, a mim compete-me incomodar positivamente a hierarquia para que entenda isso e me ajude”, esclareceu José Neto sobre a questão da necessidade de atracção de jovens.
Inaugurados instrumentos de gestão policial
As celebrações dos 146 anos da PSP de Bragança serviram também para inaugurar o Centro de Comando e Controlo Operacional e o Observatório de Mobilidade Urbana do Município de Bragança. Através de um protocolo entre a PSP e o município de Bragança, os dois serviços materializam-se numa nova ferramenta de trabalho, que está localizada nas instalações da PSP. Segundo esclareceu o comandante, os objectivos passam por “conhecer a realidade, ao momento, em Bragança e Mirandela, garantindo resposta pronta dos agentes”. O equipamento, tanto o mobiliário, como hardware e software, foi financiado pelo município de Bragança. Além da sessão solene e desta inauguração, as comemorações também serviram para abrir portas à exposição “Em Tempo de Máscaras quem Fala São os Olhos”, na Santa Casa da Misericórdia de Bragança. Esta foi a primeira vez que a data foi assinalada no dia 4 de Março, ao invés do dia 24 de Julho, como sempre tinha acontecido. A mudança da data deve-se ao facto de em 2021 se ter localizado uma acta da Junta Geral do “Districto de Bragança”, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, datada de 19 de Fevereiro de 1877, que refere que, em sessão ordinária, por deliberação tomada no dia 4 de Março de 1876, foi “creado e organisado n’esta cidade o corpo de polícia civil”.