Qua, 17/08/2022 - 18:50
Os trabalhadores da empresa de cogumelos Varandas de Sousa, com sede em Benlhevai, Vila Flor, estiveram dia 16 em greve, durante 24 horas. As acções de protesto e denúncia à porta das três unidades de produção, Benlhevai, Vila Real e Paredes, visaram contestar a falta de resposta da administração ao caderno reivindicativo proposto pelos funcionários. O sindicato denuncia também que a “Varandas de Sousa” está a recrutar trabalhadores externos, por intermédio de angariadores de mão-de-obra, para fazer face à greve decretada para hoje.
São exigidas melhorias dos direitos nomeadamente salariais, de horários e condições de trabalho. “Falta uma resposta da administração ao caderno reivindicativo que foi apresentado em Fevereiro deste ano, que era já um prolongamento do caderno reivindicativo do ano anterior, que também não teve resposta. A administração ficou de apresentar uma contraproposta” o que nunca mais aconteceu, refere José Eduardo Andrade, dirigente do SINTAB (Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação e Bebidas).
Os trabalhadores da Varandas de Sousa, empresa âncora do Grupo Sousacamp, exigem um aumento salarial devido ao maior custo de vida, bem como a melhoria do subsídio de refeição. “Estamos a falar de uma função que não é substituível por máquinas, os trabalhadores têm de ter uma prática já de anos, no sentido de saberem escolher o calibre, a qualidade do cogumelo e sensibilidade para os apanhar, este é um trabalho que devia estar valorizado e não devia estar sempre atado ao salário mínimo. Há uma reivindicação que assume carácter especial, o subsídio de alimentação destes trabalhadores é de 2,5 euros por dia, o que está consagrado na contratação colectiva da agricultura, que não é negociada desde 2009”, destaca.
O sindicato fala ainda de discriminações em relação aos trabalhadores sindicalizados. “A empresa tentou impor um regime de adaptabilidade e de forma completamente errada, o que fez com que as trabalhadoras tenham, umas atrás das outras, revogado este acordo e acto imediato a empresa deixou de as convocar para fazer horas extras. Não andamos aqui atrás de horas extras, mas queremos um tratamento igual. Neste momento há trabalhadoras que já ultrapassaram e em muito o limite máximo permitido por lei e outras que estão dispostas a fazê-las e não são chamadas”, refere.
O grupo Sousacamp passou por um processo de insolvência nos últimos anos e a empresa foi adquirida em 2020 pela Core Capital, uma Sociedade Gestora de Capital de Risco, que mantém 90% do controlo da sociedade, cedendo 10% à SUGAL, maior produtor europeu de concentrado de tomate, tendo sido perdoada uma dívida de cerca de 60 milhões de euros, por intermédio do Novo Banco e, por isso o sindicado não aceita a justificação de dificuldades financeiras da empresa para se escusar a melhorar as condições de trabalho. “A empresa não tem dívidas, todas foram perdoadas pelo contribuinte português. Os novos accionistas ficaram com a carne do lombo, os ossos tivemos nós que os roer”, denuncia.
A Varandas de Sousa tem cerca de 150 trabalhadores nas três unidades e mantém-se como líder do mercado ibérico de produção e comércio de cogumelos frescos, detendo 90% do mercado nacional, estando mesmo a realizar um forte investimento na unidade de Vila Flor, para criar um centro de produção de composto