Ter, 28/01/2020 - 12:39
Foi elaborado um documento conjunto entre as comarcas, com carácter de urgência, com o objectivo de, junto do Governo de Espanha e do Ministro dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana, José Luis Ábalos, conseguir apoios para a reconversão da estrada nacional espanhola 122 em A11. O acordo resultou de uma reunião, na quinta-feira, em Alcañices, entre vários alcaldes dos municípios interessados na construção. A reunião, organizada pela alcaldesa de San Vitero, na comarca de Aliste, foi convocada porque “transitar nesta estrada é um suplício”. Vanessa Mezquita, que antes de se reunir com os restantes autarcas disse que Pedro Sánchez, actual presidente do Governo espanhol, “é bem-vindo” se quiser percorrer a nacional para “comprovar” os “perigos”, assegurou estarem “fartos” dos acidentes que decorrem no trajecto. “Portugal já cumpriu a sua parte”, ressalvou a alcaldesa, dizendo que agora se trata de um “compromisso” que os espanhóis têm com os portugueses. Vanessa Mezquita acredita que “não há vontade política” e não sabe se haverá até porque, nos últimos anos, têm-se aprovado vários estudos de impacto ambiental que acabam por caducar. “São estudos que valem muito dinheiro” e que, “no fim de contas, é dinheiro perdido”. “De há 30 anos para cá, se o tinham metido num saco já teríamos o trajecto”, lamentou a alcaldesa, que acredita que a A11 seria uma maneira de fazer com que a gente se “fixe” nestes territórios e de trazer empresas e, com isso, desenvolvimento. Em plena Plaza Mayor, em Alcañices, em conversa com outros autarcas, Jesús Lorenzo assegurava que “se alguém precisa que a estrada seja feita é Alcañices”, município que lidera, uma vez que, por lá, a nacional atravessa a povoação. “Aqui estão os bancos, os cafés e diversos estabelecimentos e as pessoas têm que sair, têm que ir ao supermercado e fazer a sua vida. Já houve aqui (na Plaza Mayor) três ou quatro atropelamentos e, no resto do povo, não temos, sequer, semáforos”, esclareceu Jesús Lorenzo, que teme pela segurança dos munícipes que cruzam, diariamente, a rua, correndo um “risco enorme”. “As pessoas estão nas varandas, no verão, e é um perigo com tantos camiões a passar aqui junto às casas. Não se aguenta mais”, reiterou ainda, já que a passagem dos veículos pesados em plena rua de comércios e habitações é uma constante. Luis Alonso é alcalde de Muelas del Pan, que dista 20 quilómetros de Zamora, zona onde, por “desgraça”, nos últimos oito anos, mais acidentes mortais houve na nacional. “A maior preocupação é a segurança de todos os que transitamos nesta estrada”, assinalou o autarca sobre o que entende ser o maior problema com que se debatem: continuar a ver os condutores perder a vida. Ainda assim, Luis Alonso também acredita que a A11, além de assegurar outras condições para quem tem que andar na estrada, traria diversos benefícios financeiros à região. “É a zona mais despovoada da província de Zamora e creio que uma boa via de comunicação com o nosso país amigo, Portugal, beneficiaria a relação económica dos dois países”, explicou o presidente do município espanhol. Em Alcañices, de autarcas portugueses, esteve o presidente da câmara de Miranda do Douro. Artur Nunes lembrou que esta é uma reivindicação de há vários anos e assinalou que Portugal cumpriu a sua parte, chegando até à fronteira. “Gostaríamos que Espanha olhasse para nós como um exemplo, lembrando uma ponte que foi construída e que ficou parada mais de cinco anos porque havia uma indefinição por parte dos espanhóis. Vamos ver quantos anos ficaremos à espera que a Espanha decida a ligação a Zamora”, explicou. Na reunião estiveram várias propostas em cima da mesa, entre elas solicitar à Direcção Geral de Trânsito que declarasse o traçado Zamora-Quintanilha com um “Ponto Negro” por causa dos acidentes rodoviários que ali têm acontecido e enviar documentação sobre a estrada à Comissária Europeia dos Transportes e Mobilidade, Adina Valean, solicitando apoio para que transmitisse ao Governo espanhol a necessidade da reconversão em auto-estrada, integrando a Rede de Estradas Europeia. Quanto a alguns utilizadores da estrada, que também quiseram marcar presença na reunião e ter voz activa no problema, sugeriram- -se mobilizações, recolha de assinaturas, cortes no traçado e, sobretudo, que se trabalhe em equipa em prol de um objectivo comum.