Autarquias apoiam estudantes que não têm internet

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Qui, 23/04/2020 - 13:25


Em algumas zonas do concelho de Vinhais a dificuldade de acesso à internet ainda é notória. Com a nova metodologia de ensino à distância alguns alunos deste município não têm como aceder às aulas nem aos trabalhos escolares.

Perante a situação a autarquia de Vinhais decidiu, em concordância com o agrupamento de escolas D. Afonso III da vila, entregar e recolher material pedagógico nas moradas dos alunos. O presidente da câmara de Vinhais, Luís Fernandes, explicou que “todo o material pedagógico que seja necessário chegar aos alunos e dos alunos aos professores” será feito pelo município, criando uma ponte de acesso ao conhecimento para estudantes que se encontram mais isolados. O município assegura ainda o serviço de fotocopiadora para quem precise. Sabe-se que desde ontem o ensino também é feito através da televisão. A telescola será outro dos recursos para aceder a conteúdos escolares, mas também no concelho de Vinhais, por vezes, a TDT tem algumas lacunas. A câmara municipal, em conjunto com as juntas de freguesia e uma equipa de técnicos, já solucionou o problema mas, ainda assim, sabendo que poderá haver algumas falhas, o município tem ao dispor da população uma equipa de técnicos a qualquer hora. “Esse problema já está ultrapassado com os nossos técnicos, mas foi uma solução do município e das juntas de freguesia e não de quem deveria ser”, disse Luís Fernandes, acrescentando que já fez queixa à ANACOM e ao Governo porque entende que as vias de comunicação devem ser eficazes em todas as regiões do país. Os alunos que necessitem de apoio na entrega e recolha de trabalhamos escolares devem contactar o município através do 273770305 ou o agrupamento de escolas através do 273771415. Para avarias com TDT o município criou também o contacto telefónico 939518863. No concelho de Mirandela a falta de internet e computadores também se verifica. Por isso, a câmara vai disponibilizar computadores e routers aos alunos. Estima que possa vir a apoiar cerca de duas centenas de estudantes, apesar de ainda estarem a avaliar as necessidades. A autarquia, em conjunto com o agrupamento de escolas da cidade, está também a entregar livros e material escolar que ficaram nas escolas desde 16 de Março. Tendo em conta ainda os alunos que beneficiam de escalões A e B da Acção Social Escolar, o município está a distribuir refeições a estas famílias. Já em Macedo de Cavaleiros, o município vai atribuir 150 computadores a alunos carenciados, um investimento de 55 mil euros. “O ensino é uma prioridade. Não queremos que as crianças do nosso concelho fiquem para trás. Queremos estar no ensino mais avançado e queremos também nós criar as ferramentas para que as crianças possam acompanhar de forma condigna o ensino à distância”, disse Benjamim Rodrigues, autarca de Macedo. Ainda estão a ser feitos os levantamentos das necessidades, mas estima-se que sejam ajudadas cerca de 70 crianças do primeiro ciclo, 45 do segundo ciclo e mais de 30 do terceiro ciclo. 

 

Ensino à distância traz preocupações aos directores das escolas brigantinas

No ensino básico, as aulas estão a ter lugar em regime não presencial até ao final do ano lectivo. Neste caso, para complementar o ensino à distância por meios digitais, há módulos de ensino/ aprendizagem através da TV, no canal da RTP Memória. Já quanto ao ensino secundário, as aulas começaram em regime não-presencial, por meios digitais, e é assim que prosseguirão para os alunos do 10.º ano. Quanto aos 11.º e 12.º anos, as escolas vão estar preparadas para, se a evolução da epidemia o permitir, recomeçar as aulas presenciais mas só serão leccionadas as disciplinas cujas provas finais são necessárias para o acesso ao ensino superior, sendo que nas outras o ensino continuará a ser feito à distância. Com estas decisões, transmitidas no final do Conselho de Ministros do dia 9 deste mês, as preocupações dos responsáveis das escolas continuam em crescendo. Eduardo Santos, director do Agrupamento de Escolas Emídio Garcia, em Bragança, garantiu que “o agrupamento tentará fazer de tudo para que nenhum aluno possa ficar sem ter acesso ao ensino” mas “é claro que não vai ser fácil”, já que “há muitos constrangimentos” no que toca ao acesso à internet e até mesmo à falta de material informático por parte de alguns estudantes. “Vamos ter que nos adaptar”, reiterou o director, que assinalou que seria feito um levantamento de forma a que todas as actividades que garantem a aprendizagem cheguem a todos os alunos. Quanto à possibilidade de voltar a ter na escola os alunos mais velhos, cuja soma dos dois anos ronda os 150 estudantes, Eduardo Santos garantiu que serão respeitadas todas as orientações da Direcção-Geral de Saúde mas que será preciso uma organização “diferente”. Não estando certa que o ensino à distância chegue a todos os alunos, com a mesma preocupação está Fátima Fernandes, directora do Agrupamento de Escolas Miguel Torga. “Sabemos que haverá falhas e é quase impossível não haver, mas penso que todas as escolas estão a tentar acautelar e fazer com que os alunos não sejam prejudicados”, sublinhou a directora, que, ainda assim, aplaude o reforço desta metodologia com o apoio de emissão televisiva. “Esperemos que com este apoio possamos, de alguma forma, minimizar qualquer problema de conexão que os alunos tenham”, esclareceu ainda Fátima Fernandes, que acrescentou ainda que, em caso de regresso, os 11.º e 12.º ano, serão seguidas todas as medidas para que nenhum “risco” se corra. Teresa Sá Pires, directora do Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, também pôs algumas reticências à situação porque “nem todos os alunos têm equipamentos informáticos ou internet”. A directora, que sublinhou que “é uma fase triste porque não há alunos na escola”, esclareceu ainda que “a grande preocupação é não chegar a todos os estudantes”. O terceiro período termina no dia 26 de Junho.

Jornalista: 
Carina Alves/ Ângela Pais