Cogumelos devem começar a aparecer em larga quantidade já no começo de Novembro

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Ter, 26/10/2021 - 13:09


Os cogumelos silvestres, produtos alimentares com alto valor nutritivo e de elevado interesse gastronómico, são, todos os anos, em diferentes épocas, mas sobretudo nesta, um verdadeiro convite ao respirar dos aromas de Outono nas matas, bosques, soutos e pinhais da região

A verdade é que há cada vez mais gente que se dedica à apanha das várias espécies de cogumelos que vão surgindo, consoante o mês e o tempo que se faz sentir. Agora a pergunta que se impõe é se este ano há ou não uma quantidade que satisfaça os entusiastas que se aventuram na apanha? Segundo as previsões do presidente da Pantorra, uma associação micológica, com sede em Macedo do Peso, no concelho de Mogadouro, em Trás-os-Montes não tardará muito, para que os cogumelos comecem a aparecer em maior número que o que agora acontece. “Na semana passada já choveu alguma coisa e penso que durante estes dias, fim de Outubro/início de Novembro, há grandes condições para haver outro tipo de cogumelos e haver bastantes”, esclareceu Manuel Moredo, que explicou que também já no fim de Setembro, por causa das chuvas que se fizeram sentir, “houve muitos”. Apesar de tudo, de já ter dado para apanhar uns quantos, no fim do mês que passou, e de se perspectivar que tudo se volte a compor, neste momento, de acordo com o clima, que esteve mais quente, “deixou de haver tanta quantidade e os que há têm bichos”, ou seja, “nem sequer são próprios para consumo”. “Agora estamos em baixo, mas estão a aparecer os lactarius deliciosus, as chamadas sanchas ou pinheiras, e, provavelmente, nos próximos dias vão aparecer mais algumas espécies”, afirmou o presidente da Pantorra. Ainda que o cenário agora não seja o ideal, Manuel Moredo considera que “está a ser um bom ano”. “Os cogumelos que apareceram no fim de Setembro, os amanita caesarea, conhecidos como rebiós, cogumelos-dos-castanheiros ou laranjinhas, as setas de cardo e os boletos apareceram, durante três semanas, em grande quantidade. Não é normal que em Setembro apareçam boletos, mas apareceram e houve mesmo muitos. Toda a gente diz que foi impressionante”, assinalou.

Faltam regras que regulem a apanha

Francamente satisfeito com o ano, em termos de quantidade e até mesmo de qualidade, Manuel Moredo não quis deixar de falar de um problema que, cada vez mais, preocupa a associação: os cogumelos “têm sido muito procurados” e “infelizmente têm-no sido no sentido do negócio”. Que o número de entusiastas esteja em crescendo não é mau mas, com tamanha procura, “as pessoas vão a propriedades que não são delas apanhar os cogumelos”. É assim, por causa do que se tem vindo a passar, desta “constante” invasão, que “há muito tempo” a associação se bate pela criação de uma lei para que as pessoas não possam ir apanhar cogumelos a terrenos que não são seus. “As pessoas aproveitam- -se de algumas situações e ganham dinheiro com isso, enquanto que os proprietários, muitos deles, não conseguem lucrar nada”, explicou Manuel Moredo, que avançou ainda que a associação tem tido várias reuniões, nomeadamente com entidades competentes nesta área, mas que “está tudo parado”. Esclarecendo que a Pantorra tem recebido, “constantemente”, queixas e denúncias de vários proprietários de terrenos, Manuel Moredo afirmou que uma pessoa que tenha, por exemplo, um souto ou um pinhal, na época dos cogumelos, poderia tirar um rendimento “muito agradável”, mas, “como os terrenos vão sendo invadidos”, os lucros que dali se poderiam tirar são, “praticamente nulos”. “Mesmo com placas e vedações as pessoas continuam a entrar pelos terrenos a dentro e não querem saber”, terminou o presidente da associação mogadourense, convicto de que 90% dos proprietários está, neste momento, lesado. Nos últimos 20 anos, a associação, que tem um encontro micológico programado para o dia 6 de Novembro, com arranque em Mogadouro, já identificou mais de 400 espécies de cogumelos no Nordeste Transmontano.

Jornalista: 
Carina Alves